A jornada da reabilitação motora: como a Terapia Ocupacional transforma a recuperação em instituições de Transição de Cuidados

Artigo elaborado por Mayara Coutinho Zambonini e Gabriela Montebugnoli Nogueira C. Myczkowski, Terapeutas Ocupacionais da YUNA

ALESSANDRA SIEGEL
29/04/2025 15h04 - Atualizado há 4 horas

A jornada da reabilitação motora: como a Terapia Ocupacional transforma a recuperação em instituições de Transição de Cuidados
Divulgação
A transição entre o ambiente hospitalar e o retorno à vida cotidiana pode ser um período desafiador para pacientes em recuperação. Muitas vezes, após uma internação prolongada, o corpo e a mente precisam de um processo estruturado para readquirir força, autonomia e confiança. As instituições de Transição de Cuidados são fundamentais nesse percurso, proporcionando um espaço onde a reabilitação motora não é apenas um objetivo, mas um caminho construído com suporte profissional e individualizado.

Diferente de hospitais gerais, onde o foco principal é o tratamento de doenças agudas, as instituições de Transição de Cuidados têm como prioridade a recuperação funcional do paciente. Elas são projetadas para ajudar indivíduos que ainda precisam de suporte clínico, mas que já estão em uma fase de recuperação na qual a autonomia e a qualidade de vida passam a ser o foco central.


Esses espaços contam com equipes multiprofissionais, incluindo fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos e enfermeiros que trabalham em conjunto para restabelecer a independência do paciente. A Terapia Ocupacional (TO) se destaca nesse contexto, pois combina elementos físicos e cognitivos para garantir uma recuperação completa.

A Terapia Ocupacional como pilar da reabilitação

A Terapia Ocupacional é um campo que vai além do fortalecimento muscular ou da recuperação de movimentos. Ela trabalha a funcionalidade do paciente dentro de suas necessidades reais, considerando suas rotinas, desejos e desafios. Seu principal objetivo é restaurar habilidades motoras e cognitivas para que a pessoa possa retomar suas atividades diárias com segurança e confiança.

Intervenções comuns na Terapia Ocupacional
 
  1. Reabilitação Motora: O terapeuta ocupacional ajuda o paciente a recuperar força, coordenação e destreza por meio de exercícios adaptados.
  2. Estimulação Cognitiva: Métodos como jogos de memória, desafios lógicos e atividades interativas são utilizados para melhorar o raciocínio, a atenção e a capacidade de planejamento.
       3.Treinamento de Atividades da Vida Diária (AVD): Ensinar ou readaptar o paciente a realizar tarefas essenciais        como se alimentar, se vestir e cuidar da higiene pessoal.
      4.
Adaptação do Ambiente: Avaliar o espaço onde o paciente viverá após a alta, propondo modificações como instalação de barras de apoio, alteração na disposição de móveis e introdução de tecnologia assistiva também é uma atribuição do terapeuta.  

A reabilitação, tanto física quanto cognitiva, é crucial para garantir que os pacientes recuperem sua qualidade de vida, especialmente aqueles com condições que afetam suas capacidades físicas e mentais.

A atuação integrada da equipe de saúde, com destaque para o trabalho do terapeuta ocupacional, proporciona não só a recuperação das funções perdidas, mas também o desenvolvimento de novas estratégias de adaptação, possibilitando que o paciente tenha uma vida mais plena.

Evidências e benefícios da Terapia Ocupacional

A eficácia da terapia ocupacional na reabilitação neurológica tem sido cada vez mais documentada. Um estudo publicado na revista científica Neurorehabilitation and Neural Repair, em 2021, mostrou que intervenções ocupacionais levaram a melhorias significativas na funcionalidade geral e nas atividades da vida diária de pacientes pós-AVC.

Por abranger uma ampla gama de intervenções que vão além das abordagens tradicionais, a terapia ocupacional utiliza atividades artísticas como pintura, escultura ou música para promover a autoexpressão e a redução do estresse, além de desenvolver habilidades motoras finas.

Também pode incluir a realização de sessões em parques ou ambientes naturais, utilizando a natureza como parte do processo terapêutico, considerado bastante benéfico para a saúde mental. E, ainda, focar em uso de tecnologia assistiva que facilita a realização de atividades diárias, como softwares de comunicação ou ferramentas adaptativas.
Além da reabilitação física, a terapia ocupacional aborda também a cognição, ajudando os pacientes a desenvolverem estratégias para lidar com déficits de memória e atenção.

A paciente M., de 65 anos, ex-professora e viúva, sempre foi independente e ativa socialmente. Após sofrer um AVC isquêmico, passou a apresentar hemiparesia do lado direito e dificuldades cognitivas leves, como lapsos de memória e atenção. Essas limitações afetaram significativamente sua rotina e autonomia. A terapia ocupacional teve como objetivos principais recuperar a função motora, estimular habilidades cognitivas, promover a comunicação efetiva e possibilitar o retorno às atividades diárias, como se vestir, cozinhar e manter contato social.

O plano terapêutico foi desenvolvido levando em conta sua biografia e estilo de vida, o que facilitou a adesão ao tratamento. Sua experiência como professora ajudou na compreensão das estratégias propostas, enquanto o apoio familiar reforçou a continuidade dos exercícios em casa. As principais dificuldades envolveram tarefas motoras finas e a aceitação da dependência inicial. Com o tempo, M. apresentou avanços significativos, recuperando parte de sua autonomia funcional e voltando a se engajar em atividades significativas do cotidiano.

Mayara Coutinho Zambonini e Gabriela Montebugnoli Nogueira C. Myczkowski são Terapeutas Ocupacionais na YUNA, instituição especializada em reabilitação e cuidados paliativos.
 

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ALESSANDRA LANCHOTI SIEGEL
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