Caso de maus-tratos a criança autista no Paraná reitera urgência de inclusão escolar

Incidente em escola infantil destaca a necessidade de profissionais preparados e políticas públicas para a educação de crianças atípicas

JúLIA BOZZETTO
16/07/2025 11h49 - Atualizado há 10 horas

Caso de maus-tratos a criança autista no Paraná reitera urgência de inclusão escolar
Raphael Barros

O caso de uma criança autista de 4 anos encontrada amarrada em um banheiro de uma escola infantil no Paraná, com o indiciamento de uma funcionária por tortura, gerou repercussão nacional. O episódio, divulgado na mídia recentemente, sublinha a relevância de ambientes escolares seguros e de profissionais com formação para atender às necessidades específicas do desenvolvimento de crianças atípicas.

A neuropsicopedagoga Silvia Kelly Bosi, especialista em autismo e desenvolvimento infantil, aborda a conduta observada. "Essa ação em uma escola gera um impacto. Ela configura agressão física e psicológica e representa um desrespeito", afirma Silvia. O incidente, segundo a especialista, remete a um histórico de exclusão. "Recordo-me da origem desse tema, de um período em que crianças eram afastadas da sociedade, levadas a instituições, antes mesmo da compreensão do autismo, quando eram associadas a diagnósticos como esquizofrenia."

Para Silvia Kelly Bosi, a violência no ambiente escolar é uma prática sem justificativa. "Esse ato é uma covardia, um desrespeito ao indivíduo. Em resumo, nada justifica essa prática de violência exercida pela escola, nada", enfatiza.

O caso no Paraná aponta para a necessidade de aprimoramento no sistema educacional. O desenvolvimento de crianças atípicas demanda uma abordagem que considere suas particularidades, respeite seu ritmo e empregue metodologias adequadas. Isso é possível com profissionais capacitados, com conhecimento e sensibilidade sobre as nuances do autismo e de outros transtornos do neurodesenvolvimento.

A neuropsicopedagoga reforça a importância de políticas públicas que garantam a formação continuada de educadores. "Programas de políticas públicas precisam ser evidenciados com preparação para professores", pontua Silvia, indicando que a inclusão vai além da matrícula, requerendo um ambiente de acolhimento e expertise pedagógica.

O evento no Paraná não se limita a um incidente de maus-tratos; ele reflete uma lacuna na preparação e no suporte aos profissionais da educação inclusiva. É um chamado para que a sociedade, as instituições de ensino e o poder público invistam em qualificação, conscientização e fiscalização, assegurando que as escolas sejam locais de desenvolvimento e não de violência para todas as crianças.


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JÚLIA KLAUS BOZZETTO
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