Saiba por que a nova cor “Olo” está fora do espectro visível

A oftalmologista Tatiana Corrêa explica como funcionam as células fotorreceptoras dos olhos para que o nosso cérebro consiga interpretar as cores

SIG EIKMEIER
12/05/2025 11h24 - Atualizado há 11 horas

Saiba por que a nova cor “Olo” está fora do espectro visível
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Recentemente, cientistas da Universidade da Califórnia, em Berkeley, nos Estados Unidos, anunciaram a descoberta de uma nova cor, jamais vista pelo olho humano. Batizada de “Olo”, ela possui um tom especial de azul-esverdeado extremamente saturado em comparação com as cores que conhecemos, ou seja, bem mais intenso. A cor foi visualizada por cinco pessoas que tiveram células específicas da retina estimuladas por feixes de laser, durante um experimento controlado. 
 

Mas, afinal, o que faz com que enxerguemos as cores? De acordo com a Dra. Tatiana Corrêa de Souza, oftalmologista do H.Olhos, Hospital de Olhos da rede Vision One, “conseguimos perceber as cores devido à forma como nosso cérebro interpreta os sinais luminosos captados pelos nossos olhos. A luz branca, composta por todas as cores que o olho humano consegue enxergar, incide em um objeto que absorve algumas cores e reflete outras; sendo as refletidas as que nós vemos. Quando as ondas luminosas incidem na retina, ativam as milhões de células fotorreceptoras (cones) concentradas na mácula, no centro do olho. Os cones reagem aos diferentes comprimentos de onda de luz e enviam ao cérebro sinais elétricos que são interpretados como uma ampla gama de cores”.
 

A médica explica que os cones desempenham papel crucial na visão de cores e detalhes, sendo três os tipos de cones:

- Cone S: reage a comprimentos de onda curtos da luz e permite que enxerguemos cores na faixa azul do espectro visível;

- Cone M: reage a comprimentos de onda médios da luz e permite que enxerguemos cores na faixa verde do espectro visível;

- Cone L: reage a comprimentos de onda longos da luz e permite que enxerguemos cores na faixa do vermelho do espectro visível.
 

“Os cones necessitam de boa iluminação para serem ativados e trabalham em conjunto com os bastonetes, células fotossensíveis da retina responsáveis pela visão em condições de pouca luz, além da visão periférica e detecção de movimentos. Os bastonetes são altamente sensíveis à luz, permitindo a visão em condições de baixa luminosidade. À noite, por exemplo, tornam-se os principais responsáveis pela nossa capacidade de enxergar; e sua alta sensibilidade à luz permite que continuem a funcionar quando os cones estão inativos; além disso, pela impossibilidade de distinguir cores, nossa visão noturna é caracterizada pela percepção de tons de cinza, do  preto ao branco.”, esclarece a oftalmologista. 
 

Estudos científicos indicam que o olho humano é capaz de distinguir cerca de um milhão de cores, mas existem diversas outras que estão fora do espectro visível, ou seja, que não somos capazes de perceber. Uma curiosidade é que a percepção de uma cor pode variar de uma pessoa para a outra. Isso porque a forma como o cérebro interpreta a cor pode ser influenciada pela iluminação e a experiência individual.


Já a nova cor “Olo” não pode ser vista no ambiente natural pois teve sua percepção  induzida por um experimento que direcionou a luz apenas para um dos tipos de células (as de cone M), sem estimular as demais (as de cone L e S), algo que nunca ocorreria em condições normais, onde os três tipos de células são estimuladas simultaneamente.


Os responsáveis pela pesquisa acreditam que futuramente ela possa apoiar estudos sobre o daltonismo, condição que afeta a capacidade de a pessoa distinguir cores, ajudando a entender melhor como as pessoas com essa condição percebem as cores e como o cérebro processa a informação visual. O estudo foi publicado na Revista Science, publicação científica de referência mundial¹.


Referência:

1 - Link


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