Brasil avança na transição energética do transporte, mas desafios persistem

Às vésperas do Dia Nacional das Mudanças Climáticas, celebrado em 16 de março, Eliane Kihara, especialista do Mova-se Fórum de Mobilidade, destaca a necessidade de investimentos, políticas públicas e planejamento para ampliar a adoção de tecnologias sustentáveis

KASANE COMUNICAÇÃO
11/03/2025 15h45 - Atualizado há 8 horas
Brasil avança na transição energética do transporte, mas desafios persistem
Edinan Ferreira/Comset SGG
A transição energética do transporte público no Brasil está em curso, mas ainda enfrenta desafios estruturais que dificultam sua expansão. Segundo a plataforma E-Bus Radar, até fevereiro de 2025, o Brasil possuía cerca de 902 ônibus elétricos em operação, menos de 1% da frota nacional (estimada em 107 mil veículos), o que coloca o país atrás de vizinhos como Chile (2.659 veículos) e Colômbia (1.590 veículos). Nesse contexto, o Dia Nacional das Mudanças Climáticas, celebrado em 16 de março, surge como oportunidade para discutir estratégias para ampliar a adoção de tecnologias sustentáveis, que reduzam a emissão de gases de efeito estufa, especialmente no setor de transportes.

Segundo a especialista do Mova-se Fórum de Mobilidade Eliane Kihara, o uso de fontes renováveis, como eletrificação, hidrogênio verde e biocombustíveis, exige uma análise criteriosa de disponibilidade, confiabilidade e viabilidade financeira para garantir eficiência ao sistema e evitar impactos ambientais negativos. No caso do Brasil, ela avalia que a adoção dessas modalidades é lenta devido ao alto custo de aquisição dos veículos, infraestrutura insuficiente e dependência de subsídios e incentivos. “Nos países onde a eletrificação avançou rapidamente, como Chile e China, houve forte apoio governamental, com incentivos fiscais, subsídios e linhas de financiamento específicas. O Brasil precisa seguir esse caminho para acelerar a transição energética no setor”, analisa.

Atualmente, as principais alternativas de baixa emissão de carbono são a eletrificação (energia solar, eólica e hidrelétrica), hidrogênio verde (células de combustível movidas a hidrogênio) e biocombustíveis (biodiesel, etanol, HVO e biogás). Dentre essas, Eliane observa que o hidrogênio verde desponta como uma das grandes apostas para descarbonização do transporte rodoviário, já que o Brasil ocupa a 21ª posição mundial em projetos de produção de hidrogênio, conforme aponta a Confederação Nacional do Transporte (CNT). No entanto, ainda não há operações comerciais regulares de veículos movidos a essa tecnologia. “O hidrogênio é promissor, mas sua viabilidade depende de infraestrutura adequada e políticas públicas consistentes. Sem planejamento de longo prazo, sua adoção será limitada”, afirma.

Kihara pontua ainda que os biocombustíveis, por outro lado, apresentam um caminho mais acessível para a transição energética, considerando que o Brasil lidera a produção de cana-de-açúcar, uma das principais fontes para a geração desse tipo de combustível. Diversas cidades, como Londrina, Goiânia e Foz do Iguaçu, já operam ônibus movidos a biogás. Entretanto, a especialista destaca que, nesse cenário, a transição energética do transporte deve ir além da adoção de novas tecnologias. “Não basta apenas investir em combustíveis verdes. É fundamental ampliar a mobilidade urbana como um todo, incentivando o transporte coletivo para reduzir as emissões de combustíveis fósseis. Isso exige políticas públicas de Estado, planejamento urbano integrado e investimentos público-privados, especialmente em infraestrutura”, conclui.

Sobre o Mova-se Fórum Nacional de Mobilidade @movaseforumdemobilidade    
    
O Mova-se Fórum Nacional de Mobilidade foi criado em 2021 por especialistas em mobilidade urbana de diversas áreas, com o intuito de discutir e contribuir com soluções para a mobilidade do Brasil. O grupo, que começou com quatro integrantes e hoje conta com mais de 600 profissionais – entre técnicos, pesquisadores e professores do segmento no país –, tornou-se destaque em pesquisas e desenvolvimento de conhecimento sobre transporte público, pedestres, vias inteligentes e temas relacionados. 

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CAROLINA OLIVEIRA DE ASSIS
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