O mundo em que vivemos é cada vez mais impactado por eventos climáticos extremos e, nesse contexto, a arquitetura assume o papel de ferramenta estratégica, muito além de uma mera expressão estética ou funcional. A forma como os espaços são projetados e ocupados determinam nossa qualidade de vida e até mesmo a sobrevivência de comunidades inteiras, pois a arquitetura é parte ativa da resposta global à emergência climática. É o que discute a Bienal de Arquitetura de Veneza de 2025, que conta com mais de 750 especialistas de diversas áreas para debates sobre clima e edificações. Desde os tempos remotos, a arquitetura surgiu como uma forma de o ser humano construir algo para se abrigar das intempéries do tempo, como chuva, frio, ou sol intenso, por exemplo. E a arquitetura deve continuar com esse papel de abrigo e mitigação dos efeitos climáticos.
Se considerarmos a cidade de Veneza, palco da bienal de 2025, que sofre com alagamentos, nota-se o quão vulnerável é o espaço urbano frente ao avanço do nível do mar, amplificado pelas crises do clima. É fundamental a compreensão do papel da arquitetura no combate às mudanças climáticas, principalmente por parte de arquitetos, urbanistas e gestores públicos, pois cada projeto é uma oportunidade de promover a resiliência e mitigar os impactos ambientais. As cidades podem auxiliar com o aumento das áreas verdes, com uma mobilidade mais sustentável e menos poluente, e com um planejamento urbano mais resiliente e preditivo, ao antecipar soluções para possíveis problemas, como a utilização de parques esponja para diminuir áreas de enchente, por exemplo. A arquitetura pode auxiliar na construção de edificações energeticamente eficientes, com mais presença de verde, com gestão eficiente e sustentável das águas, com infraestrutura adaptada às condições climáticas locais. Como exemplo, pode-se citar uma boa ventilação natural, o que elimina ou ao menos diminui o uso do ar-condicionado.
A Bienal de Veneza 2025 nos lembra que, para enfrentar os desafios climáticos do presente e do futuro, é necessário que a arquitetura atue como um grande agente da transformação. Os debates e propostas do evento não devem ficar restritos à bienal, mas sim reconhecidos e divulgados a fim de que atuem como inspiração para ações concretas e transformadoras em todo o mundo. O papel da sustentabilidade na arquitetura e no urbanismo são fundamentais para garantia de futuro das nossas comunidades, com meio ambiente e pessoas mais saudáveis. Afinal, construir com consciência ambiental é hoje, uma das maneiras mais eficazes de proteger o planeta.
(*)Andressa Muñoz Slompo é arquiteta e urbanista, especialista em Arquitetura Sustentável e professora coordenadora dos cursos de pós-graduação em Arquitetura e Design no Centro Universitário Internacional Uninter.
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JULIA CRISTINA ALVES ESTEVAM
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