A recente proposta do vereador de Porto Alegre, Moisés Barboza (PSDB), que obriga a apresentação de atestado médico para participação em corridas de rua no município, acendeu um sinal de alerta no mercado de eventos esportivos e entre os praticantes da modalidade. Pela proposta, o atestado precisa ser emitido por um médico com registro no CRM, comprovando que o participante está apto para atividades físicas de alta intensidade.
O documento pode ser apresentado fisicamente ou online no ato da inscrição. A medida, no entanto, não vale para eventos recreativos, sem caráter competitivo e com percursos inferiores a 3 km. Organizadores que descumprirem as regras podem ser advertidos, multados em R$ 900 e até ter o alvará suspenso por dois anos em caso de reincidência.
Apesar da intenção de promover segurança, o projeto gerou discussões no setor. Para Daniel Krutman, CEO da Ticket Sports, a obrigatoriedade pode trazer efeitos contrários aos objetivos.
“Alguns países da Europa, como França e Itália, possuem essa exigência regulamentada, mas são locais onde há uma maior oferta de saúde pública. A maioria do mundo não tem essa obrigatoriedade. É muito importante se cuidar e conscientizar, mas imagino que podemos ter reflexos paradoxais em um esporte que é tão democrático. Criam-se barreiras”, alerta Daniel.
O executivo também questiona a velocidade com que uma medida como essa está sendo proposta, antes de um debate mais amplo com os setores envolvidos.
“A Lei me parece um pouco sensacionalista. O acontecimento é trágico e sim, deve despertar debates na sociedade. Mas ainda é cedo para impor leis que deixam as pessoas mais longe do esporte. É por esse caminho? Não vale abrir espaços de conversa e escutar mais especialistas antes de impor barreiras para atletas amadores? Antes da lei, precisamos do debate com todos os setores do esporte”, conclui o CEO.
A discussão segue aberta, levantando pontos importantes sobre segurança, acesso, responsabilidade dos organizadores e também sobre o impacto de medidas que, embora bem intencionadas, podem acabar restringindo a prática esportiva para milhares de pessoas.
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Katarine Monteiro Luis Viana
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