Nova edição do FILE 2025 traz o tema "SYNTHETIKA: A Era da Criatividade Artificial" a partir de 16 de julho, no Centro Cultural Fiesp, em São Paulo
Festival propõe uma imersão na criatividade das inteligências artificiais e convida o público a sentir o futuro agora
ALEX OLOBARDI
14/07/2025 22h31 - Atualizado há 1 dia
Divulgação
De 16 de julho a 7 de setembro de 2025, o coração da Avenida Paulista será tomado por um novo universo criativo. O FILE – Festival Internacional de Linguagem Eletrônica apresenta sua edição mais desafiadora até agora com a exposição SYNTHETIKA: A Era da Criatividade Artificial, no Centro Cultural Fiesp, com entrada gratuita. O tema deste ano mergulha no atual estágio de desenvolvimento da Inteligência Artificial, abordando um fenômeno conhecido como “alucinação” — quando sistemas de IA produzem respostas inesperadas ou incorretas. Embora consideradas falhas do ponto de vista técnico, essas alucinações revelam, para o campo da arte e tecnologia, potenciais instâncias de criação artificial sofisticada. SYNTHETIKA convida o público a explorar essa zona liminar entre erro e invenção, propondo que estamos entrando em uma nova era cultural, marcada por uma criatividade sintética. Em vez de prever o futuro, o festival propõe sentir o futuro – experimentar, agora, a emergência de formas híbridas de criação, onde inteligências naturais e artificiais coexistem e se entrelaçam em uma intercriatividade radical e irreversível. A instalação Unreal Pareidolia, de Scott Allen (Japão), explora justamente esse novo papel: o artista cria uma estratégia em que oferece à IA sombras bidimensionais e a IA gera novas interpretações subjetivas diante dessas silhuetas, criando prompts e composições visuais. Em ReCollection, Weidi Zhang e Rodger Luo (China / Estados Unidos) o visitante pode conectar a sua memória natural a uma memória sintética, contando à IA uma lembrança pessoal em qualquer língua para ver surgir a imagem da sua memória em tempo real. O resultado não é apenas impressionante — é comovente. Mario Klingemann (Alemanha), um dos artistas pioneiros mais celebrados da produção de arte com Inteligência Artificial, apresenta três videoclipes criados com redes neurais generativas: Freeda Beast, The Noise of Art e Liberation. Essas obras, que tem como característica a rostidade deleuziana, embaralham os limites entre identidade, aprendizado de máquina e comportamentos delirantes. Daito Manabe e Kyle McDonald (Japão / Estados Unidos) criam, em Transformirror, um espelho sintético em que os elementos visuais e sonoros são totalmente gerados por Inteligência Artificial, transformando as ações do usuário a todo tempo, em constante reinvenção. Louis-Philippe Rondeau (Canadá), em Veillance, brinca com o escaneamento do comportamento e a mutação digital. Já Self Absorbed, de Tim Murray-Browne (Escócia), cria uma nova forma de navegação para que o público possa interagir com as várias dimensões de um filme biográfico por meio de alterações milimétricas de seus gestos. //:Are you observing or being observed?, de Vitória Cribb (Brasil), tensiona a relação entre corpos digitais e vigilância, projetando o desconforto de ser visto e manipulado em ambientes conectados. A natureza, neste FILE, não é representada — ela é traduzida, regenerada, reconfigurada por processos sintéticos que espelham sua complexidade. Em Aquarela de Íons, dos brasileiros Arthur Boeira e Gustavo Milward (Brasil), dados solares são convertidos em paisagens sensoriais. Em Visual Bird Sounds, o artista Andy Thomas (Austrália) registra o canto natural dos pássaros da Amazônia e os transforma em explosões visuais que desafiam nossa percepção da natureza. Spiral of Time, de Edwin van der Heide (Países Baixos), captura os sons da Floresta Amazônica, ao redor da Universidade Federal do Amazonas e imerge os ouvintes na vida acústica de um dos ecossistemas mais biodiversos do planeta, oferecendo uma reflexão mais profunda sobre coexistência, mudança e continuidade. Habitar o espaço híbrido entre biotecnologia e ficção também é a proposta de obras como Hunter and Dog, de Frederik De Wilde (Bélgica), que especula sobre os desdobramentos éticos da edição genética (CRISPR) no futuro da evolução humana. Neste trabalho, o artista se apodera da obra O Caçador e o Cão, de John Gibson, e através dessa nova tecnologia biológica reconstrói uma proto escultura