O preço da estética sem qualificação: os perigos dos procedimentos feitos por profissionais não habilitados

*Dra. Anna Cecília Andriolo, dermatologista e presidente da Associação Brasileira de Cirurgia da Restauração Capilar (ABCRC)

CAMILLA CONDE
14/05/2025 10h39 - Atualizado há 20 horas

O preço da estética sem qualificação: os perigos dos procedimentos feitos por profissionais não habilitados
Dra. Anna Cecília Andriolo - Arquivo Pessoal

Nos últimos anos, a busca por procedimentos estéticos cresceu exponencialmente. Impulsionada pelas redes sociais e pelo desejo de aperfeiçoamento da imagem, essa procura tem levado muitos pacientes a se submeterem a intervenções sem a devida preocupação com a qualificação dos profissionais. O resultado? Um número crescente de complicações, muitas vezes graves, que poderiam ser evitadas.

O Conselho Federal de Medicina (CFM) tem reiterado alertas sobre os riscos de procedimentos invasivos realizados por profissionais sem formação médica adequada. Segundo o Censo da Associação Brasileira de Cirurgia da Restauração Capilar (ABCRC), o Brasil já realiza mais de 6 mil transplantes capilares por ano. No entanto, 12% dos profissionais afirmam ter tratado pacientes que necessitavam de reparo de cirurgia anterior feita por profissionais não habilitados ou clínicas clandestinas, e 15% dos pacientes tiveram que refazer o procedimento devido a resultados insatisfatórios ou complicações.

A restauração capilar é um procedimento complexo que exige conhecimento aprofundado da anatomia do couro cabeludo, técnicas microcirúrgicas e controle rigoroso de assepsia. Quando realizado por profissionais não médicos ou sem a formação adequada, os riscos incluem desde danos estéticos irreversíveis até problemas de saúde sérios, como infecções hospitalares e complicações cardiovasculares.

O problema não se restringe apenas ao transplante capilar. Há relatos frequentes de preenchimentos faciais, harmonizações e aplicações de bioestimuladores de colágeno feitos por indivíduos sem registro no Conselho Regional de Medicina (CRM), levando a necroses, reações adversas severas e deformidades permanentes.

Diante desse cenário, é fundamental que a população adote medidas de precaução antes de se submeter a qualquer tipo de intervenção estética. Algumas recomendações essenciais incluem: verificar se o profissional é médico e possui CRM ativo, pesquisar a especialização do profissional e sua experiência na área específica do procedimento desejado, certificar-se de que o local possui infraestrutura adequada para garantir segurança e higiene e buscar opiniões e avaliações de outros pacientes.

A beleza e a autoestima são importantes, mas nunca devem ser colocadas acima da saúde. A escolha por um profissional capacitado é o primeiro passo para garantir um procedimento seguro e resultados satisfatórios.

Se deseja realizar um procedimento estético, pesquise, questione e escolha sempre a segurança em primeiro lugar.

*Dra. Anna Cecília Andriolo

Graduada em Medicina pela Universidade Federal de Goiás (UFG), Dra. Anna Cecília Andriolo é presidente da Associação Brasileira de Cirurgia da Restauração Capilar (ABCRC) e membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica (SBCD) e da American Hair Research Society (AHRS). Com vasta experiência em saúde capilar, atende pacientes em São Paulo e Goiânia. 

Sobre a ABCRC

A ABCRC é uma associação sem fins lucrativos composta por médicos especializados em cirurgia de restauração capilar. Fundada em 1º de março de 2003, a entidade reúne cirurgiões plásticos e dermatologistas que atuam na área, promovendo atualização científica e garantindo a defesa profissional da categoria.


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