No caso do setor de celulose, há um desafio recorrente: o controle documental das propriedades rurais utilizadas para o cultivo de eucalipto, com todos os requisitos legais e ambientais que isso envolve. Já na mineração, o desafio é a conferência de documentos como PGR, PCMSO, ASO e obrigações mensais como FGTS, eSocial e DCTFweb das inúmeras prestadoras de serviço contratadas para obras e operações. Em comum, as duas indústrias enfrentam um cenário de alta burocracia e responsabilidade solidária com os fornecedores — o que exige controles rigorosos e contínuos.
“As empresas contratam centenas de prestadores e são corresponsáveis por todos eles. Isso significa que qualquer falha documental por parte do parceiro pode recair sobre a contratante. E, até pouco tempo, esse processo de conferência era majoritariamente manual, sujeito a erros e atrasos”, afirma Willian Valadão, CEO da Dynadok, startup especializada em automação de documentos com inteligência artificial.
A startup surgiu justamente a partir da identificação dessa dor comum a diversos setores. Ao acompanhar o ecossistema europeu de inovação, Valadão notou que havia uma lacuna importante na automatização da análise de documentos. Foi assim que a Dynadok nasceu, apostando em IA e IDP (Intelligent Document Processing) como diferencial competitivo. A tecnologia permite a leitura e a validação de documentos em diversos formatos, como imagens e PDFs, com extração precisa de dados, geração de alertas automáticos e retorno imediato em caso de pendências.
Hoje, a Dynadok já atende alguns dos maiores players do setor de celulose e mineração do país, além de atuar em outros segmentos regulados. O sistema desenvolvido pela empresa realiza validações em segundos, eliminando semanas ou até meses de trabalho manual, com rastreabilidade e histórico das interações. “Com a IA, aliviamos a carga das equipes e reduzimos o retrabalho que impacta diretamente na agilidade dos pagamentos. Quando há um erro ou ausência de documento, o fornecedor é automaticamente notificado para corrigir a pendência e reenviar. Isso protege a operação como um todo”, explica Rodrigo Grossi, COO da empresa.
Dados de mercado mostram o potencial de crescimento dessa tecnologia. De acordo com a consultoria DataIntelo, o setor de IDP deve movimentar mais de US$ 26 bilhões até 2032, com crescimento anual médio superior a 37% até 2027. A estimativa reflete a demanda crescente por soluções que automatizem fluxos documentais em ambientes complexos e regulados. “Enquanto muitas empresas ainda usam RPA [Robotic Process Automation], nossa abordagem vai além, com análise inteligente de documentos baseada em IA. Isso nos permite escalar a operação com mais precisão e atender empresas que operam em larga escala”, destaca Valadão.
Levantamento da plataforma monday.com realizado em parceria com a Rep Data LLC reforça a tendência: 81% dos profissionais brasileiros acreditam que automatizar o fluxo de trabalho aumentaria o engajamento das equipes. Para empresas dos setores de papel e mineração, onde o compliance é crítico e o volume documental é gigantesco, a automação não é apenas um ganho de eficiência — é uma condição essencial para evitar riscos, multas, embargos e perdas reputacionais.
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CINTIA ESTEVES DOS SANTOS CREMASCHI
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