São Paulo ganha novo centro cultural com inauguração do Teatroiquè

Com direção de Caetano Vilela espetáculo "Odisseia: Instalação para um Retorno" estreia o novo teatro localizado na região do Butantã

NOSSA SENHORA DA PAUTA ASSESSORIA DE COMUNICAçãO
24/06/2025 15h56 - Atualizado há 1 mês

São Paulo ganha novo centro cultural com inauguração do Teatroiquè
Crédito Heloisa Bortz
A cidade de São Paulo celebra, a partir de 11 de julho (sexta-feira às 22h), a inauguração do TEATROIQUÈ, um novo e diferente espaço cultural localizado na região do Butantã. Idealizado pelo cineasta e produtor cultural Ricardo Grandi, o teatro nasce dentro de um estúdio de cinema com a proposta de ser muito mais do que um palco tradicional. Com estrutura versátil e uma sala principal com pé direito de 12 metros, o espaço está preparado para receber desde peças teatrais e espetáculos de dança até shows e festas.

Para abrir as cortinas do TEATROIQUÈ, o diretor e iluminador Caetano Vilela apresenta Odisseia: Instalação para um retorno, uma releitura contemporânea do épico de Homero. Nessa montagem, ele propõe uma nova visão da jornada de Ulisses, apostando na interseção entre performance ao vivo, música, arte expositiva e recursos audiovisuais de ponta.


Em parceria com os atores Diego Machado e Thiago Brianti, Vilela transforma o palco em um ambiente imersivo, onde o público é convidado a cruzar as fronteiras tradicionais do teatro. Desde o momento em que entram na sala, os espectadores se deparam com uma instalação cênica – a direção de arte é de Fábio Namatame – que remete a um espaço museológico. São 18 totens e 30 objetos dispostos como em uma galeria de arte, todos etiquetados com trechos extraídos da Odisseia e referências à narrativa mítica.

A encenação de Odisseia: Instalação para um retorno se desenrola diante de um gigantesco telão de LED, um dos mais avançados em uso cênico atualmente, que projeta uma videoinstalação contínua ao longo do espetáculo. A ambientação sonora é conduzida ao vivo pelos músicos Ivan Garro e Gylez Batista, autores da trilha original, que dialoga com as imagens projetadas e com a ação cênica. Essa fusão entre o analógico e o digital cria uma experiência sensorial única, que propõe uma reflexão sobre o tempo, a memória e a presença.

Dramaturgia coletiva
Em plena direção e iluminação de óperas – a próxima é Falstaff, de Verdi, em agosto no Theatro São Pedro, em São Paulo –, Caetano Vilela retorna ao teatro movido pelo antigo desejo de experimentar cenicamente A Odisseia. “Era um desejo antigo fazer experimentos cênicos com A Odisseia; mas só poderia realizar isso se tivesse uma produção e um espaço onde pudesse experimentar múltiplas linguagens. E foi isso que o Ricardo me proporcionou neste novo teatro”, explica o diretor.
Odisseia: Instalação para um retorno, não pretende contar toda a mitologia homérica nem carrega a sisudez de uma obra clássica. “Me livro dessa responsabilidade quando convido o público, desde a entrada na sala, para uma instalação cênica”, afirma Vilela. Os 30 objetos e 18 totens em cena funcionam como peças de museu que ganham vida nas mãos dos atores, servindo como dramaturgia paralela. “Foi uma forma de dar vida ao que é inanimado e, uma vez utilizado, o objeto perde a característica museográfica; não faz mais parte da história, e sim, da memória de quem assiste”.

A dramaturgia nasceu de um processo coletivo com os atores Diego Machado e Thiago Brianti, a partir de uma aproximação oral com o texto, respeitando a natureza original da obra como tradição narrativa antes de ser escrita. “Esse aspecto da tradição oral me ajudou a dar forma ao meu trabalho como narrador”, conta Diego, que transita em cena entre o contador de histórias e personagens míticos. Para Thiago, o desafio estava em “negociar com o texto de Homero para chegar num encadeamento épico, decidir o que narrar, o que encenar e quais objetos trazer à cena”.

A alternância entre narrador e personagem, longe de quebrar a fluidez, amplia a experiência do espectador, que acompanha não apenas os feitos de Ulisses, mas também os caminhos escolhidos pelos artistas para encená-los. “Não se trata de uma construção psicológica tradicional”, observa Thiago, “mas de criar atmosferas e tempos próprios que compõem o espetáculo”. Diego complementa: “Foi um processo de descobertas constantes, onde as cenas foram sendo refinadas à medida que as interpretações e as direções evoluíam”. Em um gesto cênico que homenageia tanto o passado quanto o presente, Odisseia: Instalação para um retorno convida o público a atravessar mitos antigos com olhos e ouvidos abertos para o novo, como um retorno que, tal qual Ulisses, é também uma transformação.

A tradução escolhida para basear o trabalho foi a de Frederico Lourenço, justamente por sua clareza e acessibilidade. “Lourenço é legível, não trata A Odisseia como um livro sagrado, pois sua tradução é pensada para o leitor”, destaca Vilela. Algumas passagens foram consideradas indispensáveis por já estarem no imaginário coletivo, como o encontro de Ulisses com as sereias e o ciclope Polifemo, além de momentos estruturais da narrativa, como o massacre dos pretendentes de Penélope e seu reencontro com Ulisses. “Espero que o espectador vire leitor de Homero”, conclui o diretor, apontando o espetáculo como uma porta de entrada sensorial e emocional para o universo clássico.

Experiências no mesmo local
A inauguração do TEATROIQUÈ marca o surgimento de uma proposta inovadora de entretenimento em São Paulo, que aposta em uma experiência cultural completa e integrada. Idealizado por Ricardo Grandi, o espaço nasceu dentro de um estúdio de cinema e foi pensado desde o início como um local de convivência e bem-estar. “Nunca imaginei que um prédio para conteúdo audiovisual precisava ser só um galpão. Sempre achei que podia ser um lugar de convívio, uma experiência agradável”, afirma Grandi. A arquitetura versátil do prédio, somada ao cuidado estético e à funcionalidade, deu origem a um teatro que não apenas abriga espetáculos, mas propõe um novo jeito de viver a arte na cidade.

Com uma área de 380m² e estrutura modular que permite diversas configurações, o TEATROIQUÈ comporta de 180 a 400 pessoas, dependendo do formato do evento. A proposta vai além da apresentação artística, oferecendo dois bares – um interno e outro com deck ao ar livre – além de comidinhas assinadas pela banqueteira Neka Menna Barreto (Neka To Go) e drinques criativos do premiado mixologista Marcos Felix. “A ideia é estimular todos os sentidos: a visão, a audição, o paladar, o olfato e, claro, a convivência. A pessoa pode chegar antes, encontrar amigos, discutir o que viu, e continuar ali, no mesmo ambiente, vivendo a cultura”, diz Grandi. Inspirado em modelos internacionais, o espaço propõe uma alternativa à lógica de deslocamento urbano, oferecendo uma noite inteira de experiências no mesmo local.

Com a estreia de um espetáculo próprio, o TEATROIQUÈ dá início a sua programação com foco na flexibilidade e na demanda de artistas e companhias da cidade. O espaço conta com uma parceria com a LPL Ligthing, que soma experiências nacionais e internacionais na área de iluminação cênica. “A gente produz o que precisar. O espaço é versátil e pode ser ocupado por temporadas longas de teatro, shows e performances. Estamos abertos a receber diferentes linguagens”, comenta Grandi. Pensando no futuro, ele espera que o teatro se torne uma referência cultural e um ponto de encontro para diversos públicos. “Gostaria que o TEATROIQUÈ fosse esse lugar onde a pessoa diz: 'Vou ao Iquè', e a outra pergunta: 'Fazer o quê? Dançar, beber, assistir a uma peça, encontrar amigos?' Que o espaço seja esse destino múltiplo, que acolhe e prolonga a experiência artística”.


Serviço:

ODISSEIA: INSTALAÇÃO PARA UM RETORNO
11 de julho a 3 de agosto, sexta-feira e sábado, às 22h e domingo, às 16h e 18h.
TEATROIQUÈ – Rua Iquiririm, 110 – Butantã, São Paulo.

60 minutos | Livre | R$70 a R$140 (ingressos à venda somente no site sympla).
 

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FREDERICO PAULA JUNIOR
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