Os efeitos dos celulares nos relacionamentos: uma reflexão necessária
Agenor Santana
19/02/2025 19h43 - Atualizado há 1 dia
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Por Silvia Rezende** No século XXI, os celulares tornaram-se onipresentes em nossas vidas. Em muitos aspectos, eles ajudam a iniciar e manter relacionamentos: proporcionam o encontro de pessoas que têm os mesmos gostos e objetivos, por exemplo, além de permitir que as pessoas olhem nos olhos de familiares e amigos que estão longe e se conectam, independente da distância. No entanto, devemos refletir sobre como este aparelho tecnológico afeta nossas relações interpessoais e, em particular, nossas relações amorosas e matrimoniais. O termo "phubbing", que é quando alguém no meio de uma conversa continua checando seu telefone ou respondendo mensagens, é cada vez mais comum. O que pode parecer uma atividade inofensiva tem um impacto real nos relacionamentos, diminuindo a qualidade das interações pessoais. Estudos apontam que, enquanto os celulares permitem uma conexão fácil, também podem interferir nas conversas cara a cara, causando ressentimento e isolamento emocional. Os casamentos, em especial, estão enfrentando desafios com o uso excessivo de tecnologia. Em um ambiente onde o sono já é comprometido pelos dispositivos eletrônicos, a presença da televisão e dos celulares no quarto do casal só piora a situação. Após um longo dia de atividades esgotantes, o casal se vê incapaz de se reconectar, perdendo momentos de intimidade e diálogo, essenciais para um bom relacionamento. Entretanto, um quarto livre de telas pode transformar-se em um refúgio para conversas essenciais para sustentar uma convivência saudável. Estudos indicam que o uso excessivo de smartphones está associado a uma menor satisfação nos relacionamentos. Uma pesquisa da Kaspersky Lab revelou que 55% dos casais já tiveram discussões devido ao uso excessivo desses dispositivos pelos parceiros. Além disso, 51% dos entrevistados relataram desentendimentos semelhantes durante momentos de convivência, como nas refeições. Além disso, o estudo indica que a distração constante com os celulares está reduzindo significativamente as chances de os casais se considerarem felizes e conectados no casamento. Com base na minha experiência clínica, posso afirmar que a indisponibilidade emocional e a falta de resposta às necessidades do parceiro, resultantes do uso excessivo do celular, causam um declínio na intimidade, afeto e experiências compartilhadas. A conexão emocional entre parceiros está em jogo, à medida que o uso incessante de celulares cria barreiras invisíveis. Com isso, surgem conflitos não resolvidos, discussões importantes e um declínio na qualidade das interações, que são apenas alguns dos riscos que a dependência tecnológica traz aos relacionamentos matrimoniais. Em muitos casos, essa realidade exacerba problemas já existentes, aumentando o risco percebido de divórcio. Saúde mental Tão preocupante como a falta de conexão no relacionamento amoroso é o impacto na saúde mental dos indivíduos envolvidos. O vício em smartphones pode dificultar a manutenção de relacionamentos e atividades sociais, bem como causar problemas de alimentação irregular e distúrbios do sono. Portanto, a convivência com a tecnologia exige um equilíbrio difícil de alcançar, mas absolutamente necessário. A busca por equilíbrio é uma jornada que muitos casais estão trilhando juntos. Estabelecer limites para o tempo de tela, especialmente antes de dormir, e criar momentos livres de celular para fomentar a conexão são passos essenciais. O uso consciente da tecnologia pode permitir que casais mantenham contato durante o dia sem excessos, favorecendo a qualidade do tempo passado juntos em vez da quantidade. A chave está em encontrar um uso equilibrado e consciente da tecnologia, priorizando momentos de conexão real e intimidade entre os parceiros. A reflexão sobre nosso uso diário dos celulares pode ser o primeiro passo para melhorar a qualidade das nossas interações e garantir a saúde dos relacionamentos em um mundo cada vez mais digital. **Silvia Rezende é graduada em Pedagogia e Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo, Silvia possui especialização em Terapia Comportamental Cognitiva em saúde mental pelo Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP). Ela é a coordenadora técnica da Clínica de Psicologia LARES e professora do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. Silvia atua também como psicóloga colaboradora no IPQ HC FMUSP e no Programa de Psiquiatria Social e Cultural (PROSOL), um grupo do Instituto de Psiquiatria da FMUSP. Notícia distribuída pela saladanoticia.com.br. A Plataforma e Veículo não são responsáveis pelo conteúdo publicado, estes são assumidos pelo Autor(a):
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