Em 11 de abril de 1993, sob uma chuva intensa em Donington Park, Ayrton Senna protagonizou uma das atuações mais lendárias da história da Fórmula 1. Com seu McLaren-Ford, largou da quarta posição e, em apenas uma volta, ultrapassou Schumacher, Wendlinger, Hill e Prost, assumindo a liderança em uma das manobras mais impressionantes já vistas. A partir daí, dominou a corrida com um controle quase sobre-humano no asfalto molhado, cruzando a linha de chegada com mais de um minuto de vantagem. Aquele Grande Prêmio da Europa ficou marcado como uma amostra perfeita do gênio brasileiro: velocidade, intuição, frieza e talento em seu estado mais puro.
Décadas depois, em tempos de Inteligência Artificial, dados em tempo real, redes sociais, Netflix, Gabriel Bortoleto, Verstappen, “Checo” Pérez e Franco Colapinto, chega a parecer paradoxal — até absurdo — pensar que naquela época as decisões estratégicas ainda podiam depender do instinto do engenheiro de pista ou da percepção do piloto. Hoje, o recorde de pit stop é de apenas 1,8 segundos, alcançado pela McLaren no Grande Prêmio do Catar de 2023. Em comparação, na época de Senna, uma parada poderia ultrapassar os 11 segundos — e não existiam sistemas preditivos que indicassem em milissegundos o momento ideal para ir aos boxes.
E o caso dessa equipe não é coincidência: a escuderia britânica utiliza IA para processar terabytes de dados em questão de segundos, melhorando drasticamente a velocidade na tomada de decisões cruciais, seja para chamar um pit stop ou ajustar as estratégias de corrida em tempo real.
Sob outra perspectiva, a experiência do fã também está sendo impactada por uma revolução sem precedentes, com acesso a dados técnicos dos carros e dos pilotos em tempo real. Na época de Senna, o mais próximo ao "em tempo real" era ouvir pelo rádio a posição atual ou esperar o resumo na TV para ver suas voltas mais rápidas, suas manobras cirúrgicas na chuva ou os segundos que ganhava volta após volta.
Hoje, Bortoleto, Verstappen, “Checo” Pérez, Colapinto e todos os protagonistas do esporte mais inovador do mundo contam com uma infinidade de informações processadas por Inteligência Artificial a cada segundo de corrida — e que estão transformando a Fórmula 1. Aqui, os 12 segredos da nova era automobilística, segundo a Globant:
1. IA e análise de dados em tempo real
A IA processa dados em tempo real para rastrear o desempenho de cada carro. Isso permite que as equipes tomem decisões à velocidade da luz, seja para chamar um pit stop ou ajustar a estratégia de corrida. Os enormes volumes de dados gerados em cada prova — desde os tempos de volta até a temperatura dos pneus — agora são processados em segundos, e não mais em horas, convertendo dados brutos em informações acionáveis quase instantaneamente.
2. Desempenho do piloto
A segurança também evoluiu com o apoio da IA. O aprendizado de máquina analisa o comportamento do piloto, a telemetria do carro e as condições da corrida em tempo real para prever riscos e evitar acidentes. Em caso de incidente, alertas baseados em IA garantem uma resposta médica imediata, tornando a F1® mais rápida e segura.
3. O poder dos gêmeos digitais e da IA
Um piscar de olhos, uma respiração, um centímetro ou um milésimo de segundo pode significar vitória ou derrota. As equipes de F1 usam gêmeos digitais para otimizar suas estratégias. Eles permitem simular com precisão componentes-chave, como aerodinâmica e freios, sem necessidade de testes físicos. Também replicam condições reais, como desgaste de pneus e consumo de combustível, além de antecipar movimentos dos rivais, testar múltiplos cenários e coordenar pilotos, engenheiros e estrategistas com muito mais eficiência.
4. A análise esportiva: um mercado de trilhões de dólares
As análises preditivas aprimoram a performance das transmissões ao vivo e influenciam diretamente a estratégia de corrida. A análise de dados, o aprendizado de máquina e os modelos estatísticos ajudam a prever resultados, melhorar estratégias de combustível e de pneus, e otimizar o desempenho dos carros.
Segundo a Fortune Business Insights, o mercado global de análise esportiva alcançará 32 trilhões de dólares até 2032, com um crescimento anual de 26,9%.
