Cuidados Paliativos: abordagem médica busca aliviar o sofrimento e garantir dignidade a pacientes

Médica paliativista explica que o tratamento melhora a qualidade de vida, reduz hospitalizações e pode até aumentar a sobrevida

BERNARDO BRUNO
16/06/2025 10h47 - Atualizado há 18 horas

Cuidados Paliativos: abordagem médica busca aliviar o sofrimento e garantir dignidade a pacientes
Reprodução

Os cuidados paliativos têm ganhado cada vez mais espaço na área da saúde e no debate público, apesar de ainda ser uma abordagem médica cercada de tabus, polêmicas e desinformação. O modelo de atenção e cuidado tem como foco o tratamento não dos sintomas de uma doença, mas dos sintomas de sofrimento do paciente e dos familiares.

Recentemente, esse tipo de assistência ganhou destaque por ser adotado por celebridades no fim da vida, como a atriz Aracy Balabanian, o jogador de futebol Pelé, a cantora Rita Lee e o músico inglês David Bowie. Já a influenciadora de 19 anos, Isabel Veloso, compartilha diariamente em suas redes sociais os desafios no tratamento de câncer com leveza, ressaltando a importância da paliação para lidar com uma doença tão grave e mortal.

“Cuidados paliativos são uma abordagem de cuidado voltada para melhorar a qualidade de vida de pessoas que enfrentam doenças ameaçadoras da vida, como câncer, doenças neurológicas, insuficiências crônicas e outras condições graves. O foco é aliviar o sofrimento físico, emocional, social e espiritual. Além de proporcionar conforto, dignidade e autonomia”, explica a coordenadora do pronto-socorro e médica paliativista do Hospital São José, Dra. Camila Grandini.

A paliativista explica que esse tipo de assistência pode começar desde o diagnóstico da doença e ser oferecida junto ao tratamento convencional, como quimioterapia, radioterapia ou procedimentos cirúrgicos. “Muitas pessoas acreditam que cuidados paliativos significam que ‘não há mais o que fazer’, mas, na verdade, há muito o que ser feito para aliviar sintomas como dor, falta de ar, ansiedade, depressão e sofrimento existencial. Cuidados paliativos não substituem o tratamento tradicional — eles complementam”, destaca a médica.

O tratamento é recomendado para pacientes com doenças progressivas e crônicas que colocam a vida em risco, como: câncer, alzheimer e demências, esclerose lateral amiotrófica (ELA), insuficiência cardíaca ou renal avançada, entre outras. Apesar de não substituir o tratamento tradicional, a paliativista explica que a abordagem apresenta benefícios comprovados pela ciência e pela literatura médica: “estudos mostram que esse modelo de cuidado melhora a qualidade de vida, reduz hospitalizações e até aumenta a sobrevida em alguns casos”, completa a Dra. Camila.

Além disso, é importante ressaltar que os cuidados paliativos envolvem uma verdadeira rede de apoio integral aos pacientes formada por equipe multiprofissional e interdisciplinar. Geralmente são compostas por médicos, enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais, fisioterapeutas, nutricionistas e apoio espiritual, como capelãos ou representantes religiosos. Segundo a especialista, a equipe atua de forma integrada, avaliando as necessidades do paciente e da família em todas as dimensões, com plano de cuidado individualizado e escuta ativa para entender o que é mais importante para cada paciente.

Durante o processo, a família também é considerada parte do cuidado, sendo orientada, acolhida pela equipe e participando das decisões. “O cuidado paliativo transforma o fim de vida em um processo mais humano, digno e acolhedor. Sabemos que chegar ao fim não é fácil, é cheio de incertezas e sofrimentos. Nosso papel é sempre respeitar o sagrado de cada um e fazer com que o fim seja cheio de carinho e dignidade, tanto com o paciente quanto com sua família”, conclui a médica do Hospital São José.


 

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BERNARDO DE QUADROS BRUNO
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