Muito além do peso: os fatores que contribuem para a obesidade infantil e como combatê-los

Pediatra do dr.consulta discute as causas e soluções para a doença que afeta uma em cada três crianças no Brasil

HIORRAN SANTOS
24/07/2025 16h09 - Atualizado há 17 horas

Muito além do peso: os fatores que contribuem para a obesidade infantil e como combatê-los
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Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que uma em cada três crianças com idade entre cinco e nove anos está acima do peso no Brasil. A obesidade infantil é considerada um dos maiores problemas de saúde pública pediátrica, afetando cerca de 224 milhões de crianças no mundo, segundo dados da OMS - estima-se que este ano o número de crianças obesas no planeta chegue a 75 milhões.

Números do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional, de 2019, revelam que 16,33% das crianças brasileiras entre cinco e dez anos estão com sobrepeso; 9,38% com obesidade; e 5,22% com obesidade grave. Em relação aos adolescentes, 18% apresentam sobrepeso; 9,53% são obesos; e 3,98% têm obesidade grave. 

Entre os principais fatores que contribuem para esse cenário está a alimentação inadequada, marcada pelo consumo excessivo de alimentos ultraprocessados, ricos em açúcar, gordura e sódio. Além disso, o sedentarismo, provocado pela redução da atividade física diária, também exerce grande influência. Há ainda componentes genéticos envolvidos. “O histórico familiar de obesidade pode predispor a criança. No entanto, é fundamental considerar também os fatores sociais e ambientais, como ambientes obesogênicos (caracterizado por escolhas alimentares pouco saudáveis e falta de atividade física), insegurança alimentar e ausência de espaços seguros para brincar” afirma o Dr. Luís Roberto de Castro Martins Bonilha, coordenador técnico da pediatria do dr.consulta, empresa brasileira referência em saúde acessível e cuidado primário e secundário de qualidade.

Nesse contexto, o estilo de vida familiar exerce papel central, ou seja, pais e cuidadores são os principais modelos, e aspectos como refeições em família, escolhas no supermercado, tempo de exposição às telas, oferta de alimentos e incentivo à prática de atividades físicas são determinantes na construção dos hábitos das crianças. “Além disso, a publicidade infantil explora personagens e brindes para atrair atenção, o que acaba influenciando diretamente a preferência por produtos com baixo valor nutricional, mas alto apelo visual e comercial”, completa Bonilha.

O uso excessivo de telas é outro fator crítico relacionado ao ganho de peso. Ele não apenas reduz o tempo dedicado à atividade física, como também favorece o consumo de alimentos em frente à TV - o chamado “comer por distração” -, além de aumentar a exposição constante à propaganda de produtos não saudáveis. Os impactos da obesidade infantil vão além da estética ou do peso corporal. No plano físico, estão associados ao desenvolvimento de diabetes tipo 2, hipertensão arterial, colesterol alto (dislipidemia), esteatose hepática, apnéia do sono e problemas ortopédicos, como alterações nos joelhos, coluna e pés.

Segundo Bonilha, do ponto de vista emocional e social, as consequências são igualmente graves. Crianças com obesidade têm maior risco de enfrentar baixa autoestima, bullying e exclusão social, além de transtornos de ansiedade, depressão e distorções na imagem corporal. Esses fatores, por sua vez, podem afetar diretamente o desempenho escolar. “Problemas de autoestima, bullying, sonolência diurna e dificuldades de concentração podem comprometer o aprendizado”, pontua o pediatra.

Dados do estudo Global Burden of Disease (GBD) apontam que embora a maior parte dos adultos com obesidade não tenham sido crianças ou adolescentes com obesidade, mais da metade (55%) das crianças com idade entre os 7 e os 11 anos com obesidade mantêm o mesmo peso  na adolescência, e cerca de 80% dos adolescentes com obesidade se mantêm assim na idade adulta. Por isso, as estratégias de prevenção devem começar precocemente, tanto em casa quanto na escola. Entre as mais eficazes estão: alimentação saudável desde os primeiros anos de vida, incentivo à atividade física diária, redução do tempo de tela, educação nutricional e  sono adequado.

O cuidado com a criança obesa deve ser multidisciplinar. O pediatra deve ser o primeiro profissional a ser consultado e pode encaminhar para nutricionistas, psicólogos infantis, educadores físicos, enfermeiros, agentes comunitários e, em casos específicos, endocrinologistas pediátricos. 

Isso não dispensa a participação da família, que é fundamental. Envolver pais e responsáveis nas consultas, adotar mudanças conjuntas na rotina, realizar refeições à mesa (com menos telas) e elogiar os progressos - e não apenas os resultados - são atitudes que fortalecem a adesão e o sucesso das intervenções. Ainda assim, muitas famílias relatam obstáculos importantes, como dificuldade para agendamento de pediatras em UBS e convênios, falta de tempo para cozinhar ou brincar, acesso limitado a alimentos saudáveis, desconhecimento nutricional, pressão da criança por produtos divulgados na mídia e dificuldade em estabelecer limites.

“A obesidade infantil, portanto, é um desafio complexo, mas que pode ser enfrentado com a união de esforços entre famílias, escolas, profissionais de saúde e políticas públicas. A chave está em promover ambientes saudáveis e acolhedores, onde crianças possam crescer com mais saúde, autonomia e bem-estar”, finaliza o especialista.

Sobre o dr. consulta 

Fundado em 2011 na região do Heliópolis/SP, o dr.consulta é uma empresa com a missão de democratizar o acesso à saúde de qualidade no Brasil. Em um país onde mais de 100 milhões de pessoas enfrentam barreiras nesse setor, a Healthtech oferece uma rede própria, acessível, de cuidados primários e preventivos. Com um modelo escalável e sustentável, disponibiliza consultas presenciais e online em mais de 60 especialidades, além de 3 mil exames e procedimentos, sempre com tecnologia para ampliar a qualidade dos seus atendimentos. Já são 4 milhões de brasileiros atendidos em 30 unidades  localizadas na capital e região metropolitana em áreas de alta circulação, eliminando barreiras geográficas e financeiras para fazer a saúde chegar para todos.

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HIORRAN RAFAEL DOS SANTOS
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