Inverno agrava doenças vasculares e aumenta risco de trombose

Inchaço persistente, cãibras frequentes, formigamento, alterações na cor da pele e feridas de difícil cicatrização são sinais de má circulação que merecem avaliação médica

BETE FARIA NICASTRO
10/06/2025 09h09 - Atualizado há 1 dia

Inverno agrava doenças vasculares e aumenta risco de trombose
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Com a chegada das temperaturas mais baixas, os cuidados com a saúde vascular ganham ainda mais importância. A contração natural dos vasos sanguíneos nas extremidades do corpo durante o frio, combinada com a tendência à imobilidade, favorece o agravamento de problemas circulatórios. O alerta é da angiologista e cirurgiã vascular Dra. Lidiane Rocha.

Segundo a especialista, que também integra a Comissão de Flebologia da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular – Regional São Paulo (SBACV-SP), o frio provoca uma vasoconstrição — ou seja, um estreitamento dos vasos sanguíneos — principalmente nas mãos e pés. “O corpo tenta manter o calor nos órgãos vitais, reduzindo o fluxo sanguíneo periférico. Isso pode causar dormência, formigamento e até dor”, explica. Mesmo quem não tem diagnóstico de doença vascular pode apresentar sinais de má circulação, como mãos e pés frios, dormência e sensação de peso nas pernas. “São reações comuns do corpo à queda de temperatura, especialmente se a pessoa fica muito tempo imóvel ou em ambientes frios”, completa.


Essa combinação de frio e sedentarismo contribui para o acúmulo de sangue nas pernas, o que agrava quadros como varizes e inchaços e aumenta o risco de trombose venosa profunda. Doenças como hipertensão arterial e o fenômeno de Raynaud — que provoca espasmos nos vasos dos dedos — também tendem a se intensificar nessa estação. “O frio é um gatilho importante para crises de Raynaud. Os vasos dos dedos sofrem espasmos, causando palidez, dor, sensação de agulhadas e coloração azulada. Por isso, é fundamental manter as mãos protegidas e aquecidas”, destaca a médica.

Alguns sintomas indicam que a circulação pode estar comprometida e exigem atenção médica. Entre eles, estão o inchaço persistente, cãibras frequentes, formigamento, mudança na coloração da pele — como palidez ou tom arroxeado — e feridas que demoram a cicatrizar. “Esses sinais podem indicar que o sangue não está circulando bem e devem ser avaliados por um especialista”, reforça.

Como prevenir os problemas circulatórios no frio
Para preservar a saúde vascular no inverno, a Dra. Lidiane recomenda cuidados simples, mas eficazes no dia a dia: evitar longos períodos sentado, usar roupas confortáveis (sem apertar), manter-se fisicamente ativo, hidratar-se bem — mesmo no frio — e, ao repousar, elevar as pernas. Ela explica que roupas justas dificultam o retorno venoso e linfático, e que o frio acentua esse efeito. “A imobilidade favorece a estagnação do sangue nas pernas, e roupas apertadas agravam ainda mais esse quadro”, alerta.

A prática de exercícios físicos é uma das formas mais eficientes de manter a circulação ativa. “Caminhadas, exercícios em casa, dança, bicicleta ergométrica, hidroginástica em piscina aquecida. O importante é manter o corpo em movimento. A regularidade conta mais do que a intensidade”, esclarece. E a alimentação deve ser monitorada: “No inverno, é comum aumentar o consumo de sal e gordura, o que prejudica a circulação. Recomendo uma dieta rica em fibras, vegetais, frutas vermelhas e alimentos com ômega-3, como peixes e sementes.”

As meias de compressão também são ótimas aliadas, especialmente para pessoas com varizes, pernas cansadas ou inchadas, gestantes e pacientes com histórico de trombose. “Elas ajudam no retorno do sangue das pernas ao coração, mas devem ser usadas sempre com orientação médica”, aconselha. Aquecer o corpo é essencial para evitar a contração dos vasos. No entanto, a médica alerta para o uso cuidadoso de fontes de calor direto. “Bolsas térmicas e aquecedores não devem ser aplicados diretamente sobre a pele, sobretudo em pessoas com diabetes ou sensibilidade reduzida, para evitar queimaduras”.

Por conta do clima mais ameno e da menor exposição solar, o inverno é considerado uma das melhores épocas para o tratamento de varizes. “É um período ideal para realizar escleroterapia. O uso das meias de compressão torna-se mais confortável e há menor risco de manchas pós-tratamento. A recuperação costuma ser mais tranquila”, afirma.

Pessoas com doenças crônicas, como diabetes, obesidade, hipertensão e histórico vascular, devem redobrar os cuidados nessa época do ano. Em muitos casos, pode ser recomendada a realização de exames preventivos, como o ecodoppler das pernas. A Dra. Lidiane reforça ainda a importância do acompanhamento multidisciplinar na prevenção de complicações vasculares. “A circulação depende de vários fatores — alimentação, atividade física, controle de doenças crônicas. Quando o cuidado é feito em equipe, com médicos, nutricionistas, fisioterapeutas e enfermeiros, os resultados são mais eficazes.”

Ela cita um caso de sucesso envolvendo esse tipo de abordagem: “Tive um paciente com diabetes e uma ferida na perna que estava evoluindo mal. Com o trabalho conjunto do cirurgião vascular, endocrinologista, nutricionista e fisioterapeuta, conseguimos controlar a glicemia, fazer curativos adequados e ajustar a alimentação. A ferida cicatrizou completamente e ele voltou à rotina com segurança.”

A SBACV-SP tem como missão levar informação de qualidade sobre saúde vascular à população. Para outras informações acesse o site e siga as redes sociais da Sociedade (Facebook e Instagram).
 
 

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MARIA ELISABETE DE FARIA NICASTRO
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