Férias não são ausência de escola, mas presença de outros aprendizados

KASANE COMUNICAÇÃO
07/08/2025 17h36 - Atualizado há 5 horas

Férias não são ausência de escola, mas presença de outros aprendizados
Colégio Externato São José
A reta final das férias escolares é um excelente momento para refletirmos sobre tudo o que foi vivido neste período e como ele contribuiu, direta ou indiretamente, para o crescimento dos nossos alunos. Ao contrário do que se pensa, férias não significam ausência de escola, mas sim presença de outros aprendizados: experiências mais livres, afetivas, culturais e familiares, que também educam e ampliam repertórios.
De acordo com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a aprendizagem ao longo da vida acontece não apenas em espaços formais, como a escola, mas em diversos contextos, especialmente quando há estímulo emocional, interesse e liberdade para explorar. Porém, estudos mostram que períodos prolongados sem estímulo intencional geram perdas consideráveis, sobretudo em leitura e matemática. Uma pesquisa conduzida nos EUA pelo National Summer Learning Association mostra que alunos perdem, em média, 20% do que aprenderam em matemática e 30% em leitura durante longas férias, se não houver atividades complementares.
Mas o recesso não precisa ser um tempo ‘perdido’. Pelo contrário: quando bem orientado e acolhido pela escola, pode ser potencializado como tempo de aprendizagem alternativa. Oficinas, passeios educativos, jogos, tarefas em família, leitura prazerosa, escrita de diários e pequenos projetos pessoais são exemplos práticos. Pesquisadores como Howard Gardner e Edgar Morin apontam que a inteligência humana se constrói na interseção entre vivência, reflexão e contexto emocional seguro. E tudo isso pode estar presente nas férias.

É nesse ponto que entra o papel estratégico da escola. Mais do que conteúdos, é a escola que ajuda a formar valores, desenvolver autonomia, pensamento crítico, resiliência, trabalho em grupo e a capacidade de tomar decisões éticas. Essa confiança se estende para além do calendário letivo. Quando a escola orienta, acompanha e oferece suporte mesmo durante o recesso, ela se fortalece como referência educativa e emocional, garantindo um elo constante na formação de crianças e adolescentes.
Além disso, dados do estudo Cada Hora Importa (Itaú Social, 2022) revelam que estudantes de famílias com renda mais alta acumulam até 2.232 horas a mais de aprendizado informal ao longo da infância, especialmente em férias e feriados, devido ao acesso a cursos, viagens, livros, museus e outras experiências. Aquelas com menos recursos acabam dependendo exclusivamente da escola como espaço formativo. Por isso, quanto mais a escola propõe caminhos, mais ela contribui para a equidade e a cidadania.
Neste retorno, portanto, é essencial que os educadores reconheçam que os alunos não estiveram "parados". Muitos aprenderam a se organizar sozinhos, a lidar com o tédio, a conviver em família, a ajudar em casa, a explorar novos interesses. Esses saberes devem ser acolhidos e valorizados, conectando o cotidiano ao currículo. Férias não são o fim da aprendizagem, mas uma continuação dela. Família e escola, quando caminham juntas, formam adultos mais conscientes, confiantes e preparados para os desafios da vida.


Foto: Tatiana Santana é diretora do Colégio Externato São José e coordenadora regional da ANEC (Associação Nacional de Educação Católica do Brasil)
 

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CAROLINA OLIVEIRA DE ASSIS
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