Médica do Rio de Janeiro alerta: Brasil enfrenta uma epidemia silenciosa
Capital fluminense lidera o ranking nacional, com 65,2% da população acima do peso
SARAH MONTEIRO
09/06/2025 14h39 - Atualizado há 8 horas
Divulgação
O Brasil enfrenta uma epidemia silenciosa: a obesidade. Dados do relatório Global Obesity Observatory revelam que mais de 30% dos brasileiros vivem com obesidade, e mais de 68% estão com excesso de peso. No Rio de Janeiro, a situação é ainda mais crítica: a capital fluminense lidera o ranking nacional, com 65,2% da população acima do peso. Em São Paulo, 24,3% dos adultos já são considerados obesos. Para a nutróloga e endocrinologista Bruna Manes, o número crescente de pessoas com sobrepeso e obesidade é reflexo de uma vida cada vez mais acelerada, estressante e desconectada das necessidades do próprio corpo. “As pessoas buscam soluções rápidas, mas o emagrecimento saudável não é um atalho — é um processo que envolve mudança de mentalidade, rotina e autocuidado”, afirma a médica. A “moda” das canetas emagrecedoras e seus riscos Nos últimos anos, o uso de medicamentos injetáveis para emagrecer — popularmente chamados de “canetas” — se tornou febre no Brasil. Semaglutida (presente em medicamentos como Ozempic e Wegovy), liraglutida (Saxenda, Victoza) e, mais recentemente, tirzepatida (Mounjaro) passaram a ser amplamente procuradas por quem deseja perder peso de forma mais rápida. Dra. Bruna vê com cautela esse movimento e reforça que o uso desses fármacos deve ser sempre acompanhado por um médico: “Esses medicamentos podem sim ser aliados importantes, principalmente em casos de obesidade ou comorbidades como diabetes tipo 2. Mas não são mágicos. Se usados sem acompanhamento, trazem riscos importantes, como perda de massa muscular, carências nutricionais e até queda capilar.” A médica explica que emagrecimentos muito rápidos — especialmente sem orientação adequada — podem causar desequilíbrios hormonais e deficiências de vitaminas e minerais essenciais, como ferro, zinco e biotina, comprometendo a saúde da pele, das unhas e dos cabelos. “Perder peso de forma acelerada sem reposição adequada pode levar à queda significativa de cabelo. Além disso, a perda de massa muscular reduz o metabolismo basal e dificulta a manutenção do peso a longo prazo.” Ela também lembra que a Anvisa determina que essas medicações só podem ser vendidas com receita médica retida, justamente para evitar o uso indiscriminado e sem acompanhamento profissional. Corpo, mente e rotina: os pilares do emagrecimento saudável Muito além de medicamentos, Dra. Bruna destaca que emagrecer com saúde exige um olhar integral sobre o corpo. “Alimentação balanceada, atividade física regular, sono de qualidade e controle do estresse são a base de qualquer tratamento eficaz. Não existe fórmula que substitua o básico bem feito.” O estresse, segundo a especialista, tem papel central na dificuldade para emagrecer. “O cortisol elevado, provocado pelo estresse crônico, favorece o acúmulo de gordura, principalmente na região abdominal. E a privação de sono desregula os hormônios da saciedade, fazendo com que a pessoa sinta mais fome e tenha mais vontade de consumir alimentos calóricos”, explica. Individualização e consciência: a chave para resultados duradouros Dra. Bruna reforça que cada pessoa tem um tempo, um histórico e uma trajetória únicos — e, por isso, os tratamentos precisam ser individualizados. “O plano alimentar e o uso de medicamentos devem ser personalizados, baseados em evidências científicas, mas também considerando o estilo de vida, as emoções e os hábitos de cada paciente. E sempre com o objetivo de promover saúde, bem-estar e qualidade de vida.” Cuidar de si é um ato de responsabilidade Para a médica, o emagrecimento saudável é também uma forma de reconexão com o próprio corpo e com escolhas conscientes. “Quando a gente começa a se ouvir, a respeitar os sinais do corpo e a colocar o autocuidado como prioridade, os resultados aparecem — não só na balança, mas na disposição, na autoestima, na saúde física e mental.” O desafio da obesidade no Brasil não será resolvido com promessas fáceis. Mas, como defende Dra. Bruna Manes, é possível enfrentá-lo com informação, apoio profissional e consistência — um passo de cada vez. Notícia distribuída pela saladanoticia.com.br. A Plataforma e Veículo não são responsáveis pelo conteúdo publicado, estes são assumidos pelo Autor(a):
SARAH MONTEIRO DE CARVALHO
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