Do dado à decisão: por que a jornada precisa ser AI-First

*Filipe Cotait

MARIA ELISY
01/07/2025 13h58 - Atualizado há 3 dias

Do dado à decisão: por que a jornada precisa ser AI-First
Dfreire

Nos últimos anos, falamos sobre transformação digital. Mas o que vemos agora é uma virada de chave ainda mais profunda: as empresas estão entrando em uma era “AI-First”, onde a inteligência artificial (IA) não é apenas uma tecnologia de suporte, e sim a engrenagem central das decisões estratégicas. No entanto, há um ponto-chave que precisa ser compreendido e praticado, por quem quer liderar esse movimento: essa jornada começa com os dados.
Não há atalhos. Para que a IA funcione de forma eficiente, ética e com impacto real nos negócios, os dados precisam vir estruturados, conectados, governados. É esse fundamento que chamamos de “do dado à decisão”. Não é apenas um conceito técnico, mas um alinhamento estratégico entre cultura organizacional, tecnologia e propósito de negócio.

Muitas empresas ainda tratam seus dados como um subproduto da operação. Porém, na prática, dados são hoje o grande ativo competitivo. Eles alimentam desde modelos de IA generativa até sistemas preditivos, motores de recomendação, bots e agentes inteligentes. E mais: são o elo entre decisões humanas e automatizadas, cada vez mais integradas.
Mas não basta coletar. É preciso cuidar. Dados imprecisos, desatualizados ou tratados de forma indevida geram decisões ruins ou, pior, decisões automáticas ruins. Por isso, antes de falar em IA, em GPTs ou em agentes autônomos, o ponto zero da discussão precisa ser: como está a sua fundação de dados?
AI-First depende de data-first. Hoje, o que vemos no mercado é um movimento forte de AI push, em que os dados passam a ser não apenas insumo, mas direcionador de ação. Modelos autônomos precisam de dados confiáveis para funcionar. Agentes inteligentes só geram valor real quando têm contexto, histórico e qualidade. E todos esses elementos nascem da maturidade na governança de dados.
Ou seja: não existe IA estratégica sem um “data layer” robusto por trás. Essa é uma conversa que pode parecer repetitiva e de fato, é. Mas ela precisa continuar acontecendo. Assim como falamos de segurança da informação por décadas (e seguimos falando), o debate sobre dados precisa ser permanente. Porque é nele que se constrói a base para a inovação sustentável.
Agentes inteligentes e o retorno aos processos
Um dos pontos mais interessantes do momento atual é que, ao mesmo tempo em que caminhamos para um universo orientado por IA, voltamos a falar com força sobre processos. Agentes inteligentes como copilotos, bots e automações nada mais são do que processos e tarefas com inteligência embutida para responder em nome dos usuários e sistemas.
Isso exige uma nova forma de pensar tecnologia: não como um fim, mas como uma forma de integrar, transformar e evoluir os processos da empresa. E, novamente, o elo para que isso funcione é o dado.
A IA é o motor. O processo é o caminho. O dado é o combustível.
Portanto, essa discussão não é só técnica. É cultural, estratégica e organizacional. Ela exige que líderes deixem de tratar dados como um tema da TI e o reconheçam como prioridade de negócio. Significa repensar indicadores, investir em qualidade, promover interoperabilidade e capacitar pessoas.
Empresas que querem escalar IA precisam começar organizando o básico. E isso não é um retrocesso, é visão. Sem dados confiáveis, qualquer estratégia de IA é como navegar sem bússola: você até se move, mas não sabe para onde está indo.
A jornada não começa na IA. Começa no dado bem estruturado, bem tratado e bem entendido é o primeiro passo para qualquer transformação significativa com inteligência artificial. Se a IA é o futuro das decisões, os dados são o início da jornada.
*Filipe Cotait é CEO da Stefanini Data & Analytics

 

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MARIA ELISY HONÓRIO ROSA
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