O Fim do “American Dream”

TIBERIUS DRUMOND
03/06/2025 16h17 - Atualizado há 1 dia

O Fim do “American Dream”
Geovana Sampaio
Pelos noticiários, assistimos o fim simbólico do sonho americano, aquele que, por décadas, foi o motor do desejo de milhões ao redor do mundo. Houve um tempo em que dizer “América” não era apenas falar de um país. Era evocar uma ideia. Uma promessa. Um horizonte. A terra que prometia que qualquer um poderia ser tudo.

Essa ideia meritocrática, mesmo que utópica, seduziu o mundo, não pela força dos seus exércitos, mas, de forma espontânea, pela força dos seus símbolos amplamente disseminados: suas universidades, seus filmes, sua tecnologia ao lado de sua liberdade.


O soft power americano não se construiu com tanques, mas com uma ideia que cria sonhos resumidos num ideal: o “American Way of Life”. Foi assim que os Estados Unidos conquistaram não apenas territórios, mas corações e mentes. A cada filme de Hollywood, a cada discurso na ONU, a cada inovação do Vale do Silício, ecoava uma mensagem: aqui, você pode ser quem quiser. Entretanto, a nação que ascendeu sob os pilares do liberalismo — liberdade, livre mercado, autonomia e mobilidade — parece ter esquecido suas próprias raízes.

O governo que impôs tarifas ao mercado mundial, agora taxa também os sonhos. Ergue barreiras, não para proteger suas fronteiras, mas para proteger seus medos. Fecha as portas tanto da Universidade de Harvard, quanto das oportunidades, não por falta de espaço, mas por excesso de insegurança. Com isso, destroem-se vidas, sonhos, futuros. O país que prometeu ao mundo uma vida melhor, atualmente, escolhe a sua própria ruína, porque expulsar cérebros não é proteger-se, ao contrário, é sabotar-se. 

A ironia é sufocante. A nação que se construiu como farol da liberdade, no auge da expansão tecnológica, apaga sua própria luz. O país que dominou o mundo não apenas com armas, mas com cultura, ciência juntamente da esperança. Nos dias atuais, entrega, pelas próprias mãos, a chave do século XXI a outro. Porque enquanto a América fecha portas, numa das maiores universidades do mundo, a China abre laboratórios, universidades e centros de pesquisa. Enquanto os Estados Unidos da América escolhem a censura do saber, Pequim investe na ciência, na tecnologia, na inovação e no desenvolvimento global.

O que se vê, então, é mais do que uma crise institucional ou um equívoco político. O que se assiste é o fim simbólico do sonho americano, aquele que, por décadas, foi o motor do desejo de milhões ao redor do mundo. E, silenciosamente, se inicia o século da China. O eixo do mundo se desloca diante dos nossos olhos. Não por guerras, mas por escolhas. Por portas que se fecham de um lado em contrapartida de janelas que se abrem de outro.

E no silêncio frio dessa partida forçada, talvez reste à América uma reflexão amarga: nenhuma muralha, nenhum visto negado, nenhum muro invisível será capaz de conter a fuga de cérebros, a migração dos sonhos e a transferência do futuro para onde ainda se acredita nele.

(*) Geovana Sampaio é estudante-pesquisadora na UFPA, uma líder ativista pela democratização de oportunidades, a primeira paraense vencedora do Prêmio Mude o Mundo como uma Menina e criadora de conteúdo, compartilhando sobre Simulação da ONU em seu perfil @gegesampaiog.
 

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TIBERIUS CESAR DRUMOND FERREIRA PINTO
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FONTE: Geovana Sampaio
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