Educação básica se reinventa para lidar com o excesso de telas e a perda de atenção dos alunos

Instituições de ensino adotam novas metodologias e ambientes de aprendizagem para enfrentar os efeitos da hiperconectividade entre crianças e adolescentes

GIOVANNA ALVES
24/06/2025 14h40 - Atualizado há 15 horas

Educação básica se reinventa para lidar com o excesso de telas e a perda de atenção dos alunos
Banco de imagem/Freepik

O uso excessivo de telas e a consequente redução da capacidade de concentração das crianças são hoje um dos principais desafios enfrentados pelas escolas de educação básica. Um levantamento da Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que crianças de 5 a 17 anos passem no máximo duas horas por dia em frente a telas fora do horário escolar. No entanto, a média global já ultrapassa as seis horas diárias, segundo estudo da Common Sense Media (2023). Diante desse cenário, instituições de ensino no Brasil têm reavaliado suas práticas pedagógicas para manter os alunos engajados e saudáveis.

Para lidar com os impactos da hiperconectividade, muitas escolas estão incorporando metodologias ativas, como a aprendizagem baseada em projetos (PBL) e o ensino híbrido com foco na resolução de problemas concretos. Conforme Maria Claudia Amaro, fundadora da Rhyzos Educação, instituição destinada a criar, desenvolver, apoiar e investir em negócios e iniciativas em educação básica no Brasil, a ideia é engajar os estudantes com desafios reais e conectados ao seu cotidiano, favorecendo a concentração e o desenvolvimento do pensamento crítico.

Além de mudanças metodológicas, o espaço físico também tem passado por transformações. Ambientes mais dinâmicos, flexíveis e interativos ajudam a reduzir o cansaço mental e contribuem para a atenção plena. Escolas têm investido em salas temáticas, áreas verdes para aulas ao ar livre e na reorganização do tempo pedagógico para reduzir a sobrecarga digital, especialmente nos anos iniciais do ensino fundamental, ainda segundo Amaro. 

“Outro ponto de atenção tem sido o desenvolvimento de habilidades socioemocionais. Programas de educação emocional, mindfulness e rodas de conversa passaram a fazer parte da rotina dos alunos desde a primeira infância. A intenção é apoiar as crianças na construção de estratégias para lidar com a ansiedade e a dispersão causadas pela exposição contínua a estímulos digitais”, complementa a especialista em educação.

Segundo um levantamento feito pelo instituto de pesquisa Ipec, 31% dos professores relatam desinteresse dos estudantes pós-pandemia, um reflexo direto do tempo excessivo em frente às telas durante o isolamento social.

Para a Maria Claudia, o cenário atual exige uma revisão profunda da forma como se aprende e se ensina: “Estamos diante de uma geração exposta a estímulos constantes e imediatos. Isso altera não só a atenção, mas também a maneira como o cérebro aprende. A escola precisa criar experiências significativas e envolventes, que façam sentido para o aluno de hoje. A questão não é ser contra o digital, mas entender que o excesso desconecta as crianças do presente e do outro. É urgente repensar o equilíbrio entre recursos tecnológicos e relações humanas no processo educacional”.


 

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GIOVANNA REBELO ALVES
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