Quando o assunto é a escolha da vestimenta de proteção química, diversos fatores precisam ser considerados: o tipo de atividade, o produto químico, sua concentração e, principalmente, a forma de exposição (respingos, jatos, partículas ou gás). Estar com o corpo coberto não garante segurança se a barreira oferecida pelo material não for compatível com o risco presente. A proteção só é eficaz quando a vestimenta funciona, de fato, como uma barreira real, levando em consideração o material correto, assim como as costuras.
De acordo com Priscila Akiti, especialista técnica da América Latina de Tyvek® Garments da DuPont, multinacional líder em tecnologia de proteção individual, a seleção inadequada pode colocar o trabalhador em situação de risco. “Usar um macacão que não oferece barreira contra o risco presente pode ser tão perigoso quanto não usar nenhum”, afirma.
Para que uma vestimenta de proteção química receba o Certificado de Aprovação (CA) no Brasil, ela precisa atender a critérios básicos de desempenho. “Quando se trata de proteção Tipo 6 (contra sprays leves), por exemplo, os fabricantes são obrigados a realizar testes de penetração e repelência, que consistem em uma exposição de apenas 10 segundos a 10 ml de quatro produtos químicos padrão”, explica Priscila.
Já no caso de vestimentas com maior resistência química (proteção para Tipo 1, 2, 3 e 4, segundo a ISO 16602, por exemplo), indicadas para ambientes com exposição significativa a agentes agressivos, é exigido o teste de permeação, que determina o tempo que um produto químico leva para atravessar o material até que ele alcance o seu interior. A norma requer que os testes sejam realizados utilizando pelo menos três produtos químicos representativos da indústria e diferentes famílias.
“Nem sempre o produto químico testado para o CA é o mesmo presente na sua situação específica. Isso faz com que, além da aprovação pelo CA, seja necessário verificar se o produto químico específico se encontra na tabela de dados de permeação dos EPIs utilizados. Vale ressaltar que a responsabilidade de disponibilizar a tabela de permeação é do fabricante”, diz a profissional.
Ainda segundo a especialista, é comum subestimar os riscos de contaminação por substâncias aparentemente inofensivas. “Falamos muito de agentes cancerígenos, corrosivos ou alergênicos. Mas uma simples partícula sólida pode causar eczema, coceiras ou irritações de pele. Já um respingo de ácido sulfúrico concentrado pode gerar queimaduras de segundo ou terceiro grau”, exemplifica.
Foi contaminado, descarte
A especialista alerta para situações em que o aspecto visual do EPI pode ser enganoso. “Às vezes, o EPI aparenta estar em boas condições e que pode ser usado novamente, mas já teve contato com agentes nocivos. Nesses casos, o recomendado é não reutilizar. Recebeu contaminante, descarta”, explica.
É importante destacar que contaminantes químicos podem penetrar pelas costuras simples do EPI, comprometendo sua eficácia mesmo quando o material principal parece intacto. Por isso, a orientação é clara: uma vez que um EPI é contaminado com substância química, o ideal é descartá-lo corretamente, seja por incineração ou destinado a um aterro industrial apropriado.
Tecnologia ideal para cada nível de risco
Entre as soluções disponíveis, destacam-se as linhas Tyvek®, ProShield® e Tychem®, que oferecem diferentes graus de barreira, adaptando-se a variados cenários de risco. As vestimentas Tyvek®, um material 100% feito de fibras de polietileno trançado de alta densidade, aliam durabilidade, conforto e resistência contra partículas finas e respingos líquidos leves. São amplamente utilizadas em ambientes controlados como laboratórios, indústrias farmacêuticas e alimentícias.
Já a linha ProShield® contempla duas versões: TNT (SMS) e laminado microporoso (MPF). O TNT (SMS) se destaca pelo conforto e boa respirabilidade, embora ofereça um nível de proteção e resistência mecânica mais limitado. Já o laminado microporoso (MPF) apresenta uma barreira mais eficaz contra líquidos e partículas finas quando novo, mas possui menor resistência a esforços físicos, o que o torna mais suscetível a rasgos em atividades com atrito intenso ou movimentos repetitivos.
Por fim, Tychem® possui diversas tecnologias com o objetivo de oferecer resistência à permeação de líquidos, sólidos e gases. Essas vestimentas apresentam resistência à abrasão, aumentando a segurança e a proteção dos colaboradores que confiam na tecnologia. Além disso, a DuPont realiza testes em conformidade com normas internacionais e disponibiliza tabelas de dados de permeação com diversos químicos.
Notícia distribuída pela saladanoticia.com.br. A Plataforma e Veículo não são responsáveis pelo conteúdo publicado, estes são assumidos pelo Autor(a):
JOÃO VITOR RUVOLO NAVARRO
[email protected]