5. Interação dos fãs com robôs de IA
No Grande Prêmio do Bahrein de 2025, a F1 aproximou a corrida dos fãs do mundo inteiro com robôs movidos por IA. Quem não pôde estar presente interagiu em tempo real com os pilotos e explorou o paddock — uma experiência tecnológica inesquecível.
6. IA traz adrenalina e experiência técnica para os fãs
Com inovações como o F1 Insights, alimentado pela AWS, a IA, o aprendizado de máquina e a análise de dados em nuvem ajudam os fãs a entenderem melhor as estratégias de corrida, paradas nos boxes e desempenho dos carros por meio de visualizações gráficas simples e atrativas.
7. IA generativa para design de troféus
Num ousado encontro entre tradição e tecnologia, a F1 se uniu à AWS para criar troféus com IA generativa no Grande Prêmio do Canadá de 2024. O resultado? Peças de arte inovadoras que celebram o legado do esporte e apontam para o futuro.
8. Medidas de cibersegurança
Nos bastidores, a IA protege o ativo mais valioso da F1: os dados. Desde 2020, a Darktrace é parceira oficial de cibersegurança da McLaren. Em 2021, a Aston Martin firmou parceria com a SentinelOne, usando sua plataforma Singularity™, baseada em IA, para proteger grandes volumes de dados da equipe. Já em março de 2025, a Alpine anunciou uma colaboração com a empresa Arctic Wolf.
9. Estratégia da McLaren: IA e gêmeos digitais
A McLaren Racing também usa IA para melhorar o relacionamento com os fãs. Com a plataforma Einstein 1, a equipe integra mais de 12 fontes de dados com APIs reutilizáveis da MuleSoft, dando a mais de 2 mil funcionários uma visão 360° dos torcedores. Isso permite uma personalização em grande escala com IA, comunicações em tempo real via Marketing Cloud, e notificações push automáticas que alcançam milhões de fãs. Um enfoque orientado por dados que fortalece a ligação com seus 700 milhões de seguidores globais.
10. Transformação com IA no Pitwall da F1
O Team Content Delivery System (TCDS) melhora a forma como as equipes recebem e processam dados críticos durante a corrida. Ele permite decisões mais rápidas e precisas sob máxima pressão. O tempo de resposta caiu de 9 para menos de 5 segundos, ajudando equipes a obterem vantagem competitiva em tempo real, mesmo em conexões remotas via internet.
11. Experiências imersivas no design e treino de veículos
A F1 está integrando realidade virtual (VR) e realidade aumentada (AR) em diversas áreas do esporte. Equipes de ponta usam simulações avançadas para treinar pilotos e desenvolver carros em ambientes virtuais que replicam com precisão condições reais. A AR também é aplicada em treinos de pit stop, simulando clima e desgaste dos pneus — preparando melhor a equipe para qualquer cenário.
Para os fãs, a AR e os gráficos virtuais oferecem uma nova forma de acompanhar as corridas: visualizações interativas, sobreposições informativas e tours virtuais como o “Virtual Pit Tour” transformam o envolvimento com o esporte. No Paddock Club, os fãs competem em circuitos digitais com dispositivos de AR e VR, unindo entretenimento e tecnologia de ponta.
12. Edge computing e telemetria: a nova terminologia da F1
Na Fórmula 1, o edge computing e a telemetria são essenciais para otimizar performance e decisões em tempo real. A telemetria coleta e transmite dados de mais de 300 sensores instalados no carro, enquanto o edge computing permite processar tudo no próprio circuito, com latência mínima. Essa combinação torna a operação mais eficiente e reforça a segurança dos pilotos, identificando riscos em milissegundos e permitindo respostas imediatas.
"A IA aparece na F1 de várias formas. As equipes estão usando IA para serem mais eficientes. Como em todos os setores, tivemos que focar em sermos ágeis e eficazes, o que nos permite fazer coisas para as quais já não temos mão de obra. Nós, como emissora da F1, usamos a AWS para fornecer informações e dados aos fãs com todos os gráficos que vocês veem na tela — que ajudam a prever undercuts ou o tempo perdido nos boxes. Usamos algo chamado TrackPulse, que opera nos bastidores e nos ajuda a dirigir a transmissão global, destacando a ação para levá-la até vocês em casa. Ele nos permite processar dados de forma muito, muito eficiente", explica Ruth Buscombe Divey, estrategista de corridas na Fórmula 1, embaixadora da marca e consultora técnica da AWS Motorsports.
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VICTORIA VIANNA DE SOUZA
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