O mercado de trabalho brasileiro passa por uma transformação que tem afetado a capacidade das empresas de contratar e reter empregados. Um estudo inédito do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV IBRE) revelou que 58,7% das empresas no país enfrentam dificuldades para absorver ou manter talentos.
Esse cenário tem provocado ajustes nas estratégias de recursos humanos e exigido um olhar atento de profissionais de contabilidade, direito trabalhista e sindicatos.
A dificuldade de contratação tem levado as empresas a oferecer salários mais altos e ampliar pacotes de benefícios para atrair talentos. Na construção civil, onde o percentual de empresas afetadas sobe para 60,4%, a falta de trabalhadores já impacta a capacidade produtiva, gerando atrasos em entregas e até recusa de novos contratos. Segundo Rodolpho Tobler, economista da FGV IBRE, esse descompasso entre demanda e oferta pode pressionar os custos e, consequentemente, elevar os preços ao consumidor final.
Para os profissionais de recursos humanos, o desafio envolve recrutar novos trabalhadores e mantê-los engajados. A rotatividade alta implica custos operacionais com rescisões e recontratações, além da necessidade de investimento em treinamentos frequentes.
Os sindicatos, por sua vez, são fundamentais na negociação de acordos coletivos que busquem equilibrar as demandas empresariais e os direitos dos trabalhadores.
A pesquisa do FGV IBRE indicou que 44% das empresas estão investindo em capacitação interna como alternativa para suprir a escassez de profissionais qualificados. Na indústria, esse número chega a 56,2%.
Além disso, 32% das empresas passaram a oferecer mais benefícios para reter seus trabalhadores, enquanto algumas optaram por ampliar a carga horária dos funcionários já contratados.
Para especialistas no mercado de trabalho, essas mudanças exigem atenção. O aumento de benefícios pode ter implicações contratuais e fiscais, enquanto a ampliação de jornada precisa seguir as normas previstas na legislação. A ausência de planejamento pode levar a riscos trabalhistas, como processos por excesso de horas extras ou descumprimento de direitos previstos em convenções coletivas.
A falta de qualificação profissional também se reflete no nível de produtividade da economia brasileira. Embora a escolaridade tenha aumentado nas últimas décadas, muitos trabalhadores não possuem formação alinhada às exigências do mercado.
Esse descompasso reforça desafios estruturais e limita o crescimento econômico do país, tornando ainda mais relevante a atuação de sindicatos, empresas e profissionais da área trabalhista na busca por soluções sustentáveis.
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DANIEL CORREA RODRIGUES
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