Mesmo com cessar-fogo entre Irã e Israel, reflexos do conflito impactam comércio exterior em Santa Catarina

Alta nos fretes, atrasos em cargas e risco à competitividade de produtos catarinenses, como a carne de frango, estão entre os impactos do conflito geopolítico

MATHEUS BRASIL
08/07/2025 11h37 - Atualizado há 6 dias

Mesmo com cessar-fogo entre Irã e Israel, reflexos do conflito impactam comércio exterior em Santa Catarina
Acioni Cassaniga

O cessar-fogo entre Irã e Israel, anunciado recentemente, trouxe um alívio temporário às tensões no Oriente Médio. No entanto, as incertezas continuam e os reflexos do conflito têm impactado rotas logísticas e cadeias de suprimento em todo o mundo, com repercussões também em Santa Catarina — estado onde está localizado o segundo maior complexo portuário do país e que movimenta cerca de 50% das exportações catarinenses, com destaque para carne de frango, madeira, cerâmica e produtos manufaturados. Segundo o especialista em comércio exterior Rogério Marin, CEO da Tek Trade e presidente do Sindicato das empresas de Comércio Exterior do Estado, os efeitos ainda em curso da crise geopolítica desafiam a competitividade catarinense, especialmente nos portos de Itajaí e Navegantes.

O impacto mais imediato da crise para Santa Catarina foi sentido nas exportações de carne de frango – o estado é o principal fornecedor da proteína e respondeu por 25% do total nacional em 2024. Segundo Marin, mercados estratégicos como Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos enfrentaram elevação nos fretes e no seguro marítimo, devido à ameaça de fechamento do Estreito de Ormuz, o que pode afetar a competitividade dos exportadores catarinenses. “Mesmo com o cessar-fogo, os prêmios de seguro altos podem manter os preços elevados”, afirma o especialista.

Além disso, a interrupção temporária de rotas via Dubai comprometeu a chegada de insumos como fertilizantes, químicos e eletrônicos, impactando a indústria e o agronegócio. Já o desvio de embarcações para rotas mais longas também sobrecarregou portos na Europa e na Ásia, o que resultou em atrasos no fluxo de contêineres para Itajaí e Navegantes e, consequentemente, aumentou os custos com armazenagem. No setor aéreo, fretes mais altos e a lentidão na retomada de rotas regulares também prejudicaram a importação de produtos de alto valor agregado via aeroportos catarinenses.

A alta no preço dos combustíveis é outro fator que pressiona o transporte rodoviário interno, essencial para conectar o interior do estado aos portos. Pequenas e médias empresas, que formam a base da economia catarinense, enfrentam margens reduzidas diante desse cenário de aumento de custos, mesmo que temporário. Em 2024, o complexo portuário da foz do Rio Itajaí movimentou 1,2 milhão de TEUs, e esse volume pode cair em 2025 caso os custos logísticos continuem em alta.

Apesar do cessar-fogo, a instabilidade na região do Oriente Médio permanece como um fator de risco. Para Marin, o momento exige ações estruturantes. “A resiliência logística se tornou uma prioridade estratégica. Santa Catarina precisa fortalecer sua infraestrutura, como a dragagem do complexo portuário de Itajaí e Navegantes, e diversificar mercados e rotas para reduzir vulnerabilidades diante de um cenário internacional cada vez mais volátil”, conclui.


Notícia distribuída pela saladanoticia.com.br. A Plataforma e Veículo não são responsáveis pelo conteúdo publicado, estes são assumidos pelo Autor(a):
MATHEUS PETTER BRASIL
[email protected]


Notícias Relacionadas »