A cidade de São Paulo abriga exemplos notáveis de longevidade que desafiam as estatísticas de expectativa de vida. A senhora Elena Marcelina de Jesus, com impressionantes 114 anos, é possivelmente a moradora mais velha da capital paulista e uma das mais longevas do mundo. Nascida em Jequié, Bahia, em 1910, ela é acompanhada pela equipe de saúde da UBS Recanto dos Humildes e da Unidade de Referência em Saúde do Idoso (Ursi) Carandiru, na zona norte. Apesar da idade, não possui doenças crônicas e recebe visitas semanais de uma equipe multiprofissional para cuidados preventivos e apoio à família.
Na zona sul, outras duas mulheres também chamam atenção pela longevidade e disposição. Dona Julita Alves dos Santos, de 110 anos, e Sebastiana Xavier de Andrade, de 111, vivem no Jardim Ângela e recebem acompanhamento da UBS Jardim Herculano. Ambas mantêm uma vida ativa e com bom grau de autonomia. Dona Sebastiana, inclusive, mora sozinha e cuida da própria rotina. As duas são monitoradas por equipes de Estratégia Saúde da Família (ESF) e multiprofissionais, com visitas domiciliares quinzenais.
A rotina dessas mulheres centenárias é marcada por hábitos simples, apoio familiar e muito bom humor. Enquanto dona Elena atribui sua saúde ao consumo de alimentos variados e ao boldo que costuma mascar, Julita e Sebastiana mantêm tratamentos leves e apenas pequenas queixas, como fraqueza nas pernas e insônia. Apesar das limitações físicas, elas demonstram lucidez e uma visão de mundo carregada de sabedoria e serenidade.
As três representam uma exceção às estatísticas de suas regiões. Segundo dados do Pro-Aim/Ceinfo, a média de longevidade no Jardim Ângela é de 61,5 anos e, em Perus, onde vive dona Elena, de 62,1 anos. Ou seja, as superidosas vivem mais de 50 anos acima da média local, desafiando os dados e inspirando as equipes de saúde que as acompanham.
Para os profissionais que atuam no cuidado a essa população, como o assistente social Fábio Correia de Araújo e o agente comunitário Gabriel dos Santos Rocha, cuidar dessas mulheres é uma honra e uma fonte de inspiração. “É um privilégio acompanhar pessoas com tanta história e vitalidade”, resume Fábio.