Aprender três línguas desde a infância pode parecer um desafio… mas e se for justamente isso que expande a mente das crianças?

No Colégio Humboldt, alfabetizar em mais de um idioma não é obstáculo — é o ponto de partida para uma educação que valoriza a diversidade, o pensamento crítico e o repertório cultural

RAFAELLA COUTO
27/06/2025 10h30 - Atualizado há 7 horas

Aprender três línguas desde a infância pode parecer um desafio… mas e se for justamente isso que expande a
Colégio Humboldt

A alfabetização na escola vai além do ensino tradicional da leitura e da escrita: ela se transforma em uma experiência rica, multilíngue e culturalmente diversa. Desde os primeiros anos, os alunos são introduzidos simultaneamente ao português e ao alemão, por meio de uma abordagem que reconhece as especificidades fonológicas, ortográficas e estruturais de cada idioma. A proposta, fundamentada no socioconstrutivismo e na valorização das práticas linguísticas dos estudantes, reforça a interdependência entre os sistemas linguísticos.

Segundo Tânia Lindemann, vice-diretora pedagógica do colégio, esse percurso é construído com atenção ao tempo e às hipóteses individuais de cada criança. “Cada aluno traz consigo um repertório linguístico único. Nosso papel é integrá-lo a esse novo ambiente de forma acolhedora, respeitando os saberes prévios e promovendo o desenvolvimento nas duas línguas, sem hierarquias”, explica.

A alfabetização trilíngue — que inclui também a introdução gradual do inglês, por meio da oralidade e de situações comunicativas reais — estimula competências cognitivas amplas, como consciência metalinguística, flexibilidade de pensamento, foco e organização mental. Para Tânia, “o desenvolvimento em uma língua impulsiona o avanço na outra. Os alunos passam a refletir mais sobre a linguagem, a identificar padrões e a fazer conexões entre códigos, o que fortalece o aprendizado como um todo”.

O processo tem início com diagnósticos que mapeiam as hipóteses de escrita em português e alemão. As intervenções são planejadas com base nesses dados, sempre por meio de atividades lúdicas que exploram a consciência fonológica nos dois idiomas, como rimas, aliterações e segmentações sonoras. Projetos interdisciplinares bilíngues, desenvolvidos ao longo do ano, mobilizam leitura, escrita, pesquisa e produção textual, articulando diferentes áreas do conhecimento.

Para os alunos que ingressam sem domínio do alemão, o Humboldt oferece aulas de adaptação linguística, nas quais são trabalhados vocabulário, estruturas essenciais e estratégias de interação. Essas ações permitem que os estudantes se sintam mais seguros e autônomos no ambiente escolar, reduzindo as barreiras linguísticas desde o início. “A criança bilíngue ou multilíngue não está apenas aprendendo duas ou três línguas — ela está aprendendo a transitar entre culturas, a desenvolver empatia e a compreender diferentes formas de ver o mundo”, afirma Tânia.

Entre os desafios naturais do bilinguismo estão as interferências linguísticas, o vocabulário restrito no segundo idioma e o desenvolvimento assimétrico entre as línguas. No entanto, essas situações são compreendidas como etapas produtivas no processo de construção do conhecimento. O ambiente acolhedor e a mediação intencional dos educadores são fundamentais para garantir o avanço dos estudantes de forma segura e estimulante.

A parceria com as famílias também é essencial para o sucesso do processo. O Colégio Humboldt incentiva a leitura, as conversas e as brincadeiras bilíngues em casa, bem como a participação dos responsáveis em oficinas, eventos culturais e projetos escolares. Além disso, manter um diálogo constante com os educadores permite alinhar expectativas, estratégias e acompanhar de perto o desenvolvimento das crianças.

Com uma proposta pedagógica sólida, enraizada na diversidade linguística e cultural, o Colégio Humboldt mostra que alfabetizar em mais de uma língua é formar cidadãos preparados para um mundo plural — conscientes de seu papel e das riquezas que existem no transitar entre idiomas e culturas. Como conclui Tânia Lindemann, “a alfabetização bilíngue não é um desafio isolado — é uma potente ferramenta de desenvolvimento integral que prepara nossos alunos para viverem e atuarem com fluência, sensibilidade e criticidade em qualquer parte do mundo”.


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RAFAELLA COUTO GOMES
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