Mês da Saúde Ocular: Nem toda cegueira é catarata: entenda os riscos da DMRI e do EMD

Quase um terço dos brasileiros com doenças da retina já abandonaram os cuidados com a visão ao menos uma vez, aponta pesquisa

JéSSIE COSTA
25/07/2025 13h07 - Atualizado há 2 horas

Mês da Saúde Ocular: Nem toda cegueira é catarata: entenda os riscos da DMRI e do EMD
Divulgação Pexels

Nem toda cegueira é catarata: entenda os riscos da DMRI e do EMD

Quase um terço dos brasileiros com doenças da retina já abandonaram os cuidados com a visão ao menos uma vez, aponta pesquisa

 

Julho é o mês da saúde ocular e, entre os muitos desafios que afetam a visão da população brasileira, dois nomes pouco conhecidos precisam ganhar destaque: a Degeneração Macular Relacionada à Idade (DMRI) e o Edema Macular Diabético (EMD). Diferente do que muitos imaginam, a cegueira não é causada apenas por doenças como a catarata. A DMRI e EMD também podem levar à perda da visão central e impactar profundamente a vida dos pacientes.

Degeneração Macular Relacionada à Idade (DMRI) é uma doença ocular crônica e progressiva que afeta a mácula, a parte central da retina responsável por detalhes finos da visão, como ler, reconhecer rostos e realizar tarefas do dia a dia. Com o avanço da idade, essa região pode sofrer danos que levam à perda da visão central, enquanto a visão periférica costuma ser preservada. A forma úmida da DMRI, mais grave e de progressão mais rápida, exige acompanhamento constante e tratamento especializado. A condição é uma das principais causas de cegueira em pessoas com mais de 60 anos no mundo.

Já o Edema Macular Diabético (EMD) é uma complicação comum da retinopatia diabética, que ocorre pela lesão dos vasos sanguíneos da retina — causada pelo excesso de açúcar no sangue — levando a inchaço na região central e distorção visual. O EMD pode afetar pessoas com diabetes tipo 1 ou tipo 2, principalmente quando o controle glicêmico é inadequado. É uma doença silenciosa, que muitas vezes só apresenta sintomas quando já há comprometimento significativo da visão, e que pode evoluir rapidamente se não houver diagnóstico precoce e tratamento adequado. Ambas as doenças, embora distintas, compartilham um ponto em comum: afetam diretamente a qualidade de vida e a autonomia do paciente, e requerem cuidado contínuo.

Uma pesquisa realizada pela FGV/CPDOC, em parceria com a ONG Retina Brasil e apoio da Roche Farma Brasil, traçou um panorama inédito sobre a vivência de quem tem essas doenças. O estudo ouviu 155 pessoas diagnosticadas com DMRI ou EMD, em todas as regiões do país, e revelou que 29% dos entrevistados já abandonaram o tratamento pelo menos uma vez, indicando os desafios de manter o cuidado contínuo.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), apenas 50% das pessoas com doenças crônicas seguem corretamente seus planos de cuidado. A continuidade dos cuidados é um dos maiores desafios enfrentados por pacientes com DMRI e EMD. “Muitas vezes, o paciente entende a importância do tratamento, mas a rotina, o deslocamento e até o medo da aplicação da injeção intraocular prejudicam a continuidade. Essa dificuldade na adesão, no caso das doenças da retina, pode levar a uma perda de visão irreversível”, afirma a oftalmologista Patrícia Kakizaki, especialista em Retina Clínica e Cirúrgica pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP).

Embora a reabilitação seja uma etapa importante para ajudar o paciente a recuperar autonomia e confiança após a perda visual, apenas 20% dos entrevistados afirmaram ter utilizado algum serviço ou recurso de apoio. Entre aqueles que tiveram acesso, muitos relataram melhorias na realização de atividades cotidianas, como utilizar transporte público, sacar dinheiro no banco, assinar documentos e se relacionar com as pessoas. Já entre os 74 entrevistados que não fizeram nenhum tipo de reabilitação, além de razões pessoais como "não ter vontade" ou "não achar necessário", também foram citados fatores que indicam falta de acesso, como a ausência de serviços na cidade onde residem, distâncias até os centros de atendimentos, custos e falta de rede de apoio.

“O desenvolvimento de novas tecnologias ajudará a diminuir as limitações ocasionadas pelas doenças de retina, possibilitando maior independência por mais tempo, e principalmente, para manter o paciente ativo e melhorar a sua qualidade de vida. Queremos que cada pessoa diagnosticada tenha a oportunidade de viver com mais autonomia, confiança e menos impacto na sua rotina”, afirma Rogério Mauad, Gerente Executivo de Estratégia Médica da oftalmologia.

Tanto a DMRI quanto o EMD são condições que podem levar à perda da visão central se não forem diagnosticadas e tratadas a tempo. Hoje, já existem terapias que estabilizam o quadro visual e proporcionam mais conforto ao paciente. “Mas o tratamento precisa ir além do consultório, é necessário ouvir o paciente, acompanhar sua jornada e garantir que ele tenha acesso a um cuidado contínuo, que inclua reabilitação, apoio emocional e infraestrutura adequada. Só assim conseguimos preservar não apenas a visão, mas também a qualidade de vida dessas pessoas”, finaliza Patrícia Kakizaki.


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JESSIE ELLEN COSTA NEVES
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FONTE: Jéssie Costa
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