Food trucks se consolidam como alternativa promissora no setor de alimentação fora do lar

Modelo combina mobilidade, custo reduzido, identidade de marca e adaptação a diferentes públicos, atraindo consumidores e empreendedores em todo o país

TATIANE FERREIRA
13/06/2025 17h23 - Atualizado há 16 horas

Food trucks se consolidam como alternativa promissora no setor de alimentação fora do lar
Foto de Clem Onojeghuo

Com operação enxuta, investimento inicial mais acessível e alta capacidade de adaptação, os food trucks têm ganhado destaque no setor de alimentação fora do lar no Brasil. A proposta de negócios sobre rodas, que alia criatividade, agilidade e contato direto com o público, tem se mostrado uma alternativa viável frente aos altos custos de um ponto fixo — especialmente nas grandes cidades.

Além de atender à demanda por conveniência e rapidez, o modelo permite testar novos produtos e alcançar públicos variados, circulando por eventos, feiras e festivais gastronômicos. A expansão dos food trucks acompanha mudanças no comportamento de consumo, cada vez mais voltado a experiências e formatos flexíveis de alimentação.

Mobilidade que se transforma em marca

Casos como o do Extraordinário Food Truck, em Minas Gerais, e do Cozinha dos Fundos, em Mato Grosso, mostram o potencial de transformação do modelo. À frente do Extraordinário, Glayber Ferreira percorre dezenas de cidades com um cardápio focado em hambúrgueres artesanais, adaptado conforme o perfil do evento. “A concorrência aumentou bastante nos últimos anos, mas isso nos impulsiona a manter a excelência. As redes sociais e o boca a boca têm sido essenciais para conquistar novos clientes”, conta.

Em Cuiabá, o chef e empresário Márcio Augusto Patrício opera o Cozinha dos Fundos desde 2015. Hoje, o food truck funciona de forma integrada ao restaurante fixo. “A cozinha do truck é voltada à finalização dos pratos. O preparo principal é feito no restaurante, o que garante mais agilidade e padrão de qualidade”, explica.

Nos dois casos, a estrutura sobre rodas deixou de ser apenas um ponto de venda para se tornar parte essencial da estratégia do negócio, tanto em termos de identidade quanto de presença de marca. A mobilidade, longe de ser apenas conveniência, virou diferencial competitivo.

Modelo acessível, mas que exige preparo

Ainda que o investimento inicial e a estrutura sejam mais enxutos, o sucesso de um food truck está longe de depender apenas disso. Em muitos casos, a equipe é reduzida e o cardápio, simplificado — o que ajuda a manter os custos sob controle. Porém, para garantir resultados consistentes, é necessário planejamento logístico, controle de insumos e habilidade para se adaptar rapidamente a diferentes contextos.

“A grande vantagem dos food trucks está justamente na operação que permite testar cardápios, rotas e públicos com mais agilidade e menos risco financeiro”, avalia José Eduardo Camargo, líder de conteúdo e inteligência da Abrasel. “Mas não se trata de um modelo fácil: o empreendedor precisa ser versátil, ter domínio da gestão e estar preparado para lidar com instabilidade de eventos externos, como o clima, sazonalidades e possíveis imprevistos técnicos”.

George Rodrigues, proprietário do My Burger Brasil, localizado em Recife, sabe bem disso, e ressalta outro contraponto: a limpeza e segurança dos alimentos. "Precisamos garantir um abastecimento de energia adequado e estável, o que é muito complicado, e prejudica muito a operação e abastecimento de água. Isso é essencial para garantir a limpeza e segurança na manipulação dos alimentos", diz.

Embora mais flexível do que um restaurante tradicional, o food truck também exige consistência no atendimento e construção de vínculo com o público. A experiência direta e menos formal é um diferencial importante. “Há um valor simbólico na experiência do cliente quando ele encontra o truck na rua ou em um evento. O contato é mais próximo, e isso cria vínculos”, complementa Camargo. “Muitos consumidores passam a seguir o negócio nas redes sociais e acompanham a agenda. Poucos formatos permitem esse nível de conexão”.


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TATIANE RAQUEL FERREIRA RIBEIRO
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