Projeto garante água tratada às escolas públicas do Marajó
Iniciativa busca reduzir doenças relacionadas ao consumo indevido de água e aumentar a frequência escolar por meio da instalação de sistemas de filtragem nas escolas
Antony Oliveira
26/03/2025 21h16 - Atualizado há 4 dias
Acervo: Instituto Mondó
Em Breves (PA), um projeto do Instituto Mondó está transformando a realidade das escolas públicas ao instalar sistemas de filtragem e purificação de água. Além de contribuir para a saúde dos estudantes, reduzindo doenças causadas pelo consumo de água contaminada, a iniciativa também impacta a frequência escolar e expõe um desafio ainda presente no arquipélago do Marajó: garantir o acesso à água potável, mesmo em uma região onde esse recurso é naturalmente abundante.
Ainda em fase piloto, o projeto implantou filtros e purificadores de água em seis das dez escolas públicas contempladas no projeto, garantindo que estudantes e professores tenham acesso a água limpa e segura. "As unidades de ensino foram selecionadas após um diagnóstico detalhado da qualidade da água, do acesso ao saneamento pela comunidade escolar e das faltas escolares. Com a instalação desses filtros, poderemos testemunhar um grande avanço para a melhoria da qualidade de vida dos estudantes, reduzindo significativamente doenças transmitidas pela água e, consequentemente, as faltas escolares”, explica Huan Tupinambá, coordenador da dimensão de saúde, moradia, água e energia do Instituto Mondó. A fim de assegurar o sucesso do projeto, o Instituto Mondó fará o acompanhamento da qualidade da água através de análises físico-químicas e microbiológicas. Essas verificações ocorrerão antes e depois da instalação dos filtros, além de serem realizadas periodicamente a cada seis meses. As amostras coletadas passarão por avaliações que incluem parâmetros físico-químicos, como caracterização da água, detecção de metais pesados e nutrientes derivados de esgoto doméstico, entre outros. No campo microbiológico, serão investigados coliformes totais e Escherichia coli. No total, mais de 100 parâmetros serão analisados. Próximos passos As informações coletadas serão imprescindíveis para as próximas etapas do projeto, que incluem a resolução das adequações necessárias para o pleno funcionamento dos filtros já instalados e a ampliação do número de escolas a receberem o sistema. "Além disso, esses dados vão ajudar a fortalecer as capacitações para professores, gestores e outros atores da comunidade escolar. Nossa intenção é garantir que a utilização e manutenção dos filtros ocorra de maneira adequada e que todos possam ser responsáveis pelo sistema, uma vez que todos serão beneficiados", explica Carolina Maciel, diretora executiva do instituto. Em outra etapa, haverá a entrega de recipientes apropriados para o armazenamento da água tratada aos familiares dos alunos, assegurando o consumo seguro pela comunidade. Depois, será estabelecido um plano de monitoramento contínuo dos filtros instalados, permitindo acompanhar seu desempenho, prever manutenções preventivas e identificar eventuais necessidades de ajustes. Dessa forma, o Instituto Mondó reafirma seu compromisso em promover soluções sustentáveis e duradouras para o acesso à água potável nas escolas, contribuindo para a saúde e o bem-estar da comunidade escolar com resultados que farão a diferença na vida dos estudantes e das suas famílias. “O intuito maior dessa iniciativa é promover a preservação dos recursos naturais e a promoção da justiça hídrica para comunidades vulneráveis. O acesso à água potável é um direito fundamental e, por meio desse projeto, mostramos que soluções inovadoras e colaborativas podem transformar realidades”, frisa Huan. Crise hídrica O relatório "Progress on Household Drinking Water, Sanitation and Hygiene" (Progresso sobre Água Potável, Saneamento e Higiene nas Residências), publicado em 2021 pela OMS (Organização Mundial da Saúde) e UNICEF em parceria com a ONU, indica que 2 bilhões de pessoas no mundo não têm acesso a água potável gerenciada de forma segura e, em municípios como Breves, essa realidade ainda é um desafio diário. Segundo o Censo de 2022, realizado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), apenas 24,03% da população total de Breves tem acesso aos serviços de abastecimento de água. A média do estado do Pará é 52,76% e, do país, 84,24%. A falta de saneamento básico e água potável impacta diretamente a saúde e a educação, especialmente das crianças, que são mais vulneráveis a doenças transmitidas pela água contaminada, problemas apresentados com frequência por quem vive em localidades onde não há tratamento adequado de água. Instituto Mondó O Instituto Mondó é uma organização sem fins lucrativos que atua na transformação de escolas em plataformas de soluções para os desafios da comunidade. Atuante desde 2020 no Marajó, a partir de Breves, o instituto desenvolve de forma colaborativa ações e projetos inovadores divididos em quatro dimensões: educação, saúde, desenvolvimento econômico e infraestrutura (moradia, energia e água). A organização tem como propósito empoderar pessoas, promovendo a melhoria educacional para o desenvolvimento social, econômico, ambiental e cultural das comunidades vulneráveis da Amazônia, desenvolvendo a sustentabilidade numa perspectiva multidimensional. Notícia distribuída pela saladanoticia.com.br. A Plataforma e Veículo não são responsáveis pelo conteúdo publicado, estes são assumidos pelo Autor(a):
ANTONY NELSON ALVES DE OLIVEIRA
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