O poder das redes de apoio no enfrentamento à violência contra a mulher, para além da lei

Dra. Nívea Ferreira explica aspectos da proteção à violência contra a mulher e a importância das redes de apoio

AS
24/06/2025 13h34 - Atualizado há 10 horas

O poder das redes de apoio no enfrentamento à violência contra a mulher, para além da lei
Comunicação Dra. Nivea Ferreira
Por mais conhecida que seja a Lei Maria da Penha, nenhuma legislação caminha sozinha. No enfrentamento à violência de gênero, tão importante quanto denunciar é ter em quem confiar — e é nesse ponto que o apoio mútuo entre mulheres, os atendimentos multidisciplinares e as redes de acolhimento se tornam instrumentos de sobrevivência e reconstrução, de acordo com a advogada Dra. Nivea Ferreira.
A violência contra a mulher no Brasil é um problema estrutural que assume muitas formas: física, psicológica, sexual, patrimonial e moral. Segundo a profissional, da agressão direta à manipulação emocional, do controle financeiro à difamação pública, são múltiplos os caminhos pelos quais uma mulher pode ser ferida — e todos eles são crimes previstos em lei.
Dra. Nivea explica que a Lei Maria da Penha, desde 2006, é um marco no combate à violência doméstica, oferecendo medidas protetivas urgentes, como o afastamento do agressor e a proibição de contato com a vítima. Também foram criados os juizados especiais de violência doméstica, delegacias especializadas e centros integrados, como a Casa da Mulher Brasileira, que reúne atendimento jurídico, psicológico e social em um único espaço. No entanto, a desigualdade de acesso persiste: muitos municípios, sobretudo os pequenos, ainda não contam com essa estrutura. Além disso, para ela, o funcionamento das políticas públicas varia drasticamente entre regiões, e a falta de capacitação contínua de profissionais da segurança e da justiça fragiliza o sistema de proteção. É nesse contexto que as redes de apoio — muitas vezes formadas por mulheres, para mulheres — vêm se destacando.

A advogada atenta que, se afastar do agressor é apenas o primeiro passo. O que vem depois é, muitas vezes, mais difícil: reconstruir-se emocionalmente, retomar a autonomia e se sentir segura no mundo novamente. “Por isso, as associações de apoio à mulher em situação de violência surgem como braços essenciais dessa luta”, afirma.
Essas iniciativas vão desde ONGs e coletivos locais até plataformas digitais que conectam vítimas a profissionais voluntários — advogadas, psicólogas, assistentes sociais. Oferecem acolhimento, orientação jurídica, atendimento psicológico, segurança e um espaço seguro onde a mulher pode se sentir escutada sem julgamentos.

Mais do que prestar serviços, essas redes reconhecem o valor da vivência de cada mulher, sem minimizar seu sofrimento. E fazem isso com um olhar humanizado, validando sua dor e, ao mesmo tempo, reforçando sua força.
De acordo com a advogada, para que essas redes tenham efetividade, é fundamental que haja articulação com o poder público. Integração de serviços, acessibilidade (inclusive online) e capacitação técnica contínua dos profissionais envolvidos são alguns dos focos principais. A mulher precisa encontrar ajuda próxima, em linguagem clara, no tempo certo — seja presencialmente ou por meios digitais. Há também a urgência de incluir mulheres trans, migrantes e outras em situação de vulnerabilidade nas políticas e nos serviços de acolhimento. Ainda há lacunas graves na legislação e, mais do que isso, na aplicação das políticas em contextos diversos.
Na prática, toda mulher pode — e deve — contar com suporte integral: jurídico, psicológico e social. Procurar uma advogada de confiança é mais do que buscar orientação legal; é também encontrar um espaço de escuta, encaminhamento e fortalecimento emocional. “A violência de gênero é uma ferida aberta na sociedade brasileira, mas existem caminhos possíveis de cura. E eles passam, necessariamente, pela escuta ativa, pela formação de redes de apoio e por políticas públicas que enxerguem cada mulher como um ser completo — com direitos, com história e com potência”, conclui Dra. Nivea Ferreira


 

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AMANDA MARIA SILVEIRA
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