Meninas cientistas de escola pública do Paraná ampliam atuação em biodiesel e miram novas tecnologias, como impressões 3D e minifoguetes

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30/04/2025 13h54 - Atualizado há 22 horas

Meninas cientistas de escola pública do Paraná ampliam atuação em biodiesel e miram novas tecnologias, como impressões 3D e minifoguetes
Divulgação SEDUC PR
Um projeto desenvolvido por meninas em uma escola pública de Ensino Médio Integral no Paraná se transformou em uma startup júnior e agora almeja desenvolver projetos com novas tecnologias. O que começou como uma pequena iniciativa em 2022, com apenas cinco alunas dedicadas a criar biodiesel a partir de óleo de cozinha usado, hoje se consolidou em um programa de destaque com diversas frentes de atuação.
Liderado por meninas cientistas do Colégio Estadual Conselheiro Carrão, uma escola pública de Ensino Médio Integral em Assaí (PR), o projeto SunRise se transformou em uma startup júnior e se tornou um exemplo de inovação científica e sustentabilidade, com foco no desenvolvimento de soluções que geram impacto social e ambiental positivo.
Em 2024, esse impacto foi reconhecido nacionalmente com importantes conquistas, como a medalha de ouro na fase regional da Olimpíada do Oceano, que avalia projetos ligados à preservação marinha, e a premiação na fase regional da Olimpíada Brasileira de Saúde e Meio Ambiente (OBSMA), destacando o SunRise como o melhor projeto de ciências da região Sul do país.

O sucesso do projeto reflete a dedicação das alunas e a capacidade de adaptação e inovação constante, impulsionados por colaborações estratégicas ao longo do tempo. O professor coordenador, Matheus Souza, relembra como o grupo cresceu rapidamente: "Em 2022, começamos com apenas cinco alunas entusiasmadas. Em 2024, duas ingressaram na universidade, e agora, em 2025, as outras três também foram aprovadas. Todas conquistaram vagas em universidades públicas, um feito que reforça a excelência do projeto e seu impacto transformador na vida das participantes. Com a saída das fundadoras, a liderança foi oficialmente transferida para uma nova geração de alunas, garantindo a continuidade e o crescimento da iniciativa." Essa rede de apoio foi crucial para acompanhar a expansão da iniciativa, que passou de cinco para 40 participantes em poucos meses.
Além de produzir biodiesel para os ônibus escolares da cidade, o SunRise agora explora novas frentes tecnológicas, como a fabricação de filamentos para impressoras 3D, utilizados em projetos como a construção de minifoguetes e a criação de uma mão biônica para competições. O ecoponto criado pelas alunas, que coleta óleo de cozinha e plástico PET, também desempenha um papel central, fornecendo matéria-prima essencial para várias dessas iniciativas.
Ecossistema SunRise
Em 2024, o projeto participou de eventos renomados como Green Nation, GeniusCon e Jornada de Foguetes, consolidando sua presença em diferentes cenários e reafirmando sua contribuição para a ciência e sustentabilidade. Atualmente, a iniciativa integra dez novos projetos que formam um ecossistema colaborativo. "Cada projeto alimenta o outro para que tudo funcione de forma integrada", explica o professor Matheus. Iniciativas como o Bioagro, que utiliza fertilizantes derivados do glicerol, subproduto do biodiesel, e o desenvolvimento de óculos sonares para deficientes visuais demonstram a interconexão das atividades. O trabalho em equipe entre as estudantes e os professores impulsiona o desenvolvimento de soluções práticas que beneficiam diretamente a comunidade e o meio ambiente.
A equipe passou por uma importante reestruturação organizacional para garantir a continuidade do projeto com a saída das fundadoras. A estudante Maitê Iryoda, de 15 anos, foi nomeada CEO e agora lidera o grupo com uma visão estratégica de crescimento. Sob sua gestão, a organização foi estruturada em divisões temáticas, cada uma com duas gerentes responsáveis, proporcionando mais eficiência e clareza às iniciativas. “Desde que entrei no colégio, meu objetivo era fazer parte da equipe. Hoje, além de cuidar das parcerias do Ecoponto, assumo o projeto de biodiesel e acompanho a produção, além de participar de reuniões e eventos. Esses desafios têm sido fundamentais para meu crescimento, me preparando para lidar com grandes responsabilidades e trabalhar diretamente com empresas parceiras”, explica Maitê.
Para Heloá Cunha, uma das jovens cientistas de apenas 15 anos, o interesse pelo projeto começou ainda no 9º ano, quando conheceu o trabalho de biodiesel, o Biosun. “Foi esse projeto que me fez escolher o Colégio Carrão e a modalidade integral para o ensino médio. Assim que entrei, me informei sobre as iniciativas e hoje faço parte da startup, liderando o desenvolvimento dos filamentos 3D, feitos de garrafas PET, e agora, em 2025, atuarei como capitã da equipe de minifoguetes. Esses projetos não só incentivam meu desenvolvimento pessoal, mas também me preparam para o futuro com aprendizado prático em todas as etapas”, conta a estudante.
O Biosun, projeto de biodiesel, cresceu e segue em evolução, estando em fase de testes e licitação. Em breve, o combustível produzido pela escola deverá abastecer toda a frota de ônibus escolares da cidade, fortalecendo o compromisso da iniciativa com a sustentabilidade. A parceria com um shopping local, junto à criação do ecoponto para coleta de óleo de cozinha, garante o fornecimento contínuo de matéria-prima, reforçando a integração com a economia circular e o envolvimento da comunidade.
Também integrante da equipe, a estudante Harumi Kogio, de 16 anos, faz parte do desenvolvimento de um protótipo de mão biônica, que participou de um hackathon no ano passado, e do projeto de minifoguetes, que a levou junto com outras meninas para competir no Rio de Janeiro. “Esses projetos me desafiam a cada dia. No projeto da mão biônica, aprendi muito sobre desenvolvimento tecnológico e inovação. Já o de minifoguetes me deu a chance de representar nossa equipe em uma competição em outro estado, o que foi uma experiência incrível. Participar de projetos assim me faz perceber o quanto posso evoluir e construir um futuro na área de tecnologia”, reflete.
Já para Clara Lupinacci, de 15 anos, o destaque fica para o projeto Bioagro, que foi o vencedor de um hackathon em 2024. “No Bioagro, tive a chance de explorar a sustentabilidade de uma forma que nunca imaginei, além de trabalhar com soluções inovadoras para o meio ambiente. A vitória no hackathon foi um momento especial para nossa equipe”, celebra. A estudante também integra a equipe de minifoguetes: "essa experiência me ajudou a desenvolver habilidades práticas e revelou áreas de interesse que eu nem imaginava. Esses projetos abriram portas e me fizeram enxergar o futuro de uma maneira nova", comenta.
Planos para 2025
Para 2025, o SunRise tem grandes objetivos de expansão e consolidação. O foco está em ampliar sua presença em eventos nacionais e internacionais, buscando parcerias estratégicas que impulsionem o impacto e relevância da iniciativa. Além disso, a equipe almeja conquistar premiações de maior expressão, consolidando sua posição em competições de destaque no cenário científico e tecnológico. Com uma estrutura organizacional fortalecida e novas lideranças assumindo o protagonismo, o projeto está preparado para alcançar novos horizontes e inspirar ainda mais jovens cientistas.
Projetos como este, impulsionados pela modalidade de Ensino Médio Integral, tendem a despertar o interesse dos estudantes pela ciência e proporcionar um aprendizado prático em áreas fundamentais para o futuro. As jovens cientistas conduzem pesquisas, desenvolvem soluções e gerenciam processos com autonomia, desenvolvendo habilidades de liderança. Esse ambiente de inovação contribui para que os estudantes assumam o protagonismo na criação de novas tecnologias.
 

 

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VANESSA MIRANDA MENEZES
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