Quando falamos em carros antigos, falamos de algo que vai muito além da estética ou da potência. Estamos nos referindo a uma memória sobre rodas — uma herança cultural que atravessa gerações e que, em países como o Brasil, ganha contornos cada vez mais relevantes.
De acordo com o levantamento mais recente da Fédération Internationale des Véhicules Anciens (FIVA), o país é hoje o maior representante do antigomobilismo na América Latina, com cerca de 1,2 milhão de colecionadores. A maioria deles participa de clubes (79%) e marca presença em encontros, feiras e exposições (88%). O dado mais curioso? Quase 90% preferem manter seus carros como saíram de fábrica — originais, intactos, respeitando cada detalhe de época.
Esse retrato não apenas confirma a força do antigomobilismo nacional, como também acende um alerta: estamos cuidando adequadamente desse acervo?
Em meio a um cenário onde os carros antigos são, cada vez mais, reconhecidos como bens culturais e afetivos, a ausência de soluções específicas para sua proteção sempre foi uma lacuna no mercado brasileiro. Durante anos, colecionadores enfrentaram dificuldade em encontrar coberturas que atendessem às particularidades de seus veículos — sejam elas técnicas, financeiras ou emocionais.
Afinal, diferentemente dos carros atuais, um veículo clássico carrega valores subjetivos, difíceis de mensurar. Não se trata apenas de repor uma peça, mas de encontrar componentes escassos, muitas vezes descontinuados, que mantenham a identidade do modelo e respeitem sua história.
Outro ponto crítico é a avaliação justa. Muitos veículos de coleção não constam em tabelas convencionais de mercado, o que compromete a precisão na hora de definir seu valor real. E isso, para o colecionador, faz toda a diferença.
Além disso, há um aspecto frequentemente ignorado: o uso ativo desses veículos. O colecionador contemporâneo não quer apenas guardar sua raridade na garagem. Ele quer circular, participar de encontros, desfilar em exposições ou até mesmo fazer viagens curtas. Restrições de quilometragem, ausência de proteção para danos parciais e limitações na assistência em estrada tornam-se entraves para esse estilo de vida.
Nos últimos anos, algumas iniciativas têm buscado preencher essa lacuna, com soluções mais adequadas à realidade dos veículos clássicos. Uma delas é a Proteção Placa Preta, lançada recentemente no Brasil, que oferece proteção específica para carros antigos — com avaliação técnica especializada, assistência para longas distâncias e a inclusão de danos parciais. O diferencial está em tratar o veículo não como um item comum de frota, mas como o patrimônio único que ele representa.
Esse tipo de iniciativa aponta para uma nova fase: a da valorização efetiva do acervo automotivo nacional, onde proteger um carro antigo deixa de ser um desafio e passa a ser uma decisão consciente, possível e fundamentada.
Proteger um carro antigo, hoje, é mais do que um ato de precaução. É um gesto de respeito à cultura automotiva, ao colecionismo sério e ao resgate histórico que esses veículos representam. São máquinas que contam histórias: da indústria, da engenharia, das famílias que as dirigiram — e dos apaixonados que ainda as mantêm vivas.
No Brasil, onde o vínculo afetivo com o automóvel é notoriamente forte, esse cuidado não pode mais ser secundário. Preservar a integridade de um clássico é preservar a memória de uma geração inteira.
É hora de tratarmos esses veículos com o mesmo zelo que dedicamos a obras de arte. Porque, no fundo, é disso que se trata: cuidar do passado com responsabilidade no presente para que ele continue existindo no futuro.
Hugo Jordão é presidente e fundador da Atos Associação de Proteção Veicular e idealizador da proteção “ Placa Preta”
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ANA CAROLINA YONAMINE DA SILVA
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