O mercado de autopublicação segue em ascensão no Brasil. Em 2022, mais de 23 mil ISBNs foram registrados por pessoas físicas — número superior ao total de lançamentos por editoras tradicionais, segundo a Nielsen. A plataforma Kindle Direct Publishing (KDP), da Amazon, já contabiliza mais de 200 mil títulos autopublicados no país, enquanto o Clube de Autores representa cerca de 27% dos livros lançados anualmente, de acordo com dados do Cultura & Negócios.
Nesse contexto, a Janela Amarela completa cinco anos de atuação, com um modelo que une apoio à publicação independente e resgate de obras esquecidas da literatura brasileira.
A ideia de criar serviços para publicações independentes na editora surgiu quando sua fundadora ainda atuava em uma casa editorial de modelo tradicional. “Não foram poucas as vezes que vi autores procurando a editora, interessados em bancar a produção dos seus livros para ter uma publicação impressa, bem trabalhada e com acabamento real de livro. Alguns sequer tinham interesse em vender a publicação, queriam apenas uma produção para um fim específico, como um evento comemorativo ou palestra”, diz Carol Engel, que toca a Janela Amarela junto com sua sócia Ana Maria.
A reflexão se aprofundou com a leitura do artigo Authorpreneurship, da The Economist, sobre o papel do autor como empreendedor. “Hoje ainda, muitos autores vivem na expectativa dessa ilusão sem perceber que o mercado mudou e que essa postura não é mais possível.”
Dentro dessa modalidade de publicação, a Janela Amarela já lançou livros de perfis variados — da literatura infantil a homenagens institucionais. Entre os lançamentos estão Bichos e não bichos, de Laura Góes (2020), Sua parte nesta história, de Teresa Lieve (2021), O homem, o lagarto e a princesa, de Erika Kohler (2022), e Festschrift para Marcílio, organizado por José Luiz Alquéres e Edmar Bacha (2024), este último com apoio do Instituto Casa das Garças.
Segundo a editora, entender o perfil e a expectativa do autor é essencial. “Depende muito do perfil do autor, por isso é importante conversar e entender o que ele espera. Muitas vezes nem ele mesmo sabe, por puro desconhecimento do funcionamento do mercado.”
A busca por autonomia, liberdade de decisão e controle sobre o processo costuma atrair autores com objetivos diversos — da publicação de memórias familiares ao registro de experiências profissionais. “Há escritores que não têm expectativa de retorno financeiro de curto prazo com o livro. E há aqueles que investem na produção pelo prazer de ver sua criação, ficcional ou não, ganhando o mundo.”
A Janela Amarela adota a impressão sob demanda (POD), que evita tiragens altas e estoque, permitindo que o livro esteja sempre disponível online, com royalties repassados diretamente ao autor. “Indicamos hoje a UmLivro, mas há outras plataformas no mercado, como Clube de Autores, UICLAP e Bok2. Sugerimos que os autores conheçam todas para tomar uma decisão consciente.”
Por não atuar com distribuição ou vendas diretas, a editora reforça que a divulgação costuma depender da iniciativa do próprio autor.
A editora defende que o conhecimento mínimo do funcionamento do mercado é fundamental para quem deseja publicar. “É um erro do escritor querer entrar no mercado editorial sem entender, pelo menos um pouco, como a ‘máquina’ funciona.”
A autopublicação, diz, pode ser tanto ponto de partida como uma escolha consolidada. “Muitos autores clássicos custearam suas primeiras publicações. Hoje, o avanço tecnológico e a visibilidade nas redes sociais estimularam mais pessoas a tirar textos da gaveta. Mas é importante lembrar que nem todo texto precisa se transformar em livro — e que o trabalho editorial segue fundamental na lapidação dessas obras.”
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ANA LAURA FERRARI DE AZEVEDO
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