Uma casa que guarda a memória de um dos maiores nomes do modernismo brasileiro abriu suas portas para três jovens que cumprem medida socioeducativa na Fundação CASA Mogi Mirim. No dia 28 de março, os adolescentes viveram uma experiência transformadora ao visitar o Museu Mário de Andrade, na capital paulista. Entre poemas, cartas, fotografias e objetos pessoais do escritor, o grupo foi conduzido por uma viagem sensível e educativa pela história da arte, da literatura e da identidade nacional.
A preparação começou antes mesmo da chegada ao museu: os adolescentes receberam informações introdutórias sobre Mário de Andrade e sua importância para a cultura brasileira. Essa contextualização inicial facilitou a compreensão dos conteúdos apresentados durante o percurso, que se iniciou com um jogo da memória a partir de imagens temáticas, estimulando a observação e o engajamento dos participantes.
Durante a visita guiada, os jovens passaram por diversos cômodos da casa onde o poeta viveu e produziu suas obras. Um dos momentos mais marcantes ocorreu na sala auditório, quando um dos adolescentes fez a leitura de “Quando eu morrer”, do próprio autor. O poema, afixado em uma placa de acrílico na sala seguinte, gerou reflexões e diálogos com o grupo.
Outro espaço que despertou curiosidade foi a sala onde há um antigo telefone de parede, elemento que serviu como ponto de partida para uma conversa sobre as formas de comunicação no passado. O local também abriga fotos da São Paulo antiga, cartas e cartões-postais enviados a Mário, destacando a importância que ele atribuía à escrita como meio de troca intelectual e afetiva.
Além dos ambientes pessoais do escritor, como a sala onde ministrava aulas de música e a cozinha onde sua mãe produzia doces por encomenda, os visitantes conheceram móveis desenhados pelo próprio modernista brasileiro, inspirados em publicações alemãs da época.
A visita foi concluída com a mostra temporária “Brasiléia Desvairada: A busca de Mário de Andrade por um país”, inspirada no desfile de 2024 da escola de samba paulistana Mocidade Alegre. A exposição convida o público a explorar a relação do poeta com o carnaval e outras manifestações populares, sendo conduzido simbolicamente pelo personagem Arlequim, figura representativa na obra de Mário. Figurinos utilizados no desfile e referências às viagens folclóricas do autor compõem a narrativa visual e simbólica da mostra.
Para a diretora do CASA Mogi Mirim, Elisangela Cristina Amadeu, experiências como essa têm papel fundamental no processo de transformação dos adolescentes. "É emocionante ver como eles se conectam com a arte, com a história e com figuras que ajudaram a construir nossa cultura. A visita ao Museu Casa Mário de Andrade ampliou horizontes e despertou sentimentos importantes, como pertencimento e curiosidade", afirmou.
Ao final do percurso, o grupo foi convidado a retomar o jogo da memória inicial, reconhecendo os elementos vistos ao longo do trajeto e representando graficamente as impressões mais marcantes. A visita terminou com um sentimento de encantamento e a certeza de que o contato com a arte pode ser um instrumento poderoso de ressignificação, contribuindo para o fortalecimento da identidade e da autoestima dos jovens em medida socioeducativa.
"A arte tem o poder de tocar, transformar e abrir caminhos. Levar nossos adolescentes para espaços como esse é uma forma de mostrar que eles também pertencem à cultura e à história do nosso país. O legado de Mário de Andrade dialoga com o presente e inspira novos olhares", ressaltou a presidente da Fundação CASA, Claudia Carletto, sobre o impacto positivo da ação.
Sobre a Fundação CASA A Fundação Centro de Atendimento Socioeducativo ao Adolescente (CASA), vinculada à Secretaria de Estado da Justiça e Cidadania, aplica medidas socioeducativas conforme o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e o Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (SINASE). Atendendo jovens de 12 a 21 anos incompletos em São Paulo, a Fundação executa medidas de privação de liberdade e semiliberdade, determinadas pelo Poder Judiciário, com base no ato infracional e na idade dos adolescentes, garantindo os direitos previstos em lei, pautando-se na humanização, e contribuindo para o retorno do adolescente ao convívio social.
Mais informações em:
https://fundacaocasa.sp.gov.br/.