Integração de FinOps e compliance é caminho imperativo para sobrevivência e inovação na nuvem
Apesar do crescimento acelerado, mercado de FinOps exige estratégia clara para decisões ágeis alinhadas à inovação segura
ANNA MATTOS
27/06/2025 19h43 - Atualizado há 12 horas
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São Paulo, junho de 2025 - A promessa de agilidade e escalabilidade da nuvem, amplificada pela Inteligência Artificial – hoje o principal motor da transformação digital –, tem levado as empresas a um consumo de recursos sem precedentes. Essa explosão, porém, não veio sem desafios: o uso eficiente da IA e das soluções em nuvem exige uma gestão financeira (FinOps) e regulatória (compliance) que, muitas vezes, não acompanham o ritmo do investimento. O mercado global de FinOps em nuvem, que a consultoria Global Market Estimates projeta crescer de US$ 832 milhões em 2023 para US$ 2,75 bilhões até 2028 (CAGR de 18,8%), é um reflexo dessa urgência.
Para que essa expansão seja sustentável e não se transforme em custos descontrolados ou riscos de conformidade, é imperativo que gestores tratem o compliance como um padrão técnico intrínseco à arquitetura da nuvem. Requisitos regulatórios e de segurança precisam ser inseridos desde as fases iniciais do design da infraestrutura, assegurando que a inovação caminhe lado a lado com a governança. Ignorar essa integração pode levar a multas regulatórias, exposição a fraudes e, fundamentalmente, a uma falha na entrega do valor prometido pela IA e pela nuvem.
Fabiano Oliveira, CTO da NAVA, detalha os seis gargalos que empresas enfrentam ao tentar unificar FinOps e compliance, e como superá-los para garantir eficiência, segurança e governança no ambiente digital:
- Tagueamento incompleto ou inconsistente gera um efeito dominó nos custos e na auditoria. Recursos na nuvem sem identificação adequada não apenas dificultam o rastreamento de custos e a atribuição de responsabilidades, mas impedem a alocação precisa de custos por centro de custo, projeto ou produto, mascarando o verdadeiro ROI da nuvem e dificultando auditorias. A superação exige a implementação de políticas obrigatórias de tagging, com campos padronizados. A validação deve ser automatizada via pipelines, com aplicação de bloqueios (guardrails) para recursos não tagueados antes que subam para produção, transformando o tagueamento de uma tarefa manual em um processo de governança automatizada.
- Shadow IT é uma ameaça invisível à conformidade e à segurança. "O que não é visível, não é gerenciável", ressalta Oliveira. O uso não autorizado de serviços em nuvem (Shadow IT) representa um risco enorme de não-conformidade regulatória e exposição a vazamentos de dados, especialmente em setores altamente regulados como o financeiro. A solução passa por estabelecer visibilidade unificada dos ambientes multicloud, com rastreabilidade detalhada por time, projeto e finalidade, permitindo identificar e gerenciar proativamente esses recursos não sancionados.
- Automação sem contexto regulatório reflete o risco da eficiência mal direcionada. Scripts e workflows automáticos aplicados sem considerar se o workload é regulado podem gerar violações sérias. Um script desavisado, por exemplo, pode inadvertidamente mover dados para uma região não conforme, apagar logs obrigatórios para auditorias ou até mesmo expor informações sensíveis. Workloads sujeitos a normas específicas devem, impreterivelmente, seguir fluxos revisados e aprovados por áreas de risco e compliance, garantindo que a agilidade da automação esteja a serviço da conformidade.
- Dificuldade em segmentar workloads por criticidade. Ambientes com workloads misturados dificultam o controle de dados sensíveis, a aplicação de políticas de segurança granulares e a mensuração de custos específicos para aplicações críticas ou reguladas. Essa falta de segregação pode levar a um superdimensionamento de recursos e a custos desnecessários em um ambiente de nuvem. A solução é separar workloads críticos e regulados em contas, ambientes ou VPCs distintos, com políticas próprias de acesso, segurança e custos, permitindo um controle mais granular e eficiente.
- Falta de visibilidade multicloud. Operações em múltiplas nuvens sem ferramentas integradas tornam o acompanhamento de compliance e custos fragmentado e ineficiente. A complexidade de ter auditorias em diversos provedores e a ausência de uma visão unificada comprometem severamente a governança de risco e a tomada de decisão estratégica. É recomendável adotar plataformas que ofereçam painéis unificados com visibilidade em tempo real de custos, compliance, segurança e uso por provedor, projeto e unidade de negócio, consolidando as informações para uma gestão integrada.
- Atenção aos conflitos entre agilidade e burocracia regulatória. Equipes de produto frequentemente enfrentam barreiras à inovação devido a processos manuais e lentos de auditoria e compliance, que podem sufocar a agilidade necessária no desenvolvimento de produtos digitais. A criação de um Comitê FinOps, com representantes de Engenharia, Segurança e Auditoria, atua como uma ponte estratégica, reduzindo fricções e viabilizando decisões mais ágeis, transformando a burocracia em "guardrails ágeis" que promovem a inovação segura.
No contexto de um modelo FinOps focado em compliance, as métricas mais relevantes incluem: o percentual de recursos com tagging completo (indicador da capacidade de atribuir custos e provar conformidade regulatória); o percentual de workloads cobertos por políticas de segurança automatizadas; o custo por workload regulado conforme normas específicas (como PCI e LGPD); o custo médio por unidade de negócio (calculado por transação, cliente ou serviço); o percentual de cobertura com instâncias reservadas para workloads estáveis; além do número de violações de políticas por mês e o SLA de correção dessas violações.
Essas métricas oferecem uma visão realista de onde o projeto está e orientam quais mudanças devem ser implementadas para um melhor desempenho. Mais do que controle, esses KPIs servem para informar a estratégia e provar o valor dessa integração para o board.
"A implementação do FinOps impacta diretamente a segurança da informação ao oferecer visibilidade entre custos e riscos, permitindo decisões mais assertivas. Fortalece a segregação de ambientes, facilita a identificação de exposições de dados e garante o controle do ciclo de vida dos recursos. Integrado ao DevSecOps, promove uma abordagem colaborativa e contínua entre finanças, operações e desenvolvimento, criando um ecossistema digital mais resiliente e rentável", destaca Oliveira.
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ANNA CARLA JURAZECKI DE MATTOS
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