Projeto de Escola Pública Estadual de Ensino Médio em Tempo Integral do Estado do Rio Grande do Norte transforma biblioteca em restaurante literário com crônicas no prato principal 

Projeto ‘Suchá Literário’, da Escola Estadual em Tempo Integral Dr. José Fernandes de Melo, em Pau dos Ferros (RN), envolve estudantes e famílias em uma experiência sensorial de leitura, incentivando o protagonismo juvenil por meio da literatura. 

AMOTARA AGêNCIA DE NOTíCIAS
27/06/2025 19h00 - Atualizado há 14 horas

Projeto de Escola Pública Estadual de Ensino Médio em Tempo Integral do Estado do Rio Grande do Norte
Divulgação Seduc RN

Em Pau dos Ferros, no interior do Rio Grande do Norte, os estudantes da Escola Estadual em Tempo Integral Dr. José Fernandes de Melo estão redescobrindo o prazer da leitura de uma forma diferente: com cardápios, bandejas e porções de crônicas e poesia. O projeto Suchá Literário transforma a biblioteca da escola em um verdadeiro restaurante literário, onde o prato principal são obras de autores clássicos, como Carlos Drummond de Andrade e Clarice Lispector, servidas de maneira lúdica e criativa. 

A iniciativa vem na contramão de um cenário preocupante: segundo a 6ª edição da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, divulgada em 2024, mais da metade dos brasileiros (53%) não leram nenhum livro nos três meses anteriores ao levantamento, e o desinteresse cresce entre os jovens. Na escola potiguar, a resistência inicial deu lugar à curiosidade, e hoje os próprios alunos assumem a liderança desse movimento, criando poesias, apresentações teatrais e músicas a partir das obras lidas. O projeto também aproxima as famílias, contribui para o desenvolvimento do projeto de vida dos estudantes e transforma a leitura em uma experiência viva e significativa — um reflexo dos pilares do ensino em tempo integral. 

“Ver os estudantes descobrindo o prazer da leitura e se envolvendo em cada detalhe do projeto foi emocionante. Aos poucos, eles superaram a resistência inicial e passaram a se expressar por meio de poemas, apresentações e músicas, mostrando que a literatura pode ser acessível e encantadora. O Suchá Literário transformou nossa biblioteca em um espaço dinâmico de criação e expressão,” destaca Silvana Sampaio, professora regente do laboratório de informática da escola e uma das responsáveis pela iniciativa. 
 
Para a estudante Thauany de Aquino Moreira, de 15 anos, a mudança foi marcante: “Antes de entrar na escola, eu não gostava de ler. Mas com os Suchás, tudo mudou. Descobri o prazer da leitura e comecei a mergulhar em livros que jamais imaginei. O projeto tornou a escola um lugar mais acolhedor, onde nos sentimos ouvidos e valorizados.” 

Literatura servida em doses de criatividade 

Na biblioteca, o ambiente se transforma para receber o Suchá Literário. Mesas e estantes decoradas, cardápios personalizados que convidam os estudantes a “degustar” poemas, contos, crônicas e biografias de autores escolhidos para o projeto. Durante esse momento especial, os estudantes participam de rodas de leitura, debates e pesquisas sobre a vida e a obra dos escritores. 
 
 
A estudante Flávia Gabrielly Dias da Costa, de 16 anos, conta que o contato com a literatura ganhou novos sentidos: “conhecer a vida e a trajetória de autores que admiro despertou meu interesse logo de cara. O Suchá me ajudou a perder a timidez e a encontrar minha voz. Hoje, falar sobre livros com os colegas amplia meu olhar sobre o mundo e me ajuda a pensar no futuro que quero construir.” 

Cada série do Ensino Médio é responsável por criar uma apresentação de encerramento, que pode ser uma poesia autoral, uma peça teatral, uma música ou até desenhos inspirados nas leituras. O processo estimula a criatividade, o trabalho em equipe e a liderança estudantil, elementos centrais da metodologia do ensino em tempo integral. 

O impacto já pode ser sentido na procura crescente por livros na biblioteca e na participação dos jovens em atividades culturais. Para 2025, houve a ampliação do projeto, incluindo um autor novo a cada bimestre e incentivando a produção autoral dos estudantes como parte do seu projeto de vida. 
 
A transformação promovida pelo projeto aparece também nos relatos de quem viveu essa mudança de perto. Para outra estudante, Lívia Iargles da Silva Regis, de 16 anos, o Suchá foi uma porta de entrada para um universo totalmente novo: “Antes, eu detestava ler. Mas o projeto me mostrou um outro lado da literatura: não só os livros, mas a história por trás de cada autor. Passei a me identificar com suas trajetórias e a refletir sobre a minha própria. Foi como abrir uma nova janela para entender quem eu sou e o que quero ser.” 

Segundo o diretor da Escola, Daniel Joca, por meio dos componentes que integram os itinerários formativos do Ensino Médio Integral, a escola mostra que ciência, cultura e tecnologia são caminhos poderosos para formar jovens líderes, com projetos que ultrapassam a escola e ganham visibilidade em feiras científicas e exposições nacionais. 

“Ver os alunos assumindo o papel de protagonistas, criando e compartilhando conhecimento, confirma que a educação transforma realidades. O Suchá Literário é um exemplo de como é possível aproximar a literatura do cotidiano, envolver as famílias e fortalecer a construção do projeto de vida de cada estudante,” ressalta o diretor. 

Sobre o Ensino Médio Integral 

O Ensino Médio Integral é uma proposta pedagógica de educação interdimensional, moderna, nacional, pública e gratuita. A partir de uma modalidade de ensino que se conecta à realidade dos jovens e ao desenvolvimento de suas competências cognitivas e socioemocionais, propõe a formação integral dos estudantes. Trabalha pilares como projeto de vida, aprendizado na prática, tutoria estudantil, protagonismo juvenil, acolhimento, orientação de estudos e eletivas, que promovem a formação completa do estudante, junto aos componentes curriculares já previstos na BNCC. Está presente em cerca de 6 mil escolas em todo o país, beneficiando mais de 1 milhão de estudantes. 


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VANESSA MIRANDA MENEZES
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