Meu Cachorro Come Fezes: Vergonha ou Sinal de Doença? Veterinário Explica Causas e Soluções para a Coprofagia em Pets

Dr. Marcelo Müller esclarece por que cães e gatos comem fezes, riscos à saúde, quando vira vício e como corrigir o problema com segurança e respeito ao bem-estar animal.

PRISCILA GONZALEZ
17/07/2025 07h29 - Atualizado há 1 semana

Meu Cachorro Come Fezes: Vergonha ou Sinal de Doença? Veterinário Explica Causas e Soluções para a Coprofagia
Marcelo Müller - Médico-Veterinário especializado em Atendimento domiciliar

É um dos maiores tabus entre tutores de cães e gatos: a coprofagia, comportamento em que o animal ingere fezes próprias, de outros animais ou até de humanos. Por vergonha, muitos preferem ignorar o tema ou escondê-lo do veterinário, o que pode agravar problemas de saúde e comportamento.

O médico-veterinário Dr. Marcelo Müller, especializado em bem-estar animal e atendimento domiciliar, afirma que a vergonha impede diagnósticos e soluções:

“É um dos comportamentos que mais causam constrangimento aos tutores. Muitos se sentem enojados ou culpados, mas antes de julgar o pet, é preciso entender a causa. Em alguns casos, é doença; em outros, comportamento aprendido que se torna vício.”


O que é coprofagia?

Coprofagia é o ato de ingerir fezes, seja as próprias, de outros pets ou até de humanos. Embora pareça estranho do ponto de vista humano, para animais pode ser multifatorial, com raízes evolutivas, nutricionais, médicas ou comportamentais.


Principais causas da coprofagia

  1. Instinto e comportamento natural

    • Fêmeas ingerem fezes dos filhotes para manter o ninho limpo. Alguns cães retêm esse comportamento por aprendizado.

  2. Deficiências nutricionais

    • Dietas pobres em nutrientes ou absorção intestinal inadequada podem induzir o pet a buscar compostos não digeridos nas fezes.

  3. Problemas digestivos ou metabólicos

    • Insuficiência pancreática exócrina (IPE), parasitoses, diabetes mellitus ou síndromes de má absorção podem causar coprofagia compulsiva.

  4. Busca de atenção ou tédio

    • Animais sozinhos por longos períodos ou sem estímulo mental podem comer fezes como comportamento exploratório ou para chamar atenção.

  5. Ambiente sujo ou restrito

    • Locais com fezes acumuladas podem induzir ingestão por hábito de limpeza instintiva.

  6. Coprofagia alopática

    • Animais que comem fezes de outros pets ou humanos, elevando riscos de transmissão de doenças.

  7. Hábito que vira vício (compulsão)

    • Quando repetida frequentemente sem correção, a coprofagia pode se tornar compulsiva, tornando o comportamento mais difícil de modificar.


Raças mais suscetíveis

Estudos indicam que algumas raças têm maior predisposição à coprofagia, como:

✔ Labrador Retriever
✔ Golden Retriever
✔ Beagle
✔ Pastor Alemão
✔ Poodle

Segundo Dr. Müller, isso pode estar relacionado a maior motivação alimentar ou histórico de seleção para comportamentos de limpeza.


Quais os riscos da coprofagia?

Parasitas intestinais: giardíase, coccidiose, verminoses
Bactérias: Salmonella, E. coli
Doenças zoonóticas: riscos aumentados ao tutor em contato com lambidas ou beijos após o ato
Alterações comportamentais: ansiedade, compulsão e estresse podem intensificar o comportamento

“Além do risco físico, há impacto no vínculo afetivo. Muitos tutores se sentem tão constrangidos que punem o pet ou evitam interações, o que piora o quadro emocional do animal,” destaca Marcelo Müller.


Atendimento domiciliar: diagnóstico e solução no ambiente real

O atendimento domiciliar é ideal para investigar causas reais, avalia Dr. Müller:

“Em casa, observo alimentação, rotina de passeios, frequência de limpeza e comportamento em tempo real. Muitas vezes o tutor nem percebe que o pet come fezes porque faz isso no quintal enquanto está sozinho.”


Como tratar a coprofagia em cães e gatos?

Avaliação veterinária completa
Exames de fezes, sangue, função pancreática e avaliação nutricional são o primeiro passo para excluir causas clínicas.

Correção alimentar
Mudanças na dieta, ajuste de ração ou suplementação podem ser necessários.

Enriquecimento ambiental
Aumentar brincadeiras, estímulos mentais (como brinquedos recheáveis ou comedouros lentos) e passeios diários.

Retirada imediata das fezes
Limpeza frequente do local para eliminar acesso.

Treinamento positivo
Ensinar comandos como “deixa” ou “não” sem punição física ou agressiva.

Produtos aversivos (quando indicados)
Em casos persistentes, existem produtos prescritos pelo veterinário que alteram o sabor das fezes, desestimulando o ato.


O que NÃO fazer

❌ Punições agressivas ou esfregar o focinho nas fezes (gera medo, ansiedade e reforça o comportamento)
❌ Restringir alimentação sem avaliação veterinária
❌ Ignorar o problema esperando que “passe sozinho”


Conclusão: mais comum do que se imagina

A coprofagia é um comportamento constrangedor para os tutores, mas extremamente comum em cães e que merece abordagem veterinária cuidadosa, sem julgamentos.

“Quando o tutor entende que não é questão de ‘nojo’ ou má criação, mas sim de saúde, aprendizado e bem-estar, fica mais fácil buscar ajuda e melhorar a qualidade de vida do pet,” finaliza Dr. Müller.


Sobre o Dr. Marcelo Müller

Dr. Marcelo Müller é médico-veterinário com mestrado em Pesquisa Clínica, especialização em Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais, e especializado em bem-estar animal. Atua em atendimento domiciliar, promovendo cuidados seguros, prevenção de doenças e orientações comportamentais individualizadas, sempre com foco na saúde integral e no vínculo entre tutores e pets.


Dr. Marcelo Müller
Instagram: @marcelomullervet
Site: marcelomullervet.com.br
Bio: marcelomullervet.my.canva.site/

 


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PRISCILA GONZALEZ NAVIA PIRES DA SILVA
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FONTE: Marcelo Müller
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