Viagens longas exigem atenção com a circulação para evitar complicações vasculares

Ficar muito tempo parado pode causar trombose; saiba reconhecer os sintomas que pedem atenção

BETE FARIA NICASTRO
04/07/2025 15h59 - Atualizado há 16 horas

Viagens longas exigem atenção com a circulação para evitar complicações vasculares
Freepik
Viajar é sempre um convite ao novo — seja lazer, trabalho, descanso ou nas tão esperadas férias. Mas, enquanto a mente se prepara para o destino, o corpo, especialmente o sistema circulatório, pode sofrer com o trajeto. Horas sentado em aviões, ônibus ou carros, somadas às mudanças bruscas de temperatura em diferentes regiões, exigem atenção redobrada com a saúde vascular. Entre os principais riscos está a trombose venosa profunda (TVP), quadro em que um coágulo sanguíneo se forma dentro de uma veia da perna.

Segundo a cirurgiã vascular Dra. Carolina Dutra Queiroz Flumignan, que também integra o Departamento de Métodos Diagnósticos não Invasivos da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular – Regional São Paulo (SBACV-SP), o problema pode evoluir para uma embolia pulmonar caso o coágulo se desloque até os pulmões — uma complicação potencialmente grave. “A principal causa da TVP em viagens é a imobilidade prolongada. Permanecer muito tempo sentado, com pouca movimentação das pernas, reduz o fluxo sanguíneo e facilita a formação de coágulos. Os sinais de alerta incluem inchaço repentino em uma das pernas, dor ou sensação de peso na panturrilha, vermelhidão e calor local”, explica.


Alguns cuidados simples podem fazer toda a diferença para manter o bem-estar e prevenir complicações. Por isso, a recomendação é levantar-se e caminhar a cada uma ou duas horas, movimentar os pés como se estivesse pedalando, evitar cruzar as pernas, manter-se hidratado e evitar o consumo de álcool ou sedativos.
O uso de meias de compressão é um importante aliado da circulação, pois ajuda no retorno venoso e previne o inchaço. Elas são especialmente indicadas para pessoas com varizes, histórico de trombose, gestantes ou com risco circulatório aumentado.

Quem já convive com condições como varizes, trombose ou insuficiência venosa deve redobrar a atenção: movimentar-se com frequência, evitar roupas apertadas, manter boa hidratação e, se necessário, utilizar medicação preventiva sob orientação médica. A alimentação e o vestuário também influenciam a saúde vascular durante as viagens. Hidratar-se bem, evitar alimentos muito salgados ou pesados e usar roupas leves e confortáveis são atitudes recomendadas.

As baixas temperaturas são outro fator que pode impactar a circulação sanguínea, já que o frio provoca a vasoconstrição, um estreitamento dos vasos que faz reduzir o fluxo de sangue para as extremidades e agrava quadros arteriais, inclusive aqueles ainda não diagnosticados. O frio pode ainda causar aumento da pressão arterial, queimaduras e vasoespasmos, como o fenômeno de Raynaud. Para minimizar esses efeitos, o ideal é usar roupas térmicas em camadas, proteger mãos e pés com luvas e meias, evitar sapatos apertados e manter a pele hidratada. Pessoas com insuficiência venosa ou doença arterial periférica devem evitar exposição prolongada ao frio e controlar adequadamente a pressão arterial e o diabetes.

Em destinos com calor intenso, os vasos sanguíneos se dilatam, o que pode causar inchaço, sensação de peso, dor nas pernas, vermelhidão e até favorecer a formação de trombos. Para aliviar esses sintomas, é indicado elevar as pernas, usar meias de compressão, tomar banhos frios, caminhar regularmente e evitar longos períodos em posição sedentária.

Os pés merecem atenção especial em todas as estações: no inverno, devem ser mantidos aquecidos e secos; no verão, ficar protegidos contra feridas e infecções, sempre com calçados confortáveis.

Cuidados especiais para grupos de risco
Além das recomendações gerais, alguns grupos precisam redobrar os cuidados durante as viagens, como idosos, gestantes e pessoas com obesidade, que apresentam maior predisposição a problemas vasculares. Para esses públicos, é fundamental movimentar-se com frequência, usar meias de compressão, manter a hidratação adequada e, sempre que possível, consultar um médico antes do deslocamento.

“Pessoas com histórico de doença vascular devem sempre consultar um angiologista antes de fazer longas viagens. O médico vai poder orientá-las sobre o uso adequado de meias, medicamentos e cuidados personalizados. E durante a viagem, elas precisam ficar atentas caso apareçam sinais como inchaço súbito em uma das pernas, dor intensa, vermelhidão, calor local, falta de ar ou dor no peito, porque será imprescindível procurar atendimento médico imediato”, reforça a Dra. Carolina.

A SBACV-SP tem como missão levar informação de qualidade sobre saúde vascular à população. Para outras informações acesse o site e siga as redes sociais da Sociedade (Facebook e Instagram).
 
 

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MARIA ELISABETE DE FARIA NICASTRO
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