O ano de 2025 começou com grandes conquistas para o esporte brasileiro. Rebeca Andrade e Hugo Calderano, dois dos principais atletas olímpicos do país, brilharam no mês de abril, alcançando o lugar mais alto de pódios mundiais.
Maior medalhista olímpica do Brasil, a ginasta Rebeca Andrade foi coroada com o Prêmio Laureus, o Oscar do esporte, na categoria Retorno do Ano, pela conquista de 4 medalhas em Paris 2024, retornando de grave lesão no joelho. Hugo Calderano, mesatenista semifinalista em Paris 2024, conquistou a medalha de ouro da Copa do Mundo de Tênis de Mesa, vencendo os 3 primeiros colocados do ranking mundial, todos chineses. Com a conquista, Hugo chegou a inédita terceira posição no ranking.
Ambas as conquistas aumentam as expectativas sobre os atletas para as Olimpíadas de Los Angeles em 2028. Mas o que trouxe Rebeca e Hugo até aqui? O que o torcedor brasileiro pode esperar deles para este próximo ciclo olímpico? A iniciação precoce no treinamento, amplamente discutida entre técnicos e especialistas, parece ser pré-requisito para o sucesso de um atleta no alto rendimento esportivo.
Rebeca Andrade teve um início bem precoce na ginástica artística, aos 4 anos de idade. Aos 9 anos, já saiu de casa para dedicação diária aos treinos em Curitiba, e aos 10, fechou contrato com o Flamengo. Com 13 anos, integrou pela primeira vez a seleção brasileira de ginástica nos Jogos Panamericanos. Graves lesões no joelho vieram aos 16, aos 18 e aos 19 anos de idade. Atualmente com 24 anos, Rebeca parece ter alcançado o auge de sua carreira com 6 medalhas olímpicas e promete competir em Los Angeles 2028, mas já prevê uma redução de ritmo, deixando de fazer a prova de solo devido ao alto desgaste e às lesões. Uma ginasta olímpica se aposenta em média entre os 20 e 30 anos de idade.
Hugo Calderano iniciou no tênis de mesa “brincando” com seu pai. Aos 14 anos, resolveu investir na profissionalização no esporte. Também precoce, mas não tanto quanto Rebeca. Desde lá, o mesatenista vem numa crescente, melhorando seu desempenho nas 3 Olímpiadas das quais participou e conquistando o título mundial em abril de 2025, aos 28 anos de idade. No tênis de mesa, como o impacto é muito menor do que na ginástica, um atleta costuma competir em alto nível até os 40 anos ou mais, o que daria a Hugo pelo menos outras 3 Olimpíadas pela frente.
Um ponto parece comum não somente na carreira de Rebeca e Hugo, mas de todos os maiores atletas mundiais: o início precoce em uma rotina diária de altas cargas de treinamento. Algumas modalidades, que têm um tempo de carreira menor, como a Ginástica Artística, são ainda mais cruéis na idade de corte para a iniciação, expondo crianças de 5 e 6 anos a treinamento intenso e diário. Muitos são os pontos negativos associados a especialização precoce, dentre eles, saturação esportiva, altos índices de lesões, estresse de competições sem a devida maturidade emocional, aprendizado menos global e, muitas vezes, afastamento da família para dedicação aos treinos.
O lado positivo parece se resumir a um único ponto: conquistar o espaço entre os melhores do mundo em seu esporte. Um preço alto a se pagar pela medalha olímpica. Um caminho árduo e de sacrifícios que somente talentosos heróis como Rebeca Andrade e Hugo Calderano escolhem seguir.
Para as Olimpíadas de Los Angeles 2028, o torcedor brasileiro certamente pode esperar performances brilhantes desses ícones do esporte, independentemente da conquista ou não de medalhas. Rebeca e Hugo nos provaram que, apesar dos desafios e sacrifícios, a recompensa de estar entre os melhores do mundo é incomparável. Que suas trajetórias continuem a ser um farol de esperança e motivação para todos que acreditam no poder transformador do esporte.
*Fernanda Letícia de Souza é Especialista em Fisiologia do Exercício e Prescrição do Exercício Físico e professora da Área de Linguagens Cultural e Corporal do Centro Universitário Internacional UNINTER.
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JULIA CRISTINA ALVES ESTEVAM
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