A auditoria deixou de ser uma atividade meramente reativa e passou a ocupar um papel preventivo e estratégico. É no que acredita Paulo Gomes, diretor geral do IIA (Instituto dos Auditores Internos do Brasil).
Segundo ele, a atuação eficaz do auditor hoje exige domínio de tecnologias, leitura de dados, capacidade de diálogo com diferentes áreas e uma visão sistêmica do negócio.
“Se o auditor não conhece tecnologia, ele não consegue emitir o parecer nem fazer as avaliações necessárias para mitigar riscos com segurança. Por isso, muitos profissionais da área precisam se aprimorar em tecnologia da informação para ter resultados mais efetivos”, afirma o especialista.
Gomes ressalta que a evolução tecnológica, segundo ele, vem de longa data. “Há 20 anos, já se usava robôs para auditoria computacional, mesmo quando a base de dados ainda era acessada por fitas e cartuchos em computadores de grande porte. Com a chegada da nuvem e, mais recentemente, da inteligência artificial, o salto foi notável”.
Ele lembra que, hoje, ferramentas de IA reduzem drasticamente o tempo de execução e entrega dos trabalhos de auditoria. Processos que antes levavam semanas (como a elaboração de programas de auditoria e a redação de relatórios) podem ser feitos em horas, com precisão e consistência. “Auditorias que exigiam longas estadas em campo agora podem ser feitas de forma híbrida, com vistorias físicas complementadas por imagens de drone ou análises automatizadas”.
Para o especialista, mais do que identificar falhas, o auditor deve entender o comportamento dos dados e dos processos. “Ao analisar a variação de gastos com consultoria ou a movimentação de estoques de itens como carnes nobres ou materiais de obra, por exemplo, já conseguimos identificar diversas fraudes. Isso exige conhecimento técnico, mas também sensibilidade para detectar padrões e comportamentos atípicos.”
A detecção de fraudes, inclusive, é apontada por ele como um dos maiores desafios da auditoria moderna - e não apenas sob o ponto de vista técnico. “Fraude é também um tema comportamental. Assim, a auditoria precisa de colaboração com engenheiros, contadores, administradores e principalmente advogados, garantindo respaldo e segurança jurídica nas análises.”
A integração com outras áreas é outro fator decisivo. “O auditor precisa saber dialogar. Nem todo mundo tem domínio sobre cálculos de engenharia, aspectos jurídicos ou contratos administrativos. Mas é essencial entender o básico e ter uma rede de especialistas para atuar em conjunto, dando ao processo de auditoria mais robustez e credibilidade.”
O uso da inteligência artificial também exige cautela. Se por um lado a tecnologia acelera processos e reduz custos, por outro ela também pode ser usada de forma maliciosa, como em tentativas de phishing que simulam comunicações oficiais com perfeição. Por isso, na opinião dele, a validação das informações ainda depende do olhar crítico do auditor. “A tecnologia é aliada, mas a responsabilidade pela decisão continua humana”, finaliza ele.
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PEDRO GABRIEL SENGER BRAGA
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