FHF Summit: primeiro dia de evento global sobre saúde e clima destaca a expansão de doenças infecciosas em razão das mudanças climáticas

Malária, dengue, zika e chikungunya – transmitidas por mosquitos – aumentam em expansão geográfica e tem taxas mais altas de transmissão devido ao aumento das temperaturas e outras mudanças ambientais

NÉLIANE SIMIONI
09/04/2025 16h34 - Atualizado há 1 semana

FHF Summit: primeiro dia de evento global sobre saúde e clima destaca a expansão de doenças infecciosas em razão das mudanças climáticas
Divulgação

Começou no dia 8 de abril, no Rio de Janeiro, o Forecasting Healthy Futures Global Summit (FHF Summit), evento mundial que chega ao Brasil para tratar dos impactos das mudanças climáticas na saúde, com foco na agenda COP30, que acontece em novembro, em Belém (PA). A manhã do primeiro dia da conferência abordou a expansão de doenças infecciosas, como malária, dengue, zika e chikungunya, que aumentaram em expansão geográfica e têm taxas mais altas de transmissão devido ao aumento das temperaturas e outras mudanças ambientais. 

O painel “Biodiversidade e Inovações: Preservando o pipeline da natureza para soluções de doenças infecciosas” foi moderado por Roberta Ataides, Diretora Sênior da Global Health Strategies, e contou com as participações de: Natalia Ferreira, Diretora da Oxitec no Brasil; Helen Jamet, representando a Fundação Gates; Hang Ng, Gerente de Políticas da Coalizão para Inovações em Preparação para Epidemias (Coalition for Epidemic Preparedness Innovations); e Fabiano Pimenta, Consultor técnico nacional da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS). 

O mundo natural tem sido uma fonte crucial de inspiração para os avanços médicos no combate e cura de doenças, mas a grave ameaça de extinção de milhões de espécies coloca a inovação científica em risco, especialmente em um momento em que as mudanças climáticas estão ampliando rapidamente o alcance dos males infecciosas e aumentando a probabilidade de surgimento de novas. 

"A mudança climática amplifica os riscos da malária, e ferramentas tradicionais, como redes de dormir e pulverização interna, estão cada vez mais sobrecarregadas devido às diferenças na dinâmica dos mosquitos. Portanto, precisamos repensar e adotar estratégias resilientes ao clima que possam enfrentar esses desafios", destacou a doutora Helen Jamet, da Fundação Gates. 

Para desacelerar a propagação de doenças no contexto das mudanças climáticas, é fundamental implementar soluções que integrem a prevenção, a vigilância e o controle de fatores ambientais que facilitam a disseminação de patógenos. A criação de zonas de proteção, como áreas de preservação ambiental e o manejo sustentável dos ecossistemas, pode reduzir o contato entre seres humanos e novos patógenos emergentes. Além disso, novas tecnologias médicas, como vacinas adaptáveis às alterações climáticas, terapias baseadas em inteligência artificial e biotecnologia, oferecem grandes promessas de proteção contra doenças sensíveis ao clima. 

"Precisamos focar em fazer investimentos que beneficiem tanto os objetivos climáticos quanto os de saúde pública simultaneamente. Isso inclui incorporar o acesso na fabricação e intensificar os esforços para garantir que os produtos cheguem às pessoas mais vulneráveis”, acredita Hang Ng, Gerente de Políticas da Coalizão para Inovações em Preparação para Epidemias (Coalition for Epidemic Preparedness Innovations). 

A dengue é outro exemplo drástico de uma doença infecciosa sensível ao clima. Seu aumento na expansão geográfica e nas taxas de transmissão, impulsionados por mudanças climáticas, urbanização acelerada e crescimento populacional, coloca milhões de pessoas em risco nas  regiões tropicais e subtropicais do mundo, principalmente em áreas com clima quente e úmido. 

O painel “Caso exemplar - Dengue: Escala custo-efetiva para múltiplas intervenções preventivas” foi mediado por Martin Edlund, Diretor Executivo da Health Finance Coalition, e contou com as participações de: José Alfredo de Souza Moreira, Diretor Médico de Desenvolvimento Clínico do Instituto Butantan; Vitor Pimentel, Gerente Setorial do Departamento do Complexo Industrial e de Serviços de Saúde, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES); Andre M. Siqueira, Chefe do Programa de Dengue do DNDi; Gabriel Sylvestre Ribeiro, Gerente de Implementação da Wolbito do Brasil; e novamente de Natalia Ferreira, Diretora da Oxitec no Brasil. 

A discussão abordou os desafios e soluções inovadoras no combate à dengue, desde o desenvolvimento de vacinas até os avanços em biotecnologia e esforços de financiamento, com destaque ao Instituto Butantan, que começou a fabricar as primeiras doses da vacina contra a dengue em São Paulo. A previsão é produzir 1 milhão de doses neste ano e 100 milhões até 2027. 

Além disso, o Brasil tem desempenhado um papel fundamental na implementação e expansão do Método Wolbachia, uma bactéria que infecta mosquitos e tem sido estudada como uma forma de controle de doenças transmitidas por esses insetos, como dengue, zika e chikungunya. A utilização desta bactéria impede a transmissão dos vírus pelos mosquitos infectados e representa um grande avanço para a saúde pública no país e no mundo.

De acordo com José Alfredo de Souza Moreira, Diretor Médico de Desenvolvimento Clínico do Instituto Butantan; “a COP30 é um momento decisivo para o Brasil e a América Latina destacarem como o clima e a saúde estão interconectados. Mas também para mostrar como o Brasil e a América Latina não são apenas receptores de soluções, mas geradores delas”, disse. 

O Forecasting Healthy Futures Global Summit acontece até o dia 10 de abril (quinta-feira), no Rio de Janeiro. A conferência está alinhada com o país anfitrião da COP30 para garantir que as propostas dos participantes possam influenciar diretamente a agenda de ação e os elementos de negociação da cúpula do clima em Belém. 

Sobre o Forecasting Healthy Futures
O Forecasting Healthy Futures se empenha para proteger e expandir os ganhos globais, no contexto das mudanças climáticas. Abordamos a nossa missão inspirando o compromisso com a ação de mitigação nos setores público e privado, promovendo o investimento em intervenções de saúde comprovadas e emergentes para lidar com o impacto do aquecimento global e acelerando a inovação para tornar os sistemas de saúde mais resistentes às ameaças climáticas do futuro.


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Néliane Catarina Simioni
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