Avanços no mercado de trabalho na América Latina e Caribe ainda são insuficientes, aponta OIT

Relatório da OIT destaca desafios estruturais e impactos no mundo sindical

DANIEL CORRêA
25/02/2025 19h20 - Atualizado há 1 mês
Avanços no mercado de trabalho na América Latina e Caribe ainda são insuficientes, aponta OIT
Israel Torres

A Organização Internacional do Trabalho (OIT) divulgou o relatório "Panorama Laboral 2024", destacando que, apesar de avanços recentes, o mercado de trabalho na América Latina e no Caribe ainda enfrenta desafios estruturais. A informalidade, a desigualdade de gênero e a dificuldade dos jovens em ingressar no mercado formal são apontadas como barreiras que comprometem um crescimento mais equitativo na região.

Entre 2023 e 2024, a taxa de emprego cresceu 0,5 ponto percentual, alcançando 58,9%, enquanto a taxa de desemprego recuou de 6,5% para 6,1%. Apesar disso, os níveis de ocupação seguem abaixo dos registrados em 2012, evidenciando que a recuperação econômica ainda não resultou em uma criação de empregos suficiente. 

Para a diretora regional da OIT, Ana Virginia Moreira Gomes, o quadro é preocupante. "A região recuperou os níveis de emprego anteriores à pandemia, mas o panorama continua estagnado. O crescimento econômico está desacelerando e persistem deficiências estruturais na geração de empregos", afirmou.

Disparidade de gênero e informalidade desafiam o avanço do mercado de trabalho

A desigualdade de gênero continua sendo um obstáculo significativo. Em 2024, a taxa de participação feminina na força de trabalho era de 52,1%, bem abaixo da masculina, de 74,3%. Além disso, as mulheres seguem enfrentando maior taxa de desemprego, ocupações mais precárias e uma diferença salarial de aproximadamente 20% em relação aos homens. Segundo Gerson Martinez, especialista regional em economia do trabalho na OIT, "apesar de alguns avanços, a desigualdade salarial e a segregação ocupacional baseada em gênero continuam limitando as oportunidades para as mulheres".

Outro fator que compromete a qualidade do emprego na região é a informalidade. O relatório indica que, em 2024, 47,6% dos trabalhadores estavam na informalidade, uma leve melhora em relação aos 48% de 2023. 

Mesmo assim, quase metade da força de trabalho segue sem direitos trabalhistas garantidos, sem acesso a benefícios previdenciários e em condições de maior vulnerabilidade econômica. Esse cenário atinge, principalmente, mulheres e jovens, tornando mais difícil a transição para a economia formal.

Impacto no mundo sindical e no direito trabalhista

Os desafios apontados pela OIT têm impacto direto no mundo sindical e na legislação trabalhista. A informalidade elevada e a precarização do trabalho dificultam a organização sindical e a defesa dos direitos dos trabalhadores. Com menos empregos formais, há menos trabalhadores sindicalizados, reduzindo a capacidade de negociação coletiva por melhores condições de trabalho.

O Radar Sindical acompanha essas questões para fornecer informações e análises que auxiliem sindicatos e profissionais do direito trabalhista a compreenderem os desafios do mercado de trabalho

A implementação de medidas para ampliar a formalização e promover a igualdade de gênero passa, muitas vezes, pela negociação coletiva e pela atuação sindical na defesa de políticas públicas mais inclusivas.

Desemprego juvenil continua alto e reforça desigualdades

A integração dos jovens ao mercado de trabalho formal ainda representa um desafio. A taxa de desemprego juvenil caiu de 14,5% em 2023 para 13,8% em 2024, mas continua muito superior à taxa geral. Para a população de 15 a 24 anos, as oportunidades seguem limitadas, refletindo um cenário de alta informalidade e baixos salários.

O relatório ressalta a necessidade de políticas que incentivem a inserção dos jovens no mercado formal. Para Martinez, a capacitação profissional e o fortalecimento de programas voltados à juventude podem reduzir essa desigualdade. "Promover educação técnica e profissional, criar sistemas de apoio às mulheres jovens e ampliar as oportunidades de emprego formal são medidas fundamentais", afirmou.

Perspectivas para 2025 e desafios futuros

A projeção para 2025 indica que a taxa de desemprego deve oscilar entre 5,8% e 6,2%, acompanhando um crescimento econômico moderado. A OIT reforça que avançar em direção a um mercado de trabalho mais justo na América Latina e no Caribe depende da ampliação do diálogo social e de estratégias focadas na formalização do emprego. Para Moreira Gomes, "é essencial promover reformas que consolidem os progressos e garantam um crescimento sustentável do emprego na região". 

O Radar Sindical continuará acompanhando esses avanços e discutindo o impacto das transformações no mundo do trabalho para sindicatos e profissionais da área.


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DANIEL CORREA RODRIGUES
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