Em algum momento da vida, 6 em cada 10 brasileiros vão descobrir um nódulo na tireoide*, e essa incerteza ainda leva muitos pacientes à retirada completa da glândula por precaução. Mas nem todo nódulo deveria ser motivo de preocupação. Isso porque, segundo a Dra. Rosália Padovani, médica especialista em tireoide e diretora da regional SP da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM-SP), cerca de 90% a 95% desses casos são classificados como benignos.
Além dos nódulos benignos, há uma porcentagem de nódulos (de 20% a 30%, dependendo do serviço) que acabam sendo puncionados, resultando em laudos indeterminados e, consequentemente, sendo encaminhados para cirurgia diagnóstica. Anualmente, dos mais de 50 mil casos de nódulos indeterminados que são submetidos à cirurgia tireoidiana no país, pelo menos 35 mil não precisariam de operação, pois se mostram benignos após o procedimento. Dentre esses nódulos, aproximadamente 23% são benignos, o que indica que pelo menos 77% das cirurgias poderiam ter sido evitadas.
Neste contexto, e considerando o ultrassom como melhor método de imagem para avaliar o risco de malignidade dos nódulos de tireoide, a American Thyroid Association irá propor uma nova classificação ultrassonográfica, visando otimizar essa avaliação e auxiliar na decisão de prosseguir ou não com a investigação dos nódulos tireoidianos. E durante o 16º Congresso Paulista de Endocrinologia e Metabologia – COPEM 2025, que aconteceu entre 8 e 10 de maio, em São Paulo, a Dra. Rosália apresentou uma prévia do novo guideline com essas mudanças.
“O último guideline da ATA foi publicado em 2015. Agora, quase 10 anos depois, estamos prestes a receber uma atualização que pode mudar a forma como lidamos com os nódulos tireoidianos. A proposta é trazer mais precisão diagnóstica e evitar cirurgias desnecessárias”, afirma.
Entre as novidades mais importantes do novo guideline estão:
- Algoritmo interativo online - Médicos poderão inserir características do nódulo para obter uma estimativa mais precisa do risco de malignidade — alto, médio ou baixo.
- Nova classificação ultrassonográfica - Na punção, cerca de 8% não se encaixam no sistema existente de classificação da ATA. O novo modelo da ATA visa incluir todos os tipos de nódulos, garantindo que nenhum caso fique sem categorização. “O objetivo é, com ultrassom, conseguirmos avaliar se um nódulo pode ser apenas acompanhado ou se exige uma investigação mais aprofundada, como a punção”, detalha a especialista.
O novo protocolo reforça o caminho ideal para avaliação de nódulos:
1. Ultrassonografia, para estimar risco de malignidade, e a necessidade de punção.
2. Se necessário, punção aspirativa com análise citológica (Bethesda).
3. Nos casos classificados como indeterminados (Bethesda III ou IV, sendo esses corretos mas com limitações), testes moleculares ganham destaque como ferramenta complementar para embasar decisões clínicas.
E falando em recomendações da ATA, o guideline atual reconhece desde 2015 o uso de testes moleculares como alternativa válida, ao lado da repetição da punção ou da cirurgia diagnóstica em casos de nódulos indeterminados. “A ideia é somar informações, evitando decisões precipitadas e cirurgias desnecessárias, respeitando também as preferências do paciente”, explica o Dr. Marcos Santos, cientista Pesquisador Sênior do A.C. Camargo Cancer Center e fundador da deeptech Onkos, que também estará no COPEM 2025.
Referência em soluções de diagnóstico oncológico de precisão, a Onkos, que é especializada em biologia molecular e inteligência artificial aplicadas à oncologia, tem contribuído ativamente para transformar esse cenário e reduzir o número de procedimentos que acabam gerando milhares de pacientes crônicos todos os anos por conta da retirada da tireoide. “Por meio de testes moleculares, como o mir-THYpe full, já foram evitadas mais de 4 mil cirurgias desnecessárias de tireoide, oferecendo uma alternativa baseada em evidências para pacientes com nódulos indeterminados”, conclui Santos.
*dado da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM)
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GLEICE HELENA ARNEIRO COSTA
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