Calor ou frio repentinos podem afetar o coração
Congresso da SOCESP mostra que mudanças bruscas de temperatura aumentam o risco de infarto e outras doenças cardiovasculares, principalmente entre idosos e pessoas vulneráveis. As conclusões sobre o tema serão encaminhadas para a COP30
JOSé LUCHETTI
13/06/2025 14h51 - Atualizado há 16 horas
Ricardo Pavanello_divulgação da SOCESP
Um dos destaques do 45º Congresso da SOCESP (Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo) será a crescente evidência científica sobre o impacto da variação diária de temperatura na saúde cardiovascular, especialmente em populações vulneráveis. Novos estudos analisados, que serão debatidos no evento, reforçam que tanto o calor extremo quanto as quedas bruscas de temperatura estão associados ao aumento do risco de eventos cardiovasculares e mortalidade. O presidente do 45º Congresso, Ricardo Pavanello, cita um estudo conduzido pelo assessor científico da SOCESP, Luiz Antônio Machado Cesar, que constatou aumento de infartos, cerca de 30%, quando as temperaturas ficam abaixo dos 14 graus. O trabalho observou um risco maior conforme o termômetro baixam ainda mais e em pessoas acima dos 65 anos, por terem incidência também de outros fatores de risco ao coração, como hipertensão, colesterol elevado, diabetes, obesidade, entre outros. “A prevenção aqui é evitar o choque térmico e sair para a rua bem agasalhado”, orienta. Ricardo Pavanello comenta pesquisas realizadas em países tropicais como a Colômbia revelando que mudanças diárias de temperatura influenciam significativamente os índices de mortalidade cardiovascular. Em locais com menor variação sazonal, como nos trópicos, a população tem menos capacidade de adaptação fisiológica a mudanças abruptas no clima, o que agrava os efeitos adversos à saúde. Por outro lado, um estudo colombiano, que analisou dados de 1.117 municípios, demonstrou que temperaturas máximas diárias acima de 30°C e mínimas superiores a 20°C aumentam de forma expressiva o risco de mortalidade cardiovascular em indivíduos com mais de 60 anos. O risco observado foi 85,6% maior. No Brasil, os dados seguem a mesma tendência. Em São Paulo, por exemplo, temperaturas máximas acima de 35°C foram associadas a um risco relativo superior a 1,05 para mortalidade por infarto, sinalizando um risco aumentado de eventos fatais durante ondas de calor. Já no Nordeste, estudos de séries temporais demonstraram correlação estatística entre variações meteorológicas, incluindo oscilações de temperatura, e internações por doenças cardiovasculares. Embora o frio extremo seja apontado como um fator de risco importante, nas regiões tropicais o calor excessivo também exerce efeitos adversos, como o aumento da viscosidade sanguínea e dos níveis de colesterol – fatores que contribuem para eventos cardíacos. Segundo o cardiologista Ricardo Pavanello, as evidências apresentadas no Congresso da SOCESP reforçam a necessidade de atenção às mudanças climáticas e suas repercussões diretas na saúde cardiovascular. “A variação diária de temperatura, especialmente os extremos de calor e frio, representa um fator de risco real e mensurável para a população, exigindo ações de saúde pública voltadas à prevenção e mitigação dos efeitos do clima sobre o coração. Por isso que neste ano, idealizamos uma Arena ESG que irá debater essa temática ao longo dos três dias do evento”, conclui. As conclusões das plenárias serão encaminhadas para a COP30, que ocorrerá em novembro, em Belém (Pará). Notícia distribuída pela saladanoticia.com.br. A Plataforma e Veículo não são responsáveis pelo conteúdo publicado, estes são assumidos pelo Autor(a):
JOSE ROBERTO LUCHETTI
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