Home Office acabou: como evitar que seu pet sofra com a mudança

Marivaldo da Silva Oliveira*

JULIA ESTEVAM
31/03/2025 17h19 - Atualizado há 1 dia
Home Office acabou: como evitar que seu pet sofra com a mudança
Banco Uninter

Nos últimos anos, especialmente durante o período da pandemia, os animais de companhia consolidaram-se como membros essenciais das famílias, participando ativamente da rotina doméstica e compartilhando momentos de afeto e convivência diária. Estudos apontam que as famílias contemporâneas frequentemente incluem animais de estimação, formando as chamadas famílias multiespécie, caracterizadas por laços afetivos profundos entre humanos e animais. 

Com a retomada das atividades presenciais por diversas empresas, muitos tutores estão se ausentando de casa por longos períodos, o que representa uma mudança significativa na rotina dos pets. Acostumados à presença constante de seus tutores nos últimos anos, esses animais podem enfrentar desafios ao lidar com a solidão repentina, tornando-se suscetíveis à ansiedade de separação.

A ansiedade de separação ocorre quando um cão fica extremamente estressado ao ser deixado sozinho ou afastado de seu tutor. Essa condição pode ter diversas causas, entre elas mudanças bruscas na rotina, como novos horários de trabalho ou mudanças de residência, experiências traumáticas, como abandono ou situações adversas, excesso de dependência (especialmente em animais que recebem atenção constante) e até fatores genéticos ou características de temperamento, já que algumas raças são mais propensas a desenvolver esse tipo de problema.

Os sinais da ansiedade de separação podem variar, mas os mais comuns incluem vocalização excessiva, como latidos, uivos e choros persistentes na ausência do tutor; comportamento destrutivo, com a mastigação de móveis, arranhões em portas e destruição de objetos pessoais; automutilação, através do ato de arrancar pelos ou coçar-se excessivamente; alterações fisiológicas, como salivação excessiva, respiração ofegante e micção/defecação inadequada dentro de casa; tentativas de fuga e até mesmo quadros depressivos, nos quais o animal pode perder o interesse por atividades, alimentação e interação social.

Diante desse cenário, algumas estratégias podem ser adotadas para amenizar o sofrimento dos pets e ajudá-los a lidar com a nova realidade. Estabelecer uma rotina consistente é essencial, pois manter horários regulares para alimentação, passeios e brincadeiras proporciona segurança ao animal. Introduzir as ausências de forma gradual também pode fazer a diferença, começando com períodos curtos de separação e aumentando-os progressivamente para que o cão se acostume à ausência do tutor. 

Outra medida importante é o enriquecimento ambiental, oferecendo brinquedos interativos, quebra-cabeças caninos e petiscos escondidos pela casa para estimular o pet mentalmente e distraí-lo durante o período em que estiver sozinho. Além disso, incentivar a independência do cão pode ser uma abordagem eficaz, permitindo que ele passe tempo sozinho em um ambiente seguro, como uma caixa de transporte ou um cômodo específico.

O estímulo físico e mental é outro ponto importante para evitar a ansiedade de separação. Garantir que o animal tenha uma rotina de exercícios físicos e mentais antes da saída do tutor pode reduzir seu nível de energia e ansiedade durante a ausência. Algumas técnicas de relaxamento, como o uso de feromônios calmantes, música relaxante ou massagens terapêuticas, também podem ajudar a minimizar o estresse do pet. Nos casos mais severos, buscar a ajuda de um veterinário ou especialista em comportamento animal é fundamental para desenvolver um plano de tratamento adequado e garantir o bem-estar do animal.

É essencial que os tutores reconheçam a importância de preparar seus animais de estimação para essa mudança na rotina, garantindo que a transição para a nova realidade seja a mais tranquila possível. Com paciência, compreensão e as estratégias adequadas, é possível minimizar os impactos da ansiedade de separação e promover a saúde emocional dos nossos fiéis companheiros.

 

*Marivaldo da Silva Oliveira é Médico Veterinário CRMV/PR 12425, Doutor em Biociência Animal, professor da disciplina de Etologia e Bem-Estar Animal e coordenador do curso de graduação em Medicina Veterinária no Centro Universitário Internacional Uninter

 


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