Congresso sobre HPV comprovou que é possível erradicar o risco de câncer de colo de útero

Segundo a Organização Mundial da Saúde, 80% das mulheres em algum momento da vida são contaminadas pelo HPV

JOSé LUCHETTI
15/04/2025 11h10 - Atualizado há 3 dias

Congresso sobre HPV comprovou que é possível erradicar o risco de câncer de colo de útero
Divulgação Seegene
         O risco do câncer de colo de útero, doença que a cada ano afeta a 600 mil mulheres no mundo, poderá ser praticamente eliminado até 2030, graças principalmente à vacinação contra HPV, o papiloma vírus humano e à substituição do teste Papanicolau pelos testes moleculares os quais, ainda este ano, serão implementados no Brasil. Esta uma das principais constatações do Eurogin 2025, congresso científico realizado em Lisboa, Portugal, e que reuniu representantes de 175 países.
         O coordenador do Comitê de Diagnóstico Molecular da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial, José Eduardo Levi, que participou do evento, recorda que segundo a Organização Mundial da Saúde, 80% das mulheres em algum momento da vida são contaminadas pelo HPV, que eventualmente pode levar ao câncer de colo de útero que, no Brasil, se estima que chegue a 19 mil casos novos por ano.
         A vacinação da população jovem é parte da solução e tradicionalmente o teste de Papanicolau detecta alterações nas células do colo do útero que podem evoluir para câncer. Muito mais eficiente, porém, é o teste molecular, que não só identifica a contaminação por HPV, mas, principalmente, indica qual o genótipo, pois existem mais de 20 e nem todos representam risco para câncer, já que vários são inócuos.

         “A identificação do genótipo é vital, pois com ela a autoridade sanitária fica sabendo quais mulheres necessitam acompanhamento porque correm risco, e quais não são motivo de preocupação”, diz o biólogo Guilherme Ambar, da Seegene, que já disponibiliza o teste molecular no Brasil. Ele lembra que 50 países adotaram o teste molecular e que a OMS quer implementar em todos as nações a chamada ‘Estratégia 90-70-90”.
         Essa estratégia, que o Brasil também deseja é que 90% das meninas até 14 anos estejam vacinadas, que 70% das mulheres sejam rastreadas com teste de HPV pelo menos uma vez aos 35 anos e outra aos 45 anos e que 90% das mulheres com lesões estejam recebendo tratamento adequado. Se o objetivo da OMS for atingido, serão evitadas as 311 mil mortes anuais por câncer do colo de útero no mundo, 85% dos quais em países de renda baixa e média, cuja estrutura de atendimento à Saúde é insuficiente. No Brasil o Instituto Nacional do Câncer calcula que os óbitos por esse tipo de câncer representam 4,51 por cem mil habitantes, índice alto para uma moléstia que pode ser prevenida pela vacinação e pelo teste molecular.
         Para José Eduardo Levi, a triagem é importante, para determinar como conduzir a paciente após um resultado positivo para HPV. “A prevalência é alta, variando de 5 a 20% da população rastreada; Esforços tem sido feitos para desenvolver marcadores que indicam maior risco de uma lesão precursora justificando intervenções, começando pela colposcopia (exame ginecológico), ou condutas mais conservadoras, de repetição do exame em um intervalo mais curto (1-3 anos versus 5 anos para HPV negativas). Para isso testes utilizando marcadores de metilação de genes da hospedeira ou do próprio vírus, tem apresentado resultados promissores, além de marcadores citoquímicos de proliferação celular”, explica o coordenador do Comitê de Diagnóstico Molecular da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial.
 

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