sintética. Ouvir, do artista brasileiro Craca, apresenta pássaros sintéticos criados com IA que escutam qualquer input sonoro emitido pelo visitante, como uma voz ou uma canção, e respondem com sonoridades musicais, não só reproduzindo o que foi dito mas também compondo novas variantes musicais. Na arquitetura sintética de Hassan Ragab (Egito / Estados Unidos), construções arquitetônicas são produzidas por um olhar híbrido entre arquiteto, artista e IA. As novas possibilidades arquitetônicas desenvolvidas pelo artista são dinâmicas, como se uma animação em loop apresentasse simultaneamente as milhares de variantes do mesmo projeto arquitetônico. Criada com código personalizado, IA e visão computacional, Boundaries, de Memo Akten e Katie Peyton Hofstadter (Estados Unidos), une pintura digital e dança para expressar a criatividade sintética estetizante, visando induzir uma experiência contemplativa e íntima. Já em LOKI, de Jia-Rey Chang (Taiwan), o artista cria uma personalidade sintética para a Inteligência Artificial, que conversa casualmente de forma irônica com os visitantes passando-se por Loki, deus da trapaça na mitologia nórdica. O artista Darren Slater (DSM) (Reino Unido) cria filmes que poderíamos chamar de “transformismo absoluto”, onde personagens, paisagens e corpos biológicos se transformam entre si o tempo todo. Desenvolvida originalmente para o Museum of Modern Art (MoMA) e direcionada ao público infantil, a envolvente experiência de realidade aumentada Deep Field, criada pelo duo Tin&Ed (Estados Unidos), convida os visitantes a dar vida a plantas imaginárias. A partir de um desenho, novas espécies brotam instantaneamente em impressionantes estruturas 3D, formando um ecossistema colaborativo em constante evolução. O ambiente sonoro do trabalho, desenvolvido por The Listening Planet, é tecido por camadas de sons de espécies ameaçadas, extintas ou raramente encontradas, criando uma trilha viva e responsiva que se transforma junto com a paisagem visual. Justamente por não se restringir a um formato ou disciplina, a exposição FILE 2025 – SYNTHETIKA propõe uma experiência transdimensional, apresentando ao público 93 participações de artistas e pesquisadores de 30 países, com 16 brasileiros. Não é apenas uma mostra de Arte e Tecnologia — é uma travessia sintética de um tempo que já não nos pertence totalmente. Aqui, o sublime não está nas montanhas, no divino ou no progresso: ele pulsa nas redes neurais artificiais, nos organismos digitais, nos erros generativos, nas sinapses entre código e afeto. A inteligência não é mais uma qualidade humana. É uma condição compartilhada, expandida e sintetizada. Lançar essa provocação em uma cidade como São Paulo, em plena Avenida Paulista, é também um gesto social. Realizado em parceria com o SESI-SP, desde 2004, o FILE não apenas abre espaço para a experimentação radical, como democratiza o acesso à arte tecnológica. Com entrada gratuita e funcionamento de terça a domingo, o festival acolhe o público geral, os curiosos, os estudiosos e os criativos. Oferece, como em todas as suas edições anteriores, uma amostra do porvir — não como uma fantasia distópica, mas como um presente em estado de mutação acelerada. “Receber o FILE em mais uma edição no Centro Cultural Fiesp é reforçar o trabalho do SESI-SP de formação de público, democratização cultural e fortalecimento da economia criativa nacional. É um momento de refletirmos sobre as relações entre cultura, arte e tecnologia e suas reverberações na sociedade atual e no porvir”, comenta Débora Viana, Gerente Executiva de Cultura do SESI-SP. Mudar os paradigmas da criação artística é uma tarefa que o FILE assume há mais de duas décadas. A exposição FILE 2025: SYNTHETIKA convida cada visitante a abandonar as certezas, a questionar a autoria, a repensar a criatividade, a dançar com as máquinas, a observar os algoritmos como espelhos e os dados como poesia sintética. O FILE LED SHOW 2025 torna-se palco de artistas do Brasil, Chile, Egito, França, Argentina, Irã, Itália, Estados Unidos e Colômbia, além de trabalhos desenvolvidos em parceria entre o Curso de Artes Visuais da Universidade de São Paulo (USP) e o Istituto Europeo di Design (IED), São Paulo. A programação destaca o potencial transformador da colaboração acadêmica na criação de novas linguagens visuais e reforça o papel do FILE como plataforma de intercâmbio cultural em um dos principais centros culturais do país. FILE WORKSHOP 2025: Workshops Explorando Interatividade, Animação e Ecologia Crítica – 16 a 18 de julho O FILE convidada artistas, pesquisadores e estudantes para participar de uma intensa programação de workshops que cruzam arte, ciência, tecnologia, ecologia e imaginação crítica. De 16 a 18 de julho, especialistas conduzirão experiências formativas únicas, abertas a estudantes, profissionais e ao público interessado. Confira a programação completa e garanta sua vaga. As inscrições abrem em 2 de junho e devem ser realizadas acessando https://forms.gle/CA4Hmig1Kdi3wE6CA: Os curadores Ricardo Barreto é filósofo, artista, curador e pesquisador, com trajetória marcada pela experimentação entre arte, tecnologia e pensamento. Co-fundador e co-curador do FILE – Festival Internacional de Linguagem Eletrônica e do NOVA BIENAL RIO de Arte e Tecnologia, é um dos pioneiros da arte digital no Brasil, atuando desde os anos 1980 em performances, instalações e obras interativas. Formado em Filosofia pela USP e em Artes Plásticas pela Belas Artes de São Paulo, Barreto criou conceitos inovadores como a Estética da Alteridade; a Cultura da Imanência; a nova forma de arte Tátila (arte do tato); o Avator (primeira IA artística do Brasil); o Xadrez Autor-Criativo; o ÁTOPOS GLOBAL (jogo quadridimensional estratégico). Participou de mostras como a 25ª Bienal de São Paulo e exposições no Institute of Contemporary Arts (Londres). Ao lado de parceiras como Paula Perissinotto, Maria Hsu e Raquel Fukuda, desenvolveu obras emblemáticas como: Cyberdance, feelMe, Charles in London e The Almost Ideal Game. Criador do site e do livro Highlike e autor de inúmeras publicações editoriais sobre arte e tecnologia, Barreto desafia os limites entre corpo, código e cognição. No magistrado, lecionou na graduação e pós-graduação da FAAP, onde inaugurou a disciplina de Pós-Modernidade nos anos 80 e 90, além de ministrar palestras em instituições como Museu de Arte Moderna de São Paulo. Sua obra é um exercício contínuo de invenção estética, filosófica e sensorial. Paula Perissinotto é pesquisadora, curadora e doutora em Poéticas Visuais pela ECA/USP, com atuação destacada na arte contemporânea, cultura digital e novas mídias. Co-fundadora e co-organizadora do FILE – Festival Internacional de Linguagem Eletrônica desde 2000, é referência na promoção da arte digital no Brasil e no exterior. À frente de mais de 50 exposições, suas curadorias exploram as intersecções entre arte, tecnologia e interatividade, consolidando o FILE como uma das principais plataformas internacionais do setor. Paula também atua como pesquisadora associada no projeto "Arquivos Digitais e Pesquisa", e integra o Grupo de Pesquisa Realidades da ECA/USP, onde investiga a integração entre arquivos analógicos e digitais. Desde 2020, lidera a inserção do FILE em redes globais de preservação da arte em novas mídias, com parcerias com ACM SIGGRAPH, Ars Electronica, ZKM e Archive of Digital Art. Sua atuação articula produção, curadoria e pensamento crítico, contribuindo para o fortalecimento da memória e da circulação da arte digital em escala internacional. Clarissa Vidotto atua como curadora, pesquisadora e coordenadora de conteúdo no FILE – Festival Internacional de Linguagem Eletrônica. É bacharel em História pela Universidade de Brasília e cursa Teoria Crítica e História da Arte no Departamento de Artes Visuais da mesma instituição. Sua trajetória acadêmica e profissional está voltada para o campo das intersecções entre arte e tecnologia, com ênfase nas práticas artísticas contemporâneas que se articulam com os meios digitais e eletrônicos. FILE – Festival Internacional de Linguagem Eletrônica 2025 SYNTHETIKA: a era da criatividade artificial Centro Cultural Fiesp – Avenida Paulista, 1313 (em frente à estação Trianon-Masp) De 16 de julho a 7 de setembro de 2025 Galeria de Arte Terça a domingo, das 10h às 20h Galeria de Arte Digital Todos os dias, das 19h às 06h Entrada gratuita e por ordem de chegada Agendamentos de grupos e escolas: [email protected] centrocultural.fiesp.com.br | @centroculturalfiesp file.org.br | @filefestival Notícia distribuída pela saladanoticia.com.br. A Plataforma e Veículo não são responsáveis pelo conteúdo publicado, estes são assumidos pelo Autor(a):
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