5 romances policiais que ajudam a investigar os sentimentos
Histórias de mistério podem entreter, mas também nos fazem refletir sobre emoções como medo, culpa e desejo de justiça
LUCAS RODRIGUES CUNHA
15/07/2025 16h21 - Atualizado há 11 horas
Banco de imagens/ divulgação
Seja pela tensão das cenas, pelo desafio de adivinhar o culpado ou pelo fascínio exercido pelos detetives geniais, os romances policiais seguem entre os gêneros literários mais lidos no mundo. Mas, além da diversão, essas histórias também podem revelar algo sobre o nosso universo emocional. Para o psicanalista e escritor Gabriel Santamaria, autor de 17 obras literárias, incluindo o livro O Arcano da Morte, o romance policial pode, em alguns casos, funcionar como um espelho simbólico da mente humana — especialmente quando lido com atenção aos personagens e aos conflitos apresentados. Apesar de não ser um gênero reconhecido por sua densidade filosófica, ele acredita que essas narrativas são eficazes para como uma atividade de distração inteligente e podem, em determinadas situações, ajudar o leitor a desenvolver sua capacidade de dedução. Segundo o autor, existe também uma curiosa correlação simbólica entre a psicanálise e esse tipo de literatura. “Às vezes, um trauma na cabeça da pessoa, sobretudo um trauma de infância, é como um crime cujo corpo está escondido. Cabe ao psicanalista tentar desvendar aquele mistério.” A seguir, o especialista compartilha 5 obras que, ainda que não tenham a proposta explícita de gerar autoconhecimento, podem despertar reflexões sobre temas profundos da psique humana: 1. Crime e Castigo – Fiódor Dostoiévski Embora não seja tecnicamente um romance policial, Gabriel destaca o livro como um exemplo de narrativa criminal com densidade emocional e filosófica. “É um crime, um assassinato cometido pelo personagem principal. E há uma análise profunda da personalidade do personagem pelo Dostoiévski.” 2. Um Estudo em Vermelho – Arthur Conan Doyle Primeiro caso de Sherlock Holmes, a obra traz três fases: o crime, a história do criminoso e a dedução do detetive. “Você conhece, a partir da perspectiva do bandido, ou do criminoso, o perfil psicológico do assassino a partir da análise do escritor. Isso eu acho muito interessante.” 3. Os Quatro Grandes ( The Big Four) – Agatha Christie Gabriel menciona o livro de Agatha Christie no qual Hercule Poirot investiga quatro personagens de grande poder e influência. Trata-se de um grupo que tenta controlar o mundo, mais especificamente, uma organização criminosa que tenta controlar as ações políticas do mundo. “É interessante a gente, através desse romance, entender que às vezes existem figuras que agem nas sombras e exercem influência importante na vida das pessoas, sem que elas saibam.” 4. Romances noir de Raymond Chandler O autor elogia o estilo norte-americano dos romances noir, nos quais o detetive é mais ativo fisicamente e um pouco menos racional. “O detetive age, não apenas de uma maneira dedutiva, racional, como agiam o Hercules Poirot e o Sherlock Holmes... ou seja, não *usam* apenas a reflexão, mas também o uso da ação” o que cria, segundo Gabriel, “uma mistura de ação com investigação psicológica.” 5. Bufo & Spallanzani – Rubem Fonseca Gabriel também cita o livro do brasileiro Rubem Fonseca, uma obra que mistura elementos do romance policial, suspense e crítica social, explorando a relação entre a investigação de um crime e a própria criação literária. “Há um mistério, um crime, e uma investigação por parte de detetives que se parecem um pouco com esses detetives norte-americanos, que não ficam apenas, digamos, procurando pistas, mas saem para o confronto direto com os vilões.” Leitura como distração — e, talvez, como reflexão Santamaria reforça que o romance policial não deve ser buscado como ferramenta direta de autoconhecimento. “O objetivo de um romance policial é te deixar fascinado com uma história interessante”, afirma. No entanto, ele reconhece que, em momentos de instabilidade emocional, a leitura pode proporcionar algum alívio — desde que o leitor esteja receptivo. “Se a pessoa estiver aberta à distração e quiser sair de pensamentos ruins, por exemplo, a leitura pode ser um alívio. Mas, se estiver muito abalada, é importante cuidar da escolha do livro, pois alguns enredos podem ser pesados.” Notícia distribuída pela saladanoticia.com.br. A Plataforma e Veículo não são responsáveis pelo conteúdo publicado, estes são assumidos pelo Autor(a):
LUCAS RODRIGUES CUNHA
[email protected]