Problemas dentários estão entre os principais fatores de risco para doenças cardiovasculares

45% das enfermidades cardíacas e 36% das fatalidades delas derivadas começam pela cavidade bucal. Durante o Congresso da SOCESP, entre 19 e 21 de junho, o Departamento de Odontologia da entidade levará as principais orientações para evitar complicações durante tratamentos odontológicos.

JOSé LUCHETTI
09/06/2025 17h19 - Atualizado há 7 horas

Problemas dentários estão entre os principais fatores de risco para doenças cardiovasculares
Frederico Buhatem de Medeiros_divulgação da SOCESP
Algumas patologias ou tratamentos odontológicos podem desencadear ou exacerbar doenças cardiovasculares (DCVs). 45% das enfermidades cardíacas e 36% das fatalidades delas derivadas começam na cavidade bucal. “A interligação infecção dentária e coração acontece via corrente sanguínea. As bactérias e outros agentes inflamatórios originários da boca migram para o sistema cardiovascular, em processo conhecido por bacteremia”, explica assessor científico do Departamento de Odontologia da SOCESP – Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo Frederico Buhatem Medeiros.
Medeiros é um dos autores da revisão integrativa sobre os fatores de risco odontológicos que comprometem a saúde cardíaca. O artigo Recomendações Odontológicas para Tratamento Endodôntico em Pessoas com Doenças Cardiovasculares foi publicado na Revista da SOCESP e traz evidências sobre a relação terapia endodôntica e DCVs. As conclusões serão discutidas no Congresso da SOCESP, que acontece entre os dias 19 e 21 de junho, no Transamerica Expo Center, em São Paulo.
O trabalho trata também da doença periodontal - inflamação crônica dos tecidos que suportam os dentes e chegam a causar sangramentos bucais, ou até a perda de dentes.  “Pacientes que apresentam este diagnóstico têm 5,3 vezes mais probabilidade de desenvolver DCVs”, diz Buhatem. A endocardite infecciosa – infecção das válvulas do coração – que pode acarretar complicações graves, incluindo insuficiência cardíaca – é um exemplo de consequência cardiovascular desta doença. “Ela desencadeia uma resposta inflamatória sistêmica, favorecendo a formação de placas ateroscleróticas, um dos fatores de risco para infarto e acidente vascular cerebral (AVC).”

A revisão integrativa alerta para a importância da avaliação clínica e radiográfica minuciosa antes de iniciar procedimentos conhecidos por tratamento de canal. Ao identificar cardiopatias, os cuidados devem ser redobrados. “Estratégias para o controle de ansiedade, gestão do tempo de consulta, indicação de profilaxia antibiótica, manejo de sangramento e controle da dor durante e pós-operatória são fatores essenciais para o bom andamento do tratamento.”
Outra orientação é não interromper o uso de antiagregantes plaquetários e anticoagulantes durante a terapia odontológica para procedimentos com baixo risco de sangramento.

Departamentos da SOCESP no Congresso
Para fomentar a integração entre outras áreas de saúde que se relacionam com a cardiologia, a SOCESP mantém oito departamentos: odontologia, educação física, enfermagem, farmacologia, fisioterapia, nutrição, odontologia, psicologia e serviço social. Todos, além do Grupo de Estudos de Cuidados Paliativos, estarão representados e participando das discussões do congresso, sempre com temas que fazem a intersecção entre suas áreas de atuação e a cardiologia.

 

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