IA Generativa Privada: um imperativo para a segurança e conformidade
LUIZ VALLOTO
25/04/2025 13h07 - Atualizado há 8 horas
Rubia Coimbra, Cloudera
A transformação do cenário empresarial global, segue a passos largos, graças a Inteligência Artificial Generativa (IA Gen). Em 2024, pelo menos 75% das empresas em todo o mundo já tinham adotado essa tecnologia, um salto significativo em relação aos 55% registrados no ano anterior. Na América Latina, a adesão é ainda mais expressiva: 73% das empresas já utilizam IA Gen, com destaque para o Brasil, onde 40% dos consumidores digitais fazem uso da tecnologia, tanto no trabalho quanto nos estudos, de acordo com dados do IDC “The Business Opportunity of AI”, encomendado pela Microsoft. Esse movimento é acompanhado por um aumento nos investimentos. Ainda em 2024, 35% dos CIOs da América Latina afirmaram que planejavam implementar aplicações de IA generativa. Hoje, vemos isso se concretizando: as grandes empresas da região passaram a direcionar mais de 25% de seus orçamentos de TI para iniciativas ligadas à IA. Globalmente, estima-se que os gastos com essa tecnologia alcancem US$ 644 bilhões em 2025, sendo 80% desse montante destinado a hardware impulsionado, sobretudo, pela incorporação de IA em servidores, smartphones e outros dispositivos, como pontua a pesquisa do Gartner. No entanto, apesar do ritmo acelerado de adoção, a corrida pela inovação tem exposto organizações a riscos cada vez maiores. A dependência de grandes modelos públicos e hospedados na nuvem, muitas vezes fora do controle direto das empresas, levanta sérias preocupações quanto à privacidade, governança de dados e segurança cibernética. Na América Latina, por exemplo, os incidentes cibernéticos cresceram 25% ao ano durante a última década, segundo um levantamento realizado pelo Banco Mundial e apresentado no livro Cybersecurity Economics for Emerging Markets (2024). De acordo com o relatório, o aumento global de ciberincidentes foi de 21% no período de 2014 a 2023, com a América Latina e o Caribe apresentando uma aceleração mais acentuada. O uso indiscriminado de IA generativa em ambientes públicos amplia a superfície de ataque, abrindo brechas para violações de dados sensíveis, vazamento de informações estratégicas e exploração por agentes mal-intencionados. A ascensão de ameaças como o prompt injection, a manipulação de modelos e ataques adversariais são apenas algumas das vulnerabilidades emergentes que colocam em xeque a segurança dos sistemas baseados em IA. O Brasil ainda carrega o título de segundo país com mais ataques cibernéticos no mundo, em 2024. Em um período de 12 meses, foram registrados mais de 700 milhões de ataques cibernéticos no país, totalizando 1.379 por minuto, segundo Panorama de Ameaças para a América Latina 2024. Esses números refletem não apenas a cautela diante dos desafios de segurança, mas também a necessidade de estruturas mais robustas e seguras para a adoção eficaz da IA generativa. Quando as organizações mantêm seus dados e modelos em ambientes privados, elas podem aplicar princípios de privacidade próprios, protegendo tanto a propriedade intelectual quanto as informações sensíveis dos clientes. Isso reduz os riscos de vazamentos e garante conformidade com legislações como LGPD, GDPR e futuras regulações voltadas para IA. Segurança e conformidade A IA generativa privada emerge nesse momento como um imperativo estratégico. Ao operar em ambientes controlados, seja em data centers próprios, nuvens privadas ou arquiteturas híbridas, as empresas conseguem manter a soberania sobre seus dados, aplicando políticas robustas de governança, criptografia e conformidade. A verdadeira escalabilidade da IA só é possível quando os dados podem ser acessados com alto desempenho, segurança e total governança, estejam eles armazenados on-premises, em nuvem privada ou em ambientes “edge” (IoT). Essa flexibilidade, viabilizada por arquiteturas híbridas e abertas, é essencial para que as empresas levem os modelos de IA até os dados, e não o contrário. À medida que a IA generativa se torna cada vez mais presente nas operações, decisões e produtos das organizações, garantir confiança no uso da tecnologia torna-se tão essencial quanto os algoritmos que a impulsionam. E essa confiança só é possível quando há transparência, controle e soberania sobre os dados. Ao empoderar empresas com controle sobre onde e como os dados são usados, a IA generativa privada torna-se não apenas uma alternativa segura, mas também uma vantagem competitiva. É isso que permitirá que as companhias inovem com confiança e agilidade, transformando dados em valor real. A IA generativa é uma realidade que nos obriga de forma inexorável, a reconhecer os dados como aquilo que sempre foram: o maior ativo da era digital, e a encarar de frente o maior desafio: protegê-los. *Rúbia Coimbra é Vice-Presidente da Cloudera para a América Latina Notícia distribuída pela saladanoticia.com.br. A Plataforma e Veículo não são responsáveis pelo conteúdo publicado, estes são assumidos pelo Autor(a):
LUIZ FERNANDO VALLOTO
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