Se “não está fácil” para Fernanda Lima e Rodrigo Hilbert, imagine para o resto dos casais

A confissão pública do ˜casal perfeito” escancara um dilema comum — falta de tempo e de energia para a intimidade. A terapeuta familiar Aline Cantarelli explica por que isso acontece, apresenta dados sobre o problema e indica quais ajustes preservam o vínculo conjugal.

CAMILA AUGUSTO | FOCO NA MíDIA
06/08/2025 23h58 - Atualizado há 2 horas

Se “não está fácil” para Fernanda Lima e Rodrigo Hilbert, imagine para o resto dos casais
Divulgação / Instagram

O comentário de Fernanda Lima — “a vida sexual com o Rodrigo não está fácil” — feito no podcast Surubaum, repercutiu por todo o país. Se até um casal que simboliza “relacionamento dos sonhos” vive esse impasse, o que dizer de milhares de casais anônimos que enfrentam jornada dupla, filhos pequenos e celulares onipresentes?

Para a terapeuta familiar Aline Cantarelli (@aline.cantarelli no Instagram), que já ajudou a reconstruir mais de 6000 famílias, o relato de Fernanda é apenas a face visível de um fenômeno crescente. “Sexo é hábito. Quando deixa de ser cultivado, o corpo se desprograma. Não é falta de amor, é desuso. O desejo não some — ele adormece por negligência”, resume.

A frase da apresentadora apenas verbaliza o que muitos casais silenciam há tempos: a intimidade perde a corrida diária para o relógio, para as telas e para um cansaço que ninguém sabe mais como administrar.

O Brasil, recordista mundial de tempo on-line, passa nove horas e meia por dia conectado. A paralisia afetiva nasce aí. Um estudo da Universidade de Essex mostrou que a simples presença de um celular sobre a mesa já reduz a empatia entre duas pessoas. “A intimidade precisa de tempo, presença e silêncio. E nada disso sobra quando o celular grita o dia inteiro”, alerta Aline. Em vez de conversas reais, casais consomem timelines; em vez de toques, deslizam o polegar pela tela. O resultado é gradual: o sexo rareia, o olhar nos olhos some, o casal vira gestor de tarefas.

Quando sentem o distanciamento, muitos atribuem o esfriamento ao fim do amor. Pesquisa recente divulgada pelo IBGE mostra a face visível do fenômeno: os divórcios extrajudiciais cresceram 68 % em pouco mais de dez anos. Aline diz que o número mais preocupante é o das relações ainda intactas no papel, mas emocionalmente vazias — casais que permanecem na mesma casa, mas em fusos horários afetivos diferentes.

A saída, segundo a especialista, não exige rituais grandiosos. Requer decisões simples que devolvam presença: um jantar sem telas, o telefone carregando fora do quarto, um compromisso semanal a dois, por menor que seja. É um tipo de “logística emocional” que poucos priorizam. “As pessoas não percebem os sabotadores do dia a dia: a tela do celular, a falta de refeições à mesa, a ausência de tempo para o outro. Tudo isso vai corroendo o vínculo de forma quase imperceptível”, diz.

Aline costuma terminar suas conferências com uma imagem simples: “Imagine uma equação. 1 + 1 = 2. Mas se um dos fatores se transforma — vira 3, por exemplo — o resultado muda. O mesmo vale para um relacionamento. Se um decide aumentar a entrega, o relacionamento muda junto. É matemática emocional. Só que ninguém ensina isso na escola.” A confissão de Fernanda Lima vira, assim, um convite coletivo: repensar a agenda, baixar o volume das telas e devolver à vida a dois o espaço que ela precisa para existir.
 

Quem é Aline Cantarelli? 

Aline Cantarelli é terapeuta familiar com mais de uma década e meia de atuação, especializada em relacionamentos conjugais, comunicação afetiva e reconstrução de vínculos no ambiente familiar. Professora de pós-graduação em Saúde Mental, Ciências da Mente e Orientação Familiar, alia uma formação sólida à experiência clínica com casais e famílias em diferentes fases e desafios da vida.

Apresentadora do podcast Uno&Due, conduz conversas sobre estilo de vida, saúde emocional, amadurecimento e relações afetivas contemporâneas. Também atua como embaixadora do Family Talks, iniciativa voltada à valorização das famílias e à defesa de políticas públicas de proteção familiar.

Sua abordagem terapêutica é pautada na escuta ativa, no amadurecimento emocional e na intencionalidade dos vínculos, promovendo reconexões profundas e sustentáveis. Além do trabalho clínico, Aline é palestrante e comunicadora com presença digital expressiva, onde compartilha reflexões e orientações sobre amor, rotina conjugal, maternidade, perdão e sexualidade com sensibilidade, profundidade e linguagem acessível.

Ao longo da carreira, já acompanhou milhares de famílias, sempre com foco em acolhimento e construção de soluções reais para os desafios afetivos da vida moderna. Sua fala é clara, empática e profunda — estabelecendo pontes entre o conhecimento técnico e a vida cotidiana dos casais brasileiros.


 

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CAMILA CORREA DE TULLIO AUGUSTO
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