Câncer de rim: com sintomas silenciosos, diagnóstico precoce ainda é um desafio

Campanha internacional chama atenção para fatores de risco e reforça a importância do acompanhamento médico regular

Ana Cajado
24/06/2025 13h56 - Atualizado há 6 horas

Câncer de rim: com sintomas silenciosos, diagnóstico precoce ainda é um desafio
Divulgação

Silencioso e muitas vezes identificado por acaso, em exames de imagem, o câncer de rim segue como uma neoplasia pouco debatida. Apesar de representar cerca de 3% dos tumores malignos urológicos no Brasil, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), sua incidência está crescendo, especialmente entre pessoas com fatores de risco como tabagismo, obesidade, hipertensão e alto consumo de carne vermelha e gordura animal. Para ampliar a conscientização sobre a doença, esse mês marca a campanha Junho Verde, com foco na divulgação de sintomas, fatores de risco, formas de diagnóstico e avanços no tratamento.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 400 mil pessoas são diagnosticadas com câncer renal todos os anos, com cerca de 150 mil mortes atribuídas à doença. “Estamos diante de uma condição silenciosa, mas que, quando identificada precocemente, apresenta altas chances de cura. Nosso papel é estimular o cuidado com a saúde renal e levar informação qualificada à população, especialmente aos grupos de risco”, afirma o Dr. Stênio Zequi, líder do Centro de Referência em Tumores Urológicos do A.C.Camargo Cancer Center.

Fatores de risco da doença e diagnóstico precoce

Apesar de considerada de baixa incidência, a doença acomete mais frequentemente homens entre 50 e 70 anos, sendo menos comum entre as mulheres. A presença de casos na família, aliada a hábitos como hipertensão, tabagismo, obesidade e diabetes, aumenta o risco. Por isso, manter o acompanhamento médico regular é essencial, uma vez que o diagnóstico precoce ainda é um desafio. 

O tabagismo, em especial, tem sido apontado como um dos principais fatores, não apenas no desenvolvimento do câncer renal, mas também no desfecho de seus tratamentos. Um estudo de Harvard, publicado na revista JAMA Surgery, com coparticipação da equipe médica do A.C.Camargo, traz dados de mais de 44 mil pacientes. Nela, foi revelado que fumantes têm risco 50% maior de morrer até três meses após uma cirurgia oncológica, quando comparados a não fumantes. O urologista Stênio Zequi ressalta a importância de tentar modificar esses fatores de risco. “Sempre recomendamos ter uma boa alimentação, reduzindo o sódio, o açúcar e o tabagismo, além de praticar atividades físicas e fazer exames com frequência”, afirma.

Mobilização global pela saúde dos rins

Neste ano, a campanha internacional liderada pelo IKCC – International Kidney Cancer Coalition – reúne organizações de pacientes de mais de 40 países. Com o tema “Demonstre amor pelos seus rins”, o movimento de 2025 traz um guia simples com três exames renais essenciais para quem vive com a doença, além de dicas de estilo de vida e orientações práticas para pacientes e cuidadores.

A partir de uma pesquisa global da IKCC com 2.677 pacientes e cuidadores foi possível fazer uma análise sobre o tipo de neoplasia. O levantamento apontou que, pela primeira vez, mais da metade dos pacientes (55%) se sentiu plenamente envolvida nas decisões sobre seu tratamento, um avanço importante em relação às edições anteriores.

Entre os participantes, 62% foram diagnosticados com carcinoma de células claras, a forma mais comum da doença, e 36% convivem com doença metastática. Outro dado que chama atenção: 39% relataram alterações na função renal após o tratamento.

Estou com câncer de rim. E agora?

Receber o diagnóstico de câncer de rim pode ser desafiador, mas hoje há diversas opções de tratamento disponíveis, que variam conforme o estágio da doença  e as condições clínicas do paciente. A cirurgia segue como o principal recurso com técnicas minimamente invasivas como a laparoscopia ou a cirurgia robótica, que reduzem o tempo de recuperação e as complicações pós-operatórias.

Nos casos mais avançados, há alternativas como terapias-alvo e imunoterapia, que têm revolucionado o tratamento do câncer renal ao estimular o próprio sistema imunológico a combater as células tumorais. 


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BRUNA ROBERTI ALVES